Flávio Azevedo
O presidente, Jair Bolsonaro; e o ministro da Fazenda, Paulo Guedes; prometem mudar cenários no Brasil. |
O ano era 2017. A Fundação Perseu Abramo, instituição que é ligada ao PT, fez uma pesquisa (Percepções e valores políticos nas periferias de São Paulo) que mostrou resultados interessantes, sobretudo num tempo em que está em alta uma grande choradeira sobre “perdas de direitos” e fortes críticas ao estado liberal. A pesquisa mostrou que a turma que trabalha, produz e realmente faz o Brasil andar, há anos vive numa realidade liberal e está totalmente adaptada a esse cenário.
A verdade é que há muito tempo os menos favorecidos já abriram mão dos tais direitos que o estado diz garantir. Muito antes da reforma trabalhista do governo Temer, inúmeros trabalhadores domésticos migraram para função de diarista (abrindo mão de direitos), por entender que dessa forma sempre teriam trabalho e poderiam cobrar o preço que achassem justo pela sua mão de obra.
Outra questão que merece ser pensada é a informalidade, segmento do mercado que é sustentado por pessoas das classes menos favorecidas que decidiram fugir do desemprego, do salário mínimo e do patrão. Esse grupo é enxergado de duas formas. Eles podem ser chamados de “trabalhadores informais” ou “empreendedores”, depende da visão política do analista. O que essa galera entendeu é que na informalidade eles ganharam poder de negociação e caminhos para ampliar os seus ganhos.
Em sua maioria, o trabalhador informal ou empreendedor, passou a pagar plano de Saúde, por não confiar na Saúde Pública. Muitos abriram mão da escola pública e matricularam os filhos em escolas privadas, por igual razão. A percepção da maior parte dessas pessoas é que além de estarem ganhando mais dinheiro sendo os seus próprios patrões, eles passaram a ter acesso a bens de consumo, serviços e equipamentos até então considerados “coisa de rico”.
Então quem está reclamando das reformas, se a maior parte dos trabalhadores das classes menos favorecidas já assimilou que o liberalismo é mais lucrativo? Por incrível que possa parecer é a classe média alta, que tem seus ganhos atrelados a máquina governamental. Mas não é qualquer servidor público. Não estamos falando aqui de funcionários de Prefeituras quebradas Brasil a fora. Estamos falando de luma galerinha que tem poder de lobby, a maior parte oriundos dos poderes Judiciário e Legislativo federal.
Um segmento, que eu chamo de nobreza, nos últimos 40 anos foi presenteado com o “direito” de incorporar aos seus rendimentos, inúmeras vantagens e penduricalhos que formaram salários astronômicos. Esses altos salários drenam dos cofres públicos os recursos que deveriam ser destinados a Saúde, Educação e Segurança daqueles migraram para a informalidade ou empreendedorismo, para conseguir sobreviver.
Conseguirá o novo governo mexer nessa engrenagem macabra e perversa? Não sei! Mas o cenário é esse! #flavioazevedo
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