Flávio Azevedo
Em 2016, por ocasião da última eleição municipal, eu percebi que as pessoas não enxergam a corrida pela Prefeitura e pela Câmara Municipal com o mesmo olhar. Notei que ao escolher o prefeito, o indivíduo tem exigências que não usa para escolher o vereador. Não sei se por ignorância ou conveniência, mas é nítido que as pessoas entendem o cargo de chefe do Executivo como algo superior ao cargo de integrante do poder Legislativo.
Eu vi gente que exigia seriedade, honestidade e espírito público dos candidatos a prefeito, que sem nenhuma cerimônia ou constrangimento vendia o voto e/ou trocava o espaço do vidro traseiro do carro por combustível. Eu era candidato a vereador, tinha que pedir votos, mas o faro de jornalista falou mais alto e dediquei boa parte do meu tempo de campanha para estudar esse comportamento. Percebi que eu precisava de mais uma eleição para concluir o meu estudo e confirmar minhas impressões.
Pensei que seria na outra eleição municipal que eu terminaria o meu estudo, mas me enganei. Na atual eleição nacional foi possível retomar a pesquisa e sem medo de errar afirmar que as pessoas não olham para a corrida pelo poder Executivo com a mesma lente que olham quem busca os cargos do poder Legislativo.
Estou vendo gente consciente que está estudando os candidatos à presidência da República. Vejo pessoas integras que buscam a melhor opção para governar o Rio de Janeiro, mas que ao mesmo tempo lutam para figurar na lista de ajudadores do candidato a deputado que paga R$ 75,00 de combustível por semana em troca de adesivo colado no vidro traseiro do carro.
Eu tenho encontrado pessoas que decidiram votar em Bolsonaro, segundo elas, por estarem revoltadas e entenderem que “precisa mudar essa porra toda”. Todavia, eles estão votando naquele deputado que arrumou para ele, para a mulher e para o filho, um contrato de trabalho em determinado município. Gente que resolveu votar no “Novo Amoedo”, mas está gerenciando lista de compra de votos para certos candidatos.
Minha gente, a primeira pesquisa está fechada. É nítido que as pessoas enxergam os cargos do Executivo e do Legislativo através de lentes diferentes. Também é nítido o pensamento de que “precisa mudar essa porra toda” (é a frase que mais ouço). O que o revoltado não consegue enxergar é que para o presidente ou governador promover mudanças é preciso contar com os deputados. E por que o revoltado não enxerga isso? Preguiça de pensar? Porque não quer abrir mão dos maus usos e costumes? Por desorientação social? Por esquizofrenia política? Por que será?
De uma coisa eu tenho certeza: para chegar a essas respostas eu terei que seguir minha pesquisa em 2020, porque 2018 será pequeno para isso. Tomara que daqui dois anos os revoltados estejam menos bobos e mais esclarecidos! Vamos em frente!
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