Flávio Azevedo
O RJTV trouxe nesse sábado (18/08) notícias sobre uma delação de Carlos Miranda, um dos operadores financeiros e de campanha do ex-governador, Sérgio Cabral. A reportagem noticia uma série de repasses frutos de propina para a campanha de deputados da base do governo Cabral. Também revela repasses para quem deu apoio ao deputado federal, Marco Antonio Cabral; filho do ex-governador e em campanha em 2014. A matéria também fala de recursos de origem similar (propina) irrigando as contas de campanha do ex-prefeito, Eduardo Paes; atualmente candidato a governador.
Diante da cara de espanto e das centenas de mensagens que estou recebendo sobre o assunto, eu pergunto: “então você não sabia disso?”. Você achava mesmo que aquele “dinheiro do partido” que os candidatos dizem estar esperando para pagar cesta básica; dentadura; remédio; exame; material de campanha; dias de serviço dos “voluntários”, que atuaram segurando placa e bandeira; combustível em troca de adesivo do candidato no carro; a quentinha servida durante essas atividades; o lanche oferecido nas reuniões políticas na casa de cabo eleitorais... Você achava mesmo que o político pagava tudo isso com dinheiro do bolso dele?
Ah vai se catar! Em que planeta você vive? Não é possível que você ache que a grana que move a ciranda política cai do céu! Ou você está entre os idiotas que pensam que o politico tem um “pé de dinheiro” no quintal da casa dele? A roubalheira dos políticos não existe apenas porque ele é corrupto! A roubalheira dos políticos existe, porque nós eleitores também somos picaretas! Nós prostituímos o nosso voto! Você é desses que está achando feio o deputado ter pegado R$ 1,5 milhão em troca de apoio? E os R$ 50,00 que nós pegamos em troca do voto? E o combustível trocado por adesivo no carro?
O país não melhora, porque nós só enxergamos o defeito dos outros. Porque queremos mudanças apenas para o outro. Os nossos erros, por vezes bem mais cabeludos, nós tentamos justificar. Já ouvi gente dizendo que “a política é um câncer”. Errado! O Brasil realmente está doente e o câncer é a sociedade e nossas práticas egoístas e mesquinhas. O nosso falso puritanismo é a desgraça que está desgraçando o Brasil.
O alcoólatra só alcança a sobriedade, quando reconhece que é doente e fraco diante do álcool. A irmandade dos Alcoólicos Anônimos só consegue algum efeito sobre esse alcoólatra, quando a pessoa reconhece sua fraqueza. Algo similar acontece com a corrupção. Só alcançaremos a sobriedade dos países que são orientados pela ética e pela honestidade, quando reconhecermos que todos nós somos picaretas e não apenas os políticos.
Mas no Brasil a moda é transferir responsabilidade. É menos doloroso para a sociedade doente e torna a crítica mais palatável e simpática. Assim sendo, na maior cara de pau, nós seguimos culpando unicamente os políticos pelas mazelas criadas por todos nós!
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