Flávio Azevedo
Uma decisão da 7ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, no último 07/08, proibiu em território nacional o uso dos agrotóxicos, Abamectina, Glifosato e Tiram. Segundo a juíza que proferiu a ordem “está mais que suficientemente demonstrada a toxidade desses produtos para a saúde humana”, não restando dúvidas à necessidade da proibição. A conclusão judicial vem embasada por inúmeros estudos que apontam a alta nocividade destes agentes químicos.
De acordo com a decisão, produtos já licenciados devem ser retirados do mercado em até 30 dias; e novas licenças estão suspensas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem prazo até o fim de 2018 para concluir reavaliação toxicológica. A decisão ainda pode ser revertida, mas já representa uma grande vitória de quem defende a vida, a Saúde e o Meio Ambiente.
O glifosato é o agrotóxico mais utilizado no Brasil, em especial por produtores de soja. Não por acaso o ministro da Agricultura, Blairo Maggi; um dos barões da soja, atualmente está movendo céus e terra para reverter a decisão que é de primeira instância e pode ser revertida por instâncias superiores.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi. |
Contra o ministro e a favor da decisão judicial está o resultado de pesquisas promovidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Todas essas instituições apontam os malefícios da substância e são unanimes em afirmar que o glifosato causa câncer.
A principal produtora do glifosato é a Monsanto, que vende o produto sob o rótulo “Roundup”. A empresa de venenos foi recentemente comprada pela Bayer, que originalmente produz medicamentos, mas agora esta no ramo da criação de doenças.
Apesar de todas as campanhas e constatações existentes em âmbito mundial contra o glifosato, o ministro Blairo Maggi afirmou, na última quinta-feira (16/08), num evento no Rio de Janeiro, que “uma proibição definitiva do uso de glifosato no Brasil seria um desastre para a Agricultura do país, um dos maiores produtores de alimentos do mundo”. Para o ministro, as críticas ao glifosato não têm fundamento e soam como “lenda urbana”.
Apesar da gravidade e importância do assunto, nenhum dos candidatos a presidente da República tratou do assunto e tão pouco foram perguntados sobre o tema, o que demonstra um desinteresse geral sobre a questão dos venenos que são colocados diariamente no prato do brasileiro.
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