Flávio Azevedo
O presidenciável, Jair Bolsonaro no estúdio da Globo News durante sabatina. |
“Globo News e Bolsonaro dão vexame e morrem abraçados diante do público”. Essa deveria ser a manchete para noticiar a entrevista do presidenciável Jair Bolsonaro à Globo News na noite dessa sexta-feira (03/08). Visivelmente despreparado para falar de Economia e/ou qualquer outro assunto, Bolsonaro perdia de 7x1 até a hora que mencionou o famoso editorial de Roberto Marinho, fundador das Organizações Globo e parceiro do governo militar. Em 1984 o chefe do clã Marinho assumiu ter apoiado a ditadura para defender as famílias e as instituições brasileiras.
A entrevista foi um jogo de xadrez. Ninguém estava ali para ser entrevistado ou entrevistar. Era nítido o clima de duelo entre entrevistadores e entrevistados. Quem acompanhou o confronto sabia que dessa entrevista sairiam os principais ‘memes’ e piadas desse fim de semana. Não deu outra!
Desconcertados com a menção do saudoso patrão, os jornalistas balançaram e ainda viram Bolsonaro acusar um dos entrevistadores de receber seus ganhos pelo artifício Pessoa Jurídica (PJ), uma estratégia criada para engordar salários e fazer empregador e empregado fugir dos impostos. Deselegante da parte do Bolsonaro? Sim, mas como a entrevista estava mais para duelo está valendo e ninguém ousou desmentir a revelação sobre o PJ.
Quando parecia que Bolsonaro sairia derrotado da batalha, porque ao terminar a entrevista o estúdio seguia no ar e por isso foi possível ouvi-lo no seu melhor estilo falastrão dizer que entre os entrevistadores pelo menos dois seriam seus ministros e dizer também, que daria um “abraço hétero” em Fernando Gabeira; a direção da Globo News decidiu soltar uma nota improvisada e constrangedora, sobretudo para Mirian Leitão, que soletrou uma resposta sem sentido que alguém ditava pelo ponto eletrônico.
Está muito nítido que Bolsonaro incomoda os objetivos das Organizações Globo. Sua declaração citando Roberto Marinho cutucou a onça. Quando decidiu arrumar uma explicação para o ‘batom na cueca’ Roberto Marinho (a declaração de apoio a ditadura mencionada por Bolsonaro), o correto seria abstrair, fingir demência e mostrar que Bolsonaro é apenas um falastrão deslumbrado. Mas não... Estamos falando das Organizações Globo. A toda poderosa tinha que responder e por conta de dois dos seus principais defeitos, que também são defeitos do Bolsonaro (prepotência e arrogância) acabou dançando diante da opinião pública.
E por que Bolsonaro e Organizações Globo têm o mesmo defeito? Por que são produtos do mesmo criador: o governo militar! São irmãos, têm o mesmo DNA e ignoram isso. Seguiremos acompanhando essa guerra!
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