segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Mais um Decreto estrábico e sem pé nem cabeça

Flávio Azevedo
Ser gestor público não é tarefa fácil! A condição de analista e crítico é muito mais confortável. Todavia, depois de analisar as muitas manifestações de uma série de pessoas por conta do Decreto do prefeito de Rio Bonito, que volta a interferir na vida das pessoas com a pretensão de frear o avanço do Corona Vírus, o que se percebe é que três iniciativas primordiais para esse momento estão sendo ignoradas: a testagem da população, uma atenção especial ao que está sendo feito em municípios Brasil a fora que estão conseguindo manter a doença sobre controle e a comunicação direta com o cidadão.

É nítido que todos irão se contaminar, afinal de contas todos ficamos nós gripamos todos os anos, sobretudo quem está em constante contato com o público. É unanime o entendimento de que as pessoas com imunidade alta e que não tenham doenças crônicas passarão com maior tranquilidade pelo vale da Covid-19.
Desde o mês de março Rio Bonito viu os cenários que apareciam na televisão se materializarem em seu território. O que foi feito de lá para cá a título de futuro e prevenção? Os respiradores e equipamentos instalados no Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV) tem a pretensão de cuidar do hoje, do agora. E o futuro? 

Sou técnico de Enfermagem, exerci essa atividade durante 15 anos e durante esse tempo eu desenvolvi o entendimento de que tanto as autoridades quanto a sociedade enxergam a Saúde como um grande pronto socorro. O sujeito só procura o médico quando está morrendo. O analista e o psicólogo só são procurados quando o sujeito surta. A pessoa só vai ao dentista quando o dente dói. Eu chamo isso de “Síndrome do Pronto Socorro” setor da Saúde que ameniza os sintomas e não as causas.

Junto das iniciativas de tratamento dos infectados nós não vimos medidas de médio e longo prazo serem tomadas pelas autoridades. Muita briga por verba, compras equivocadas, valores suspeitos, disse me disse, campanha política em meio aos debates sobre Saúde e nada de teste e nada de consultar as estratégias que estão sendo promovidas em municípios que tem número de moradores igual Rio Bonito, às vezes, orçamento menor, mas estão conseguindo controlar os casos.

No primeiro mês da pandemia as pessoas ficaram em casa, quase toda população respeitou a quarentena e saiam somente para fazer o necessário. Todavia, o bate cabeça das autoridades, as notícias de leitos hospitalares com estrado de madeira, respiradores sucateados, tora no meio da rua, hospital de campanha que não abriu etc., fez com que as pessoas ignorassem os protocolos e saíssem para as suas atividades, porque enquanto quem governa batia cabeça e fazia política nociva, a comida na mesa e o dinheiro no bolso do povo começou a faltar.

Estamos em agosto e cinco meses depois ainda não vimos efetivamente os “especialistas” e entendedores do tema dialogar sobre futuro, testagem e protocolos preventivos. O que se percebe é que esperam o Ministério da Saúde, esperam a Secretária Estadual de Saúde, como quem espera um milagre. Curiosamente, essa não é a postura dos municípios que estão conseguindo enfrentar com resultados positivos o maldito Corona Vírus. 

Penso que já temos aparelhamento suficiente no HRDV para atender o agora, por isso precisamos evoluir esse debate com o olhar no futuro, sobretudo discutindo a testagem da população, o que permitirá a criação de protocolos preventivos, implantação de iniciativas profiláticas efetivas e a adoção de medidas que uniformizem o comportamento do povo que não se restrinjam ao cansativo, e até agora inoperante, “fique em casa”. Vamos em frente! #flavioazevedo

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