quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Casal Garotinho volta a ser preso, agora, por roubalheira com a Odebrecht

Flávio Azevedo
O ex-governador Garotinho sendo levado pelos agentes da operação.
A prisão preventiva do casal Anthony e Rosinha Garotinho, ex-governadores do Rio de Janeiro, foi pedida por risco de alguma interferência de ambos nas investigações. De acordo com o MPRJ, a medida se fez necessária porque eles têm "poder dissuasório" em Campos dos Goytacazes, Norte Fluminense. Ambos foram prefeitos da cidade. O casal foi preso nesta terça-feira (03/09), em uma investigação sobre suposto pagamento de propina e superfaturamento na construção de casas populares em Campos.

Como de praxe a defesa dos ex-governadores nega as acusações, diz que a prisão é ilegal e infundada e afirma que vai recorrer da decisão. A promotora Simone Sibilio, coordenadora do Gaeco, disse que "é notório o poder dissuasório que os dois réus possuem no município de Campos". Ela informou ainda que a prisão obedece ao que ela chamou de “conveniência da instrução criminal”. Segundo ela, Garotinho e Rosinha “podem fazer ameaça” a testemunhas.

A promotora de Justiça Ludmila Bissonho Rodrigues explicou, durante coletiva de imprensa, como era a participação do casal Garotinho no esquema criminoso. Segundo ela, havia um setor destinado a fazer pagamentos indevidos. Garotinho aparecia nas planilhas da Odebrecht como Bolinha, Bolinho e Pescador.

Segundo a denúncia, em maio de 2008, antes da primeira gestão de Rosinha à frente da prefeitura de Campos, Anthony Garotinho se reuniu com executivos da Odebrecht. O objetivo era “solicitar o pagamento de elevada quantia em espécie, sob o pretexto de doações para campanha de Rosinha à Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes”

Em troca, Garotinho, de acordo com o documento, teria garantido que a Odebrecht seria contratada para construir 10 mil casas populares em Campos. A promessa foi cumprida: no dia 1 de outubro de 2009, já com Rosinha como prefeita, o contrato foi celebrado para a construção de 5,1 mil casas. O valor inicial estipulado era de R$ 357,9 milhões. Outros R$ 147 milhões em aditivos seriam pagos, totalizando R$ 504 milhões para o primeiro condomínio do programa “Morar Feliz”.

No condomínio Morar Feliz 2, foram R$476,5 milhões, somados a outros R$ 34 milhões em aditivos, deixando o valor em R$ 510 milhões. O valor das licitações dos dois condomínios ultrapassa, portanto, R$ 1 bilhão. “No que ficou apurado, a solicitação das vantagens para a Odebrecht se dava em benefício de Anthony e Rosinha. Os outros três denunciados figuravam como intermediários desse recebimento, dessas quantias indevidas”, disse Ludmila.

Fonte: G1

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