Flávio Azevedo
O sujeito que inventou essa arte crítica e cretina com uma provocação as campanhas eleitorais que se aproximam está certamente entre aqueles que criticam os políticos e a política por modismo. Na verdade é mais um desses que ouve uma tolice, acha engraçado e sai repetindo. Eu sei da existência de muita gente que torce o nariz para as minhas observações e reflexões sobre temas dessa natureza, exatamente por eu não embarcar no cinismo que é muito peculiar a esse tipo de assunto.
Essa arte, que está sendo amplamente divulgada nas mídias sociais, diz que “vai começar o tempo da caça ao pobre” e enumera uma série de ações que os políticos fazem com os eleitores a título de ser percebido como popular. A ideia desse material é debochar do que eu classifico como “sensacionalismo político”.
Mas por que eu rotulo como hipócrita uma arte tão real e irreverente? Por que as pessoas que não são dadas ao tal “sensacionalismo político” geralmente são duramente criticadas. Você e eu conhecemos inúmeros bons políticos que foram preteridos porque eram “pessoas muito secas”. É claro que você já ouviu o eleitor dizendo que “Fulano é gente boa, tem ótimas propostas, certamente daria boa contribuição para o município, mas é muito sem sal, muito seco, muito fechado”. Você se lembra disso? Quantas vezes você mesmo repetiu essa tolice?
E aí está a hipocrisia! Quando o político não é babão e farsante (aquela simpatia irritante e constante, aquele sujeito que chega ser chato de tão agradável) ele é criticado por ser “muito seco”. Todavia, quando os caras agem com sensacionalismo político (chora, beija, cheira o cangote, abraça, toma cafezinho, está em tudo quanto é enterro, cadeia, igreja, festinha etc.), ele também é criticado.
Afinal de contas, o que deseja o eleitorado? Um político sério, preocupado em criar projetos que beneficiem a coletividade ou essa gente que fica de nhenhenhém, de chororô, de beijoca e no fundo são tremendos picaretas? É uma situação irritante e se prolonga, porque as pessoas ficam receosas de falar o que precisa ser dito.
Se você é desses que gosta do político mela cueca, beleza! Então não critique os caçadores de pobres! E se você está entre aqueles que classificam como absurda a caça ao pobre, por favor, pare de repetir esse mantra babaca de que “Fulano é muito seco!”, “Beltrano anda de carro com o vidro fechado!” (um calor desgraçado e o cara tem que andar com o vidro aberto para bater a mão pros outros), “Sicrano não fala com ninguém!”, “cadê Trajano na rua, na festa, no forró?”... Chega de hipocrisia minha gente!
O pior é que essa lógica tem norteado o destino dos votos e isso tem trazido prejuízos incomensuráveis ao cenário político, que acaba sendo povoado por falsos bonzinhos e verdadeiros picaretas! Vamos em frente! #flavioazevedo
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