quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Uma sociedade picareta produz políticos picaretas

Flávio Azevedo
Reportagem mostra conteúdo da conversa da assessora do deputado Marcos Abrahão. Nitidamente ela está assustada com a postura do eleitorado.
Outra vez o deputado Marcos Abrahão (Avante) foi notícia na grande mídia. Na 2ª edição do RJTV, dessa terça-feira (27/11). Uma reportagem revela o que aqui em Rio Bonito nós sempre soubemos: a metalúrgica Metal Bonito, antiga Imebra, localizada na Praça Cruzeiro, é do deputado. Só não sabíamos que estava em nome de laranja (essa é a única novidade da matéria). Os ilícitos praticados pelo deputado riobonitense e apontados e investigados na Operação Furna da Onça; são cristalinos. Somente quem é devoto dele (devoto é diferente de eleitor e amigo) não aceita a realidade dos fatos.

Todavia, nessa hora é importante refletir sobre o que diz Alcione Chafim, uma das assessoras de Marcos Abrahão. Num dos muitos telefonemas gravados na investigação, exposto noutra conversa gravada, ela diz: “ninguém está observando trabalho não. As pessoas estão indo atrás de dinheiro!”.

O que Alcione está dizendo é que o eleitorado está cagando para o político que se mostra ético, correto, honesto, decente e que cumpre as atribuições para as quais foi eleito. O que realmente buscamos é o político picareta, o cara que distribui dinheiro e benesses.
Se o deputado Marcos Abrahão estivesse usando o seu mandato para aumentar o policiamento em nossa cidade e Região, uma atribuição do estado; se ele estivesse usando a sua influência para recuperar a ponte que liga Boa Esperança a Nova Cidade, porque aquela é uma estrada estadual; se o deputado estivesse lutando contra a ViaLagos, no caso dos retornos e da estrada obstruída entre Jacundá e Mineiros; se ele estivesse empenhado em recuperar os R$ 22 milhões que o estado deve a Prefeitura (só de repasses para Saúde); se sua dedicação fosse buscar um Detran moderno para a nossa cidade, na área que já foi cedida pela Prefeitura no Condomínio Industrial; se o empenho dele fosse melhorar as escolas estaduais e não permitir que a Secretaria Estadual de Educação fechasse turmas em várias unidades, entre elas o Colégio Estadual José Matoso Maia Forte; isso para falar somente das demandas de Rio Bonito, certamente ele não teria tempo de cometer ilícitos, mas dificilmente estaria eleito para cumprir o seu quinto mandato na Alerj.

Como bem disse Alcione Chafim, não estamos preocupados com trabalho, queremos dinheiro. O que o deputado fez é crime e as provas são robustas, mas vamos largar a hipocrisia de lado, porque boa parte da picaretagem praticada pelos políticos é para atender eleitor vagabundo que prostitui o voto.

Esse texto não tem a pretensão de defender ou inocentar o deputado, porque as picaretagens que ele praticou estão claras. Eu não votei no deputado, ele nunca foi meu candidato a prefeito e há bastante tempo ele não me representa. Apenas quero mostrar nessas reflexões (que o deputado diz ser um dos meus defeitos), que a sociedade também é picareta e os picaretas estão em maioria. Essa conversa de mudança está apenas no campo virtual. Sobretudo em âmbito municipal, o escambo eleitoral, a compra de votos, a prostituição eleitoral e a picaretagem; ainda vão demorar muito para acabar e por culpa exclusivamente nossa.

Queremos honestidade e cadeia para os outros, mas eu quero continuar com as bandalheiras e me dando bem sempre! Essa equação não fecha. O político só será honesto o dia que a sociedade for honesta!

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