terça-feira, 14 de janeiro de 2020

O motivo dos históricos alagamentos em bairros e localidades de Rio Bonito/RJ

Flávio Azevedo
As quatro localidades que foram impactadas com alagamentos nessa segunda-feira (13/01), em Rio Bonito; acabam sendo vítimas da inoperância administrativa do município. Alguns problemas se arrastam há cerca de 60 anos. Que choveu acima do que esperado nós sabemos e ninguém discute isso. Todavia, é nítido que as localidades não foram preparadas para as tradicionais chuvas de verão. Ou os governantes não sabem que no verão nós temos esses episódios climáticos? Sei que alguns têm pouco estudo, mas não precisa ser doutor para entender que nos territórios tropicais, sobretudo os trechos de serras e montanhas recebem muita chuva no verão.
Alagamento no bairro Sambê.
É preciso também contextualizar cada localidade de acordo com sua geografia e características. O Sambê era uma área alagada e pantanosa antes das obras da BR – 101 na segunda metade dos anos 60. Quando a rodovia foi construída esgotou-se a água “empanturrada” do trecho que se estendia de Rio do Ouro até o Caxito, em Silva Jardim. Entretanto, quando chove forte e água sobe ela retorna aos lugares onde ela já esteve e isso só não irá acontecer se houver obras de drenagem significativa na localidade. A água não quer saber se no trajeto que naturalmente é dela têm moradias, escola, hospital, aeroporto, igreja e campo de futebol. Ela vai passar. O curioso é que em 60 anos não conseguiram fazer o mínimo para amenizar essa característica da localidade. 

Inoperância similar enfrenta a localidade de Cambucás, também chamada de “Rato Molhado”, apelido que retrata o que acontece no período de cheias. A água sobe, invade o ninho e furna das ratazanas e os roedores saem molhados de suas tocas para não morrerem afogados. No caso de Cambucás, aquele local sempre encheu por conta da água que represa numa curva na altura da Cerâmica do Basílio, no trecho próximo a ponte. O que fizeram em 50 anos? Nada!
O desvio feito na estrada que liga Boa Esperança a Nova Cidade há quatro anos.
Quanto a RJ – 55, estrada que liga Boa Esperança a Nova Cidade, o problema é novo. Tudo começou em 29/02/2016, quando uma cabeça d’água atingiu o 2º Distrito de Rio Bonito. A força da água danificou a ponte e um desvio provisório, por dentro pasto, por acaso, o caminho da água, foi construído. O problema é que o provisório virou fixo e depois de quatro anos tudo segue como dantes no Quartel de Abrantes. 

Vale ressaltar que a estrada é estadual, responsabilidade do governador. A falha do prefeito e dos vereadores consiste unicamente em não demonstrarem força e representatividade política para apertar o saco do governador e deputados estaduais para que o problema seja resolvido. Não é possível que o estado esteja tão quebrado que não consiga recuperar um pontilhão. Isso mesmo! A galeria de metal instalada ali nos anos 90 enferrujou. Por isso a força da água acabou empurrando a ponte.
Na Estrada da Granja, também conhecida como Estrada de Lagoa Verde, vale acrescentar que o trecho que se estende da Escola Municipal Raulbino Mesquita, no Parque Indiano, até o Hotel Indiano, exatamente na entrada da Estrada da Granja, sempre foi um charco. Há 40 anos os primeiros moradores cobravam da Prefeitura investimento em drenagem naquele local. O mínimo foi feito e a situação foi amenizada. Hoje, porém, quando chove forte e a água sobe, a rede de esgoto tem dificuldade de escoar a água. Se somarmos esse cenário histórico ao desleixo humano (o lixo despejado em qualquer lugar acaba obstruindo a rede) e a distribuição precária de caixas coletoras e bocas de lobo, o alagamento é inevitável.

Em resumo, a chuva forte e a água que chega com volume acima do esperado, é alguém que não pode ser apontado como situação ou oposição a esse ou aquele governo. Todavia, a chuva involuntariamente aponta o dedo para todos que governaram Rio Bonito nos últimos 50 anos e os chama de desinteressados e displicentes no trato de questões estruturais que acabam por impactar a qualidade de vida das pessoas. Caso o mínimo fosse feito com regularidade nos últimos 50 anos, certamente essas localidades estariam muito mais bem estruturadas para absolver os impactos climáticos naturais a nossa Região. Vamos em frente! #flavioazevedo

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