domingo, 12 de janeiro de 2020

A Lei de Incorporação é o Plano de Cargos e Salários da Prefeitura de Rio Bonito

Flávio Azevedo
Começamos destacando que o Plano de Cargos e Salários da Prefeitura já existe e os prefeitos usam esse mecanismo o tempo todo. O Plano de Cargos e Salário é a “Lei de Incorporação” que permite o presenteado com cargos comissionados e cargos de confiança, a cada ano trabalhado, incorporar 10% dos vencimentos do cargo ao salário mixuruca que ele ganha.

Por conta do salário de fome que a Prefeitura paga ao servidor municipal de Rio Bonito, a Lei de Incorporação é um sonho que permite melhorar significativamente os rendimentos daqueles que são agraciados com cargos pelo prefeito (a). Diante dessa possibilidade quase todo servidor municipal quer entrar nesse seleto grupo que é escolhido a dedo pelo monarca. Isso mesmo, em Rio Bonito o prefeito se comporta como monarca e a maior parte dos servidores, por conta da Lei de Incorporação, se comporta como súdito. Pra você ter uma ideia tem gente que ganhava salário mínimo e, hoje, recebe R$ 5 mil, R$ 8 mil, R$10 mil e muito mais.

É claro que os prefeitos oferecem esse Plano de Cargos e Salário (nomeação para poder incorporar) a quem se sujeitará a puxar o saco, se portar como devoto e terá coragem de defender o indefensável. Aliás, gritar “vamu que vamu” e “cada vez melhor” nos comícios e nas redes sociais, enquanto a cidade está se deteriorando também dá ao servidor que tem essa cara de pau o status de alguém que pode ser contemplado com uma nomeação (veja que o critério competência inexiste nessa relação promíscua).

Acrescento que essa situação (ganhar um cargo) estimula o beneficiado a propagandear o monarca como um grande governante, quando na verdade é um tremendo picareta. O silêncio diante de demandas urgentes ocorre diante da perspectiva que o servidor tem de ser beneficiado a qualquer momento com o “Plano de Cargos e Salários” que dará a ele a possibilidade de incorporar uns caraminguás ao salário de fome. Aqui nós descobrimos porque o servidor não recebe aumento salarial, porque a ideia é deixar o rendimento defasado para que todos queiram melhorar os proventos através de uma nomeação que é condicionada ao puxasaquismo.

A Lei de Incorporação funciona como mordaça e enforcador (aquele que é usado para adestrar cães) de pensamentos e espíritos aguerridos. Partindo da premissa que estamos numa cidade interiorana, onde todo mundo é parente e as pessoas se preocupam com “o que estão pensando daquilo que eu penso”, a Lei de Incorporação é uma ferramenta e tanto para consolidar no poder gente sem compromisso com a coletividade e pessoas que governam para sua patota.

Os argumentos românticos que circulam nas redes sociais, somados aos conceitos e realidades expostos aqui, certamente darão as pessoas, servidores ou não, a noção da complexidade que é se movimentar em Rio Bonito para reivindicar e/ou pleitear alguma coisa. No fundo, independente do nível cultural e de formação do indivíduo, o servidor segue no ritmo do forró de Dominguinhos: “Olha, que isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais, olha, quem tá fora quer entrar, mas quem tá dentro não sai”. 

Dias atrás, nas redes sociais o vereador Humberto Belgues comentou que a Lei de Incorporação caiu com a reforma da previdência aprovada no Congresso Nacional em 2019. É uma realidade, mas para ela realmente perder os seus efeitos depende da aprovação da PEC paralela, que alcança os estados e municípios, excluídos da reforma da previdência já aprovada. Aqui cabe, porém, cabe uma pergunta clássica: os políticos abrirão mão dessa eficiente ferramenta de adestramento?

Por último e não menos importante, eu faço outro questionamento, mais um daqueles que fazem as pessoas ter antipatia do Flávio Azevedo, porque expõe a malandragem das pessoas: será que o servidor municipal quer que a lei de incorporação acabe? Será? Eu tenho minhas dúvidas, mas vamos em frente! #flavioazevedo

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