Flávio Azevedo
O presidente do STF, Dias Toffoli. |
Em outubro de 2016, cinco dias antes das eleições municipais, o desembargador Siro Darlan; numa madrugada, durante o plantão Judiciário, tomou uma decisão que interferiu diretamente no resultado das eleições no município de Rio Bonito. Ele deu uma liminar picareta que permitiu um candidato com contas reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado e Câmara Municipal participar daquele pleito. Esse fato já figura na história de Rio Bonito como uma das maiores picaretagens da nossa história.
Pois bem, no melhor estilo Siro Darlan, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli; tomou ontem uma decisão picareta, mas que está repleta de ruídos e embaçada pela cegueira ideológica dos defensores da esquerda e da direita. Por conta do olho no próprio umbigo, muita gente não está conseguindo perceber o que está em jogo, a gravidade dos fatos e os reais objetivos.
A decisão de Toffoli responde um pedido do senador, Flávio Bolsonaro; que ingressou no STF com pedido de suspensão das investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre Fabrício Queiroz, aquele sujeito que atuava como seu chefe de gabinete, no período que ele era deputado estadual. Está nítido que o Queiroz era um testa de ferro do então deputado e que ele tinha a responsabilidade de recolher a devolução de parte dos salários das pessoas que atuavam no gabinete, prática picareta, porém, corriqueira em todas as esferas da política.
Parte da moçada da direita, sobretudo os torcedores do presidente Bolsonaro, afirma que o real propósito do ministro, Dias Toffoli; é estancar as supostas investigações sobre as movimentações financeiras do ativista e jornalista, Glenn Greenwald; que comanda o site Intercepet Brasil, veículo que nas últimas semanas tem divulgado diálogos raqueados entre o então juiz Sérgio Moro e o procurador, Deltan Dallagnol; chefe da força tarefa da Operação Lava Jato.
O desembargador do TJRJ, Siro Darlan |
Eu, porem, tenho uma visão muito mais abrangente sobre essa decisão do ministro, Dia Toffoli. Parafraseando aquele ex-presidente, eu acrescento que “nunca na história desse país” se prendeu tanto rico, tanto empresário, tanto empreiteiro, tanto banqueiro e tanta gente influente e poderosa. No âmbito da Operação Lava Jato ou fora dela, a lista de prisões e de gente processada é considerável. Junte a esse pacote o instituto da delação premiada, ferramenta fundamental para alcançar os vagabundos ricos que estão presos e que serão presos em breve.
Anos atrás o ex-senador, Romero Jucá; em conversa interna com o seu grupo político, ao falar da Operação Lava Jato disse que seria necessário “estancar essa sangria”. Minha gente, nós focamos muito a corrupção política, mas é bom saber que as outras modalidades de crime também estão sendo muito combatidas. Ao contrário do que a grande mídia noticia, nunca houve tanta pressão contra o tráfico de drogas, de muamba, de armas e de pessoas. Sem falar na boa e velha lavagem de dinheiro, prática que movimenta consideravelmente a economia de estados, municípios e do país de maneira geral.
Ao contrário do que pensam os simpatizantes do Bolsonaro ou daqueles que não gostam do presidente, a decisão do ministro Dias Toffoli tem a pretensão de atender um projeto muito mais abrangente. Ele não quer responder o pedido de Flávio Bolsonaro coisa nenhuma; e tão pouco está querendo frear as possíveis investigações que estejam pesquisando a vida do Gleen Greenwald.
O tráfico de drogas é uma multinacional que movimenta bilhões mundo a fora e nunca terá como donos meninos sem futuro e meia dúzia de policiais corruptos. |
Há anos eu venho falando e escrevendo sobre os verdadeiros “donos do crime”. Aproveito para relembrar: está muito enganado quem pensa que o dono do tráfico é aquele moleque canela russa, sem estudo e perspectiva que transita nas vielas e becos das favelas. Também está enganado quem pensa que polícias sem saúde e perspectiva sejam os donos da milícia. Quem manda nessa bagaça são pessoas que estão encasteladas nas coberturas suntuosas de endereços paradisíacos. Dias atrás eu escrevi que o crime pertence verdadeiramente a pessoas que estão inseridas na política, no meio militar e no universo do judiciário.
Esse bafafá político com os nomes, Queiroz, Gleen, Bolsonaro, Moro, Deltan, Jean Wyllys e tantos outros; não passa de cortina de fumaça que pretende apenas distrair o brasileiro médio que por natureza é romântico e desinformado pelos veículos de informação. A canetada do Dias Toffoli serve a um propósito muito maior, muito mais significativo e o que querem é exatamente que você fique prestando atenção nessa conversa de comadres que transformaram a política nacional nos últimos anos e ignore o que os “donos do crime” estão querendo fazer para recuperar o ambiente favorável de antes.
Vamos em frente! #flavioazevedo
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