Câmara Municipal de Rio Bonito promulga lei que proíbe construção de barragem no município

Flávio Azevedo

O vereador de Rio Bonito, Cláudio Fonseca de Moraes (PR).

A Câmara Municipal de Rio Bonito promulgou o Projeto de Lei do vereador Cláudio Fonseca de Moraes, o Claudinho do Bumbum Lanches (PR); que veda a construção de barragem no município. A iniciativa do parlamentar surge a partir da ideia de se construir uma barragem entre os municípios de Rio Bonito e Tanguá, captando água de Tomascar para irrigar o município de Maricá. O investimento da ordem de R$ 250 milhões prevê o alagamento de uma área de 500 hectares. O projeto da barragem nasceu ainda na gestão Luiz Fernando Pezão numa parceria entre governo do estado e Prefeitura de Maricá.

– Os defensores dessa ideia devem estar se esquecendo das famílias que moram naquele trecho. As coisas acontecem muito rápido e num momento que a palavra barragem nos assusta por conta dos acontecimentos em Brumadinho/MG. Naquele trecho nós temos muitas pessoas que dependem daquelas terras para sobreviver, vem passando de pai para filho e não vai ser indenização que vai resolver a questão, porque como vão sobreviver no futuro? – pergunta o vereador.

Segundo reportagem publicada em junho de 2018, no site da Prefeitura de Maricá, com a construção da barragem, obra que deve ser finalizada em dois anos e meio, haverá condições de produzir uma vazão de 800 litros por segundo, sendo 500 litros/segundo para Maricá e o restante para Tanguá. O sistema vai funcionar com adutoras a partir do reservatório. As tubulações serão subterrâneas e terão 23 km de extensão até Maricá, onde parte da água será direcionada a Estação de Tratamento de Água (ETA), já existente no bairro Flamengo, que tem capacidade de operação de 120 litros por segundo. Outra parte será destinada a uma nova ETA, ainda sem local definido a ser construída, com capacidade de tratar 400 litros por segundo.

O vereador Claudinho do Bumbum Lanches acrescenta que “nada tem contra Maricá”, esclarece entender a preocupação da classe política daquele município que está preocupada em defender os interesses dos maricaenses, “mas nós precisamos defender o nosso território e por isso pergunto: o que Rio Bonito vai ganhar com isso?”, alfineta o parlamentar, frisando que cerca de 100 famílias serão diretamente atingidas por essa obra e ficarão sem perspectiva. 

– Muita gente comenta os incentivos ao Turismo que o equipamento pode gerar, mas temos uma barragem em Silva Jardim, a Lagoa de Juturnaíba, e que incentivo ao Turismo existe lá? Qual o ganho para esse setor existe ali em Lagoa de Juturnaíba? – frisa o vereador, acrescentando que a Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae) está sempre muito atenta a cobrança das contas de água, “mas investir na infraestrutura e na prestação de serviço não conta com a mesma dedicação”.