Flávio Azevedo
Nessa sexta-feira (12/07) uma moradora do bairro Rio Vermelho, aqui em Rio Bonito/RJ; faz contato com as minhas mídias com um pedido de socorro. Segundo ela, a sua filha pegou, na escola do bairro, a Jaudete Curi, uma doença chamada escabiose, que popularmente conhecemos como sarna. Segundo ela, a direção da unidade escolar foi procurada. A gestora teria dito para ela “ficar quieta com isso” para não alarmar os demais pais de alunos e não trazer constrangimentos a comunidade escolar.
Os casos de sarna têm sido corriqueiros nas escolas da cidade. A unidade que mais sofreu com uma espécie de epidemia da doença foi a Escola Municipal Albino Thomás de Souza Filho, no bairro Monteiro Lobato. Também recebi relatos de sarna na Creche Dulce Valadares e até da Creche Nossa Senhora da Conceição.
Embora as pessoas pensem que o jornalista seja uma espécie de super herói que resolve todos os problemas, eu confesso aos amigos e seguidores que não posso fazer nada sobre isso além de dar publicidade ao assunto que a gestora da escola pensa que não deve ser propagado. O que me deixa chateado não é a sarna, mas a insistência em querer “deixa isso quieto”.
Se como jornalista eu não posso fazer nada, na condição de técnico de Enfermagem eu posso ajudar. Primeiro destacar que a sarna é transmissível e tem o seu nascedouro em espaços onde não existe higiene e limpeza. A sarna não é um problema da escola, mas da casa das pessoas. Num tempo onde todo mundo é cheio de melindres e as pessoas ficam ofendidas por qualquer coisa, talvez seja essa a razão da direção da unidade preferir “deixar isso quieto”.
Penso ser importante frisar ainda que higiene e asseio, ao contrário do que pensa muita gente, não são caraterísticas que dependam de classe social, posses e riqueza e/ou pobreza. No período que atuei na Saúde eu atendi filhos de pessoas muito pobres, mas as crianças eram cuidadas, limpas, asseadas, cabelos penteados, banho tomado. Também atendi filhos de gente metida a cagar cheiroso, pessoas que chegavam a unidade de carrão, ostentando, arrogando caros planos de saúde, mas as crianças tinha um cheiro de azedo insuportável, cabelos desgrenhados, fraldas sujas e coisas do tipo. Um horror!
A sarna quase sempre vem de casa e como os alunos, sobretudo nas séries iniciais são muito colados, estão sempre se abraçando, ficam muito juntos, o contágio é inevitável. Agora sente o drama: se nós temos mães que ficam ofendidas quando a professora ou direção da unidade pede que ela seja mais caprichosa, imagine como ficariam ofendidas se a criança passasse por uma espécie de detector de limpeza no portão da escola. Eu não tenho dúvidas de que muitas teriam que voltar para casa.
A sarna que tem atingido as escolas riobonitenses está vindo de casa e se propaga pela frouxidão da gestão escolar e pelo espírito pangaré do governo, que prefere fingir que está tudo certo, porque as medidas profiláticas são antipáticas e pode significar perder votos. Nos últimos meses, todos os casos de sarna que chegaram ao meu conhecimento aconteceram por conta do contato da criança com algum coleguinha na escola.
Se não sabem por onde começar, eu sugiro que conversarem com os professores. Eles certamente saberão indicar as crianças que chegam à unidade com aspecto de pouca higiene. Assim como eles percebem aqueles que chegam com sinais de agressão, sinais de que não estão se alimentando, entre outros aspectos. Então, vamos resolver esse assunto ou seguiremos varrendo a sujeira pra baixo do tapete para não perder o voto dos relaxados? Vamos em frente! #flavioazevedo
A Escola Municipal Jaudet Curi, em Rio Vermelho. |
PS: Vale ressaltar que não adianta a escola e o posto de Saúde desempenharem o seu papel se as famílias não fizerem sua parte. As pessoas precisam ser enquadradas e forçadas a fazer a sua parte, porque o relaxamento delas não contamina apenas os seus filhos, mas as crianças dos pais que são cuidadosos.
Não adianta a escola fazer mutirão de limpeza e higienização, se as famílias não fizerem em casa o mesmo processo e não demonstrarem o mesmo cuidado e preocupação.
Penso que deveriam participar desse processo outros setores da máquina pública. É covardia deixar essa responsabilidade de lidar com gente relaxada apenas a cargo da escola e o posto de Saúde.
Em alguns casos a Saúde Mental deve ser chamada, porque o nível de relaxamento e irresponsabilidade se aproxima da insanidade.
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