domingo, 10 de fevereiro de 2019

As tragédias acabam esquecidas pelas pessoas de coração bom

Flávio Azevedo
Tragédia no Ninho do Urubu tirou a vida de 10 atletas das categorias de base do Flamengo.
Em 2013, um incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, deixou 242 pessoas mortas e quase 700 feridas. O principal motivador para o fogo se alastrar tão rapidamente foi o revestimento usado na boate. O material é altamente inflamável e chamado de POLIURETANO, uma mistura de produtos químicos que após aplicação se transforma numa espuma rígida que impede a passagem de ruídos e calor.

Na triste tragédia que tirou a vida de 10 atletas da base do Flamengo – outra vez um incêndio – advinha quem é um dos personagens principais dessa história? Ele mesmo, o POLIURETANO. O produto é um dos componentes na estrutura do contêiner que pegou fogo enquanto os garotos dormiam. Segundo as investigações, a espuma encontrada no local é POLIURETANO. A diretoria do Flamengo admite o emprego do produto no contêiner que servia de dormitório para os jovens atletas.
Na Boate Kiss 242 vítimas fatais por conta do incêndio que ganhou força pela presença do Poliuretano.
Será que, agora, diante de duas tragédias, o governo tomará vergonha e proibirá ou criará rígidos protocolos para o uso do tal POLIURETANO? Está mais do que óbvio que em instalações onde haverá aglomeração de pessoas ou será usada como dormitório, esse produto jamais pode ser usado. A insistência em usar essa porcaria pode significar mais gente morrendo em acidentes futuros.

Na última sexta-feira (08/02), com a boca pura, a procuradora geral da República, Raquel Dodge; ao comentar os recentes e trágicos acontecimentos que atingiram o país falou em “tragédias evitáveis”. Essas pessoas que tem preguiça de falar o que precisa ser dito são irritantes. Gente que ocupa cargos e funções importantes, mas tem medo de abrir a boca porque pode causar melindres.
19 mortos e inúmeras comunidades foram atingidas pela lama na Tragédia de Mariana.
Concluindo, eu não posso deixar de criticar um comportamento clássico e chato do brasileiro nessas ocasiões trágicas. Não são poucos os adeptos da lógica do “primeiro vamos consolar os enlutados e socorrer os atingidos pela tragédia”. Ótimo! Que os sensíveis cuidem dessa tarefa, porque outro conjunto de pessoas precisa apurar os fatos, buscar responsáveis e responsabilidades. 

Quem inventou esse pensamento “altruísta” foram os culpados e responsáveis por tragédias. Mais do que ninguém eles sabem que no dia seguinte a opinião pública vira a página e tragédias como essa dos meninos do Flamengo, das barragens de Brumadinho e Mariana; acabam caindo no esquecimento e dando lugar a outras tragédias, o que permite os responsáveis se safarem das consequências de seus atos.
Em Brumadinho cerca de 350 vidas foram perdidas.
Alguém se lembrava da tragédia de Mariana até acontecer Brumadinho? Então, é disso que estou falando. Passados três anos, os atingidos pela barbeiragem da Vale, em Mariana; não foram indenizados, perderam tudo, e, mídia e sociedade, esqueceram. Ficamos concentrados em outras tragédias ou simplesmente preferimos prestar atenção no que é mais bonito: o envio de galão d’água, colchonete, cesta básica... E depois? Depois ninguém lembra mais daqueles pobres diabos. Jazem no esquecimento. 

Enquanto isso, os responsáveis pela perda de vidas estão flanando como se nada tivesse acontecido na Boate Kiss, em Mariana, em Brumadinho, nas localidades cariocas que sofreram deslizamento de terra e, agora, no Clube de Regatas Flamengo.

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