A Prefeitura de Rio Bonito sofre com a falta de gestão, celeridade e empatia

Flávio Azevedo

Nossa saudosa amiga e seguidora, Rose Maya.

No último sábado (25/04) nós perdemos a nossa amiga Rose Maya, uma pessoa sempre muito presente nas redes sociais, sobretudo em nossas postagens... Moradora do Loteamento Schueler, ela enfartou e foi socorrida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde ficou por conta da suspeita de que seu enfarto tenha relação com o Covid-19. A morte, porém, foi muito mais rápida que o laboratório Lacen. Sem o resultado do teste, Rose foi sepultada sem que a família pudesse dela se despedir. Os protocolos para esses casos são muito rigorosos.

Aqui estamos diante de uma situação que tem trazido sofrimento às famílias e desconforto às autoridades. Se o funeral é liberado para acontecer do modo tradicional e o resultado do teste chega positivo, quantas pessoas foram expostas? Por outro lado, se o resultado negativo significará que a família e os amigos foram em vão privados de uma despedida digna do seu ente querido. É uma encruzilhada triste e para essas famílias, certamente, muito dolorida.

Diante desse cenário a irmã da nossa falecida, a Srª Vanuza Maia, me mandou alguns questionamentos que ela fez a Prefeitura de Rio Bonito. Suas perguntas retratam o sofrimento dessas famílias, a preocupação com o momento e demonstra um problema que estamos apontando há algum tempo: a Comunicação deficitária da Prefeitura de Rio Bonito, sobretudo no campo do acolhimento, das orientações, da solidariedade. A impressão que temos é que ainda não se percebeu que as pessoas estão apreensivas, com medo, fragilizadas, enlutadas e precisam ser amparadas.

Aqui abro aspas para a Srº Vanuza Maia: “Prefeitura Municipal de Rio Bonito, minha irmã teve um infarto na madrugada do dia 19/04/2020 e também estava com pneumonia. Ela já sentia dores do peito, tinha pressão alta e tinha bronquite. Com essa pandemia, ela precisava de uma UTI, mas para isso tinha que fazer o teste do Convid-19, que foi feito na quarta-feira. O quadro dela era grave estava intubada e em coma induzido. O resultado só sai com mais de 10 dias. Hoje ela não resistiu e veio a óbito. Em menos de quatro horas do falecimento teve que ser sepultada, sem velório, já que o exame ainda não saiu. Quero pedir a prefeitura, já que fez todo o procedimento de isolar, não transferir para UTI e sepultar sem velório: TUDO QUE EXIJO AGORA É CUIDAR DAS PESSOAS QUE TIVERAM CONTATO COM ELA. POIS ESSA É A FORMA QUE VAI NOS CONFORTAR DE SABER QUE TUDO ESTÁ SENDO FEITO DE FORMA CORRETA. Está doendo muito para todos nós, família e amigos, não poder nos despedir. Peço que orem por todos nós nesse momento de dor”.

Na conversa reservada que teve comigo, a Srª Vanuza registra, e eu concordo com ela, o seu desejo que de que a Secretaria Municipal de Saúde procure a família, dê atenção. Ela lembra que o resultado do teste de Rose não saiu e questiona: “os familiares precisam ficar de quarentena?”. O testemunho mais preocupante é que ninguém procurou a família para instruir, para dizer como agir, o que fazer, que cuidados tomar ou simplesmente saber se alguém tem algum sintoma.

A Srª Vanuza Maia ressalta que respeita o protocolo do Ministério da Saúde e exatamente por isso deseja que suas sobrinhas (que estão em pânico), sejam orientadas. “Minha irmã estava cumprindo as regras sociais, mas ela ficou na UPA com outros pacientes. Inclusive, dias atrás tinha uma mulher sem máscara com o esposo com Covid-19. Essas pessoas tiveram acesso as minhas sobrinhas e meu cunhado”, revela Vanuza.

Deixo aqui o registro, a cobrança e, sobretudo minha solidariedade a você que está passando por momentos difíceis como a família Maia. Entendo que as principais autoridades do município, os coordenadores das ações sanitárias, diante de tudo que está acontecendo não reúnem tempo para passar de porta em porta. Mas eu tenho certeza que é possível criar um setor com profissionais preparados para acolher e orientar as famílias atingidas pelo Covid-19. Vamos em frente! #flavioazevedo