terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Bizarrices da campanha eleitoral que se aproxima

Flávio Azevedo
Faltando menos de um ano para as eleições municipais (2020), as bizarrices que lemos sobre pré-candidatos nas redes sociais mostram que a renovação tão pregada aos quatro cantos está longe de acontecer. Eu não sei você, mas me incomoda muito o voto dado a pessoas que têm como grande diferencial ser um “moleque bão”, ser “gente boa”, ser “gente fina”, ser “bonzinho”; entre tantas outras “qualidades” que estão longe de colocar um município nos trilhos.

Nós temos candidatos que são favoritíssimos ao Legislativo, mas que nunca são apresentados por seus cabos eleitorais e simpatizantes como pessoas que tenham projetos para o município. A referência é que são “simpáticas” ou porque desenrolaram uma dificuldade burocrática da máquina pública que no fundo só existe porque alguém em determinado momento instituiu a lógica do “colocar dificuldade para vender facilidade”.

Quando se trata da disputa pelo poder Executivo o caso piora, porque além de ser “simpático” e “maneiro”, o sujeito deve apresentar como credencial “ser um empresário bem sucedido”. Não vejo ninguém perguntando sobre projetos, questionar a respeito de planos para alavancar emprego, desenvolvimento e geração renda. Pelo contrário, o que se enaltece é o sucesso dos negócios daquele que toca a empresa sem precisar contratar por concurso, fazer licitação e o principal: pode demitir os morcegos sem nenhum impedimento. A empresa é privada, mas a administração pública é política. É claro que defendo uma gestão pública moderna, liberal, estado mínimo, mas essa lógica tem ritos muito diferentes do que se pratica na iniciativa privada.

O que eu percebo é que quanto mais eu entendo de política e mais consigo enxergar os caminhos para se alcançar a renovação administrativa que o município precisa, mais a sociedade se distancia do que deve ser feito, porque pensa ser administração pública um jardim de infância, um domingo no parque, um passeio no bosque, um pique nique na praia, uma bolsa de apostas; quando na verdade mudar o cenário administrativo que está posto representa deflagrar uma grande guerra, às vezes, contra parentes, amigos e simpatizantes que não entenderam o objetivo da chegada do eleito àquela função pública. Às vezes, nem o eleito entende e só descobre muito depois, quando o mandato já está comprometido e sem a devida credibilidade. 

Partindo dessas premissas está nítido que além de conhecimento da máquina pública, conhecimento da máquina política (coisas bem diferentes) e conhecimento das pegadinhas que são comuns a esse meio; é imperioso saber que o público envolve gestão, o político envolve interesses e a dose de uma e de outra deve ser precisa e não admite erros, porque “remédio” de menos não fará efeito e “remédio” em excesso pode matar de uma vez esse “paciente” que é um dependente químico de drogas potentes como burocracia, preguiça e malandragem.

O fomento a renovação política e a participação que tenha o objetivo de nortear a escolha de representantes, caso percorra caminho diferente desse que exponho tende a produzir mais do mesmo ou oferecer um “museu de grandes novidades”, o que certamente desestimulará boa parte do eleitorado. Essa reflexão não é palatável, certamente não é compreensível ao intelecto de alguns, mas é a equação que precisa ser feita para se alcançar as mudanças que se pretende para a vida em sociedade.

Nesse debate, penso que a discussão sobre “direita e esquerda”, “conservadorismo e progressismo”, e outras artimanhas que tem a pretensão única de “mudar as coisas para que elas continuem do que estão”, acabam sendo inócuas e dispensáveis. Vamos em frente! #flavioazevedo

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