Flávio Azevedo
Juka Goulart em cena com o espetáculo “As Desgraças de Uma Criança”, de Martins Pena. |
Grupo teatral que se confunde com a
História da Sociedade Musical e Dramática Riobonitense (SMDRB), o “SoMu D Riba”,
que é liderado pelo ator Juka Goulart, está em litígio com SMDRB, de onde,
segundo Juka, o seu grupo foi “enxotado” e sequer foram informados do “porque
dessa afronta, já que o nosso grupo é quem manteve a SMDRB funcionando durante
os últimos 17 anos”. Artista que detém inúmeros prêmios e em várias categorias,
Juka é conhecido em todo território fluminense. Ele afirma que está aguardando
“pelo menos uma explicação do que ocorreu para sermos tratados dessa forma pela
diretoria da SMDRB”.
Segundo Juka Goulart, em 2010 o ator
Flávio Migliaccio, por conta dos seus compromissos e atividades na TV Globo,
deixou a direção da SMDRB e com ele toda a diretoria acabou saindo. Como
aconteceu em inúmeras outras ocasiões, ele (Juka) foi procurado para assumir a
direção da instituição, mas por entender que as suas atividades artísticas seriam
atrapalhadas pelo compromisso de administrar a SMDRB, “eu preferi não assumir
essa responsabilidade”.
– Como a diretoria ficou vaga, eu
convidei as professoras, Cristina Mello e Renata Mansour para ocupar esse
cargo, justamente para tomar conta dessa parte burocrática. Mas elas deram um
golpe e acabaram com o grupo de teatro, o que é uma doideira. Elas querem
transformar o espaço num teatro comercial e literalmente nos expulsaram. Não
houve um acordo, fomos apenas comunicados e quando chegamos para ensaiar tinham
trocado a fechadura da porta para nós não entrarmos – disparou o ator,
acrescentando que todo material cênico foi comprado por ele e por Flávio
Migliaccio.
No ano passado, segundo Juka, não
houve reuniões para se discutir a questão. Quando combinavam algum encontro “era
sempre marcado no horário do meu ensaio”. A sua principal reclamação é a falta
de explicação do motivo do afastamento do Grupo SoMu D Riba da Sociedade. O
ator comenta ainda, que é humilde a ponto de pedir desculpa. “Eu não sei o que fiz
para suscitar tanto ódio”, reclama Juka, destacando que a SMDRB sempre foi bem
representada por ele, os prêmios conquistados por ele foram muitos “e, hoje, eu
sou a pessoa mais conhecedora de teatro da cidade”.
– Os meus e-mails não eram
respondidos, não sei o motivo de acabarem com o grupo. Não falam nada... Afirmam
que o espaço não é de um grupo, mas não fazem as reuniões necessárias. Esse
assunto não se resolve em cinco minutos e eu estou sendo obrigado a ensaiar na
minha casa. Acho que elas estão surtadas e, como elas dizem, estão demonstrando
não ter condições de dirigir a SMDRB, que está totalmente acabada, destruída e
sem movimento cultural algum – destacou Juka, que questiona a legitimidade da
diretoria, porque “o número de pessoas que participaram da eleição (13) foi
menor do que determina o Estatuto (15).
Juka Goulart em um dos seus papeis. |
O ator Juka Goulart apresenta outra
questão que pode significar prejuízos para a SMDRB e para o Grupo SoMu D Riba.
“Nós fomos contemplados com um prêmio do governo do Estado, do Edital “Novas
Cenas” e estamos completamente envolvidos com o espetáculo “Álbum de Fámilia”,
do Nelson Rodrigues. Por isso, nós estamos muito atarefados”, conta o ator,
acrescentando que a direção da SMDRB está se prejudicando e podem acabar,
inclusive, perdendo o imóvel para a família da pessoa que doou o local para a
SMDRB.
– Agora, a ironia das ironias é que,
obrigatoriamente, nós temos que nos apresentar na nossa cidade e na nossa casa,
ou seja, na SMDRB. Elas proibindo a nossa apresentação na SMDRB, nós ficamos
devendo ao Estado, mas como o grupo é da SMDRB, a sociedade também vai ficar
inadimplente com o Estado, ou seja, estão se auto-sabotando e eu não sei o que
estão querendo com isso – reclama Juka, afirmando que na carta de doação do
saudoso comerciante Olívio Ozório Rodrigues, fica firmado que caso a SMDRB se
extingua, o imóvel retorna para o patrimônio da família do doador, que já é
falecido. “Os imóveis de Rio Bonito estão supervalorizados, o terreno é bem
localizado, no Centro da cidade e, logicamente, a família vai querer agregar
aquela propriedade ao seu patrimônio”.
Procuradas pela nossa reportagem, as
professoras Cristina Mello e Renata Mansour, que estão à frente da SMDRB,
afirmaram não querer polemizar a questão, disseram não querer dar nenhum tipo
de resposta ao que foi dito pelo líder do Grupo Teatral SoMu D Riba; disseram
que o prédio não será devolvido a família do doador; e se limitaram a dizer que
“ele (Juka) sabe sim o que motivou a direção da SMDRB a tomar essa decisão”. As
professoras ficaram de marcar um encontro com a nossa reportagem, mas até o
fechamento dessa edição esse contato não ocorreu.
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