Flávio Azevedo
O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, mais uma vez manda bem numa declaração e gera polêmica ao botar o dedo na ferida da classe política. |
“Temos partidos ‘de mentirinha’. Nós
não nos identificamos com os partidos que nos representam no Congresso.
Tampouco esses partidos e seus lideres têm interesse em ter consistência
programática ou ideológica. Querem o poder pelo poder”, disse o presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, em palestra a
estudantes em Brasília. Apesar de verdadeira, a declaração provocou fortes
reações, mas nenhuma delas parece ter mudado essa realidade da política
brasileira.
O presidente do STF fez ainda uma
constatação já sabida, mas os caras de pau dos congressistas, não querem
admitir. “O Congresso é inteiramente dominado pelo Poder Executivo. As maiorias,
as lideranças do Executivo que opera, fazem com que a deliberação prioritária
do Congresso Nacional seja sobre matérias do interesse do Executivo”.
O ministro Barbosa se esqueceu de
acrescentar ser essa uma realidade também das esferas estaduais e municipais. O
presidente do Congresso Nacional, deputado Henrique Eduardo Alves, reagiu e
classificou a declaração como “desrespeitosa”. Para ele, “esse tipo de
comentário não contribui para a harmonia constitucional”. A verdade é que
declarações legítimas realmente não contribuem para a harmonia dos poderes,
onde o sistema obriga que tudo seja resolvido no corporativismo.
Infelizmente, a assessoria da
Presidência do STF divulgou uma nota ‘vaselina’ afirmando que a fala de Barbosa
“foi um exercício intelectual feito em ambiente acadêmico, e que não houve a
intenção de criticar ou emitir juízo de valor a respeito da atuação do
Legislativo e de seus atuais integrantes”.
Seja em ambiente acadêmico ou numa
mesa de botequim, o ministro do STF mandou muito bem! A verdade é que ele não
disse nenhuma novidade e a reação tresloucada da classe política mostra ao povo
brasileiro que essa categoria é mais cara de pau do que imaginamos. Não seria
melhor vestirem a carapuça, examinarem as suas consciências (será que eles têm
isso?) e mudarem de atitude?
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