Flávio Azevedo
Salários ridículos para os advogados da Procuradoria Geral do Município: mais um absurdo praticado há anos pela Prefeitura de Rio Bonito. |
Não é de hoje que Rio Bonito aparece
no cenário regional como o município que pior remunera os seus servidores. O Plano
de Cargos, Carreira e Remuneração para a categoria é um constante debate, mas nunca
é implantado pelo poder Executivo. Segundo fontes, os salários irrisórios permitem
que o prefeito tenha força sobre boa parte dos servidores. “Aqueles que são fieis
a ele são compensados com mecanismos que aumentam o salário. O problema é que o
‘cala boca’ não segue no contracheque por ocasião da aposentadoria do servidor”,
comenta um funcionário da Prefeitura de Rio Bonito.
Setor importante na máquina pública de
qualquer poder, a Procuradoria Geral do Município, área composta essencialmente
por advogados, há anos vem pleiteando melhores condições salariais. A
Prefeitura de Rio Bonito paga ao seu corpo de advogados um salário “vergonhoso”,
sobretudo levando em conta as responsabilidades e atribuições dos profissionais
do setor. “O nosso salário é de R$ 910,00 mensais e estamos na luta por essa
valorização há cerca de três anos”, comenta o procurador geral de Rio Bonito,
Gustavo Lopes, acrescentando que tem uma carta da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) que aborda as responsabilidades dos procuradores e sugere que esses servidores,
por conta das atribuições importantes que desempenham, tenham salários dignos
das suas funções.
Discrepância
Segundo fontes, em Itaboraí, o
município paga aos seus procuradores, um salário de R$ 4,5 mil + gratificação
de 200%, o que sugere um salário de R$ 13,5 mil mensais. Já a Prefeitura de Rio
das Ostras paga R$ 6,5 mil para o advogado iniciante. Até o ‘pobre’ município
de Tanguá consegue oferecer salário melhor que a Prefeitura de Rio Bonito para
o seu corpo de advogados. Por lá, o procurador, segundo as nossas fontes, tem salário
de R$ 2,5 mil + gratificação de 100%, o que representa um vencimento de R$ 5
mil.
Diante desse cenário, os integrantes
da Procuradoria Geral do Município se reuniram nessa quinta-feira (09/05) para
um encontro com os vereadores do município onde essas questões foram colocadas
diante de reticentes parlamentares, que estão preocupados com a opinião
pública, mas reconhecem a necessidade que o município tem de possuir, por uma
série de razões, profissionais bem remunerados.
– Não tem como segurar um bom advogado
com esse salário que o município oferece. São R$ 910,00 mensais. Eu não estou
pensando em mim, que na função de procurador geral tem salário de secretário
municipal (cerca de R$ 5 mil). Eu penso nos colegas que precisam se virar com
essa remuneração. O que acontece é que quando ele ganha mais experiência, que chega
numa fase que pode fazer muito mais pelo município, ele recebe uma proposta com
salário melhor e acaba indo embora – analisou o advogado Gustavo
Lopes, revelando que o novo piso seria de R$ 3 mil.
Vale destacar ainda que o advogado que
atua na área pública fica impedido de advogar por força de regimentos
constitucionais e da própria OAB, o que não permite que esse profissional tenha
uma atividade paralela a que desenvolve na Procuradoria Geral de qualquer município.
Fiz parte do corpo efetivo da Procuradoria de Tanguá, e afirmo que, após quase dois anos de exercício, pedi da exoneração em função da baixa remuneração. Não é verdade que um Procurador recebe a quantia indicada; a remuneração de um Procurador, com sorte por exercer alguma função gratificada, chega a R$ 1.500,00, sendo o vencimento base mais ou menos o valor do salário mínimo. Não há a aludida gratificação de 100%, e o Procurador Geral apresenta remuneração em torno de R$ 4.000,00 ( se chegar a isso...), sem qualquer acréscimo. Assim, Tanguá está bem pior que RIo Bonito...
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