Num cemitério de
Búfalo, nos Estados Unidos, eleva-se sobre um túmulo uma magnífica cruz de
mármore. Em frente desse túmulo está assentado, em um banco, um velho de
cabelos brancos. As mãos postas sobre os joelhos, ele tem os olhos fitos na
cruz, enquanto pelas faces lhe deslizam abundantes lágrimas. Muitas vezes pode
ser visto ali naquela atitude, rodeado de outros que também param comovidos.
Quando se lhes
pergunta o que significa essa sua atitude, eles apontam para a laje de mármore sobre
a qual se acha gravado em letras de ouro: “Ao timoneiro John Maynard. Os
passageiros agradecidos do 'Schwalbe.' Ele morreu por nós!". Se
insistirmos nos pormenores, com lábios trêmulos e olhos umedecidos ouvimos a seguinte
e tocante história:
John Maynard era
timoneiro num vapor que se dirigia de Detroit a Búfalo. Nós éramos passageiros.
Corria uma bela tarde de verão e o convés regurgitava de gente, quando uma
espiral de fumo começou a subir de dentro do vapor.
– Sympson, bradou o
comandante, desce lá abaixo a ver o que há!
Sympson desceu e,
tornado a subir, muito pálido, exclamou:
– Senhor
comandante, o navio esta a arder. E imediatamente se ouviu de todos os lados o
brado angustioso: "Fogo a bordo! Fogo a bordo!".
Toda a tripulação
acudiu pressurosa, atacando vigorosamente o incêndio com poderosos jatos de
água, mas tudo em vão. Havia, no carregamento, grande quantidade de resina e
alcatrão, que frustravam todos os esforços para apagar o fogo. Os passageiros
correram para o comandante e lhe perguntaram:
– Que distância nos
separa de Búfalo?
– Uma milha e meia.
– Quanto tempo é
necessário para vencer essa distância?
– Três quartos de
hora (45min), se a marcha for mantida.
– Haverá algum
perigo?
– Perigo? Vejam
como a fumaça irrompe! Por Deus, refugiem-se na proa, se não querem perecer!
Todos se
precipitaram para frente. Passageiros, marinheiros, homens mulheres e crianças.
John Maynard, porém, se conservou ao leme. O fogo irrompia, despedindo chamas e
negros rolos de fumo. O comandante, embocando o tubo acústico, brada:
– John Maynard!
– Às ordens, senhor
comandante!
– Está ao leme?
– Sim, senhor!
– Qual é o rumo?
– Sul-sudeste!
– Aproe para
sudeste.
A costa se
aproximava, e outra vez bradou o comandante:
– John Maynard!
A resposta se fez
ouvir muito fraquinha: Às ordens, senhor comandante!
– Resiste ainda
cinco minutos?
– Resistirei com o
auxílio de Deus!
O cabelo do velho
timoneiro estava crestado até o crânio, o corpo queimado e a mão direita
carbonizada. Firme, porém, como um rochedo em meio das águas, John Maynard
carregou a esquerda sobre o leme e aproou a terra.
Todos estavam
salvos, menos o timoneiro. Caindo na praia rendeu o espírito. Morreu por nós!
Rodeamos o corpo, profundamente enternecidos e com os olhos rasos de lágrimas.
Aqui está sepultado. Marinheiros e passageiros e quase toda a cidade
acompanharam o seu sepultamento. Quando o corpo baixou à sepultura, fortes
soluços e voz de choro se fizeram ouvir. Erigimos para ele este monumento, que
passará, porque não resistirá à ação do tempo. A sua memória, porém, há de
continuar em nossos corações – nunca o havemos de esquecer, porque ele morreu
por nós.
“Prezado leitor!
Dirija os teus olhos ao Gólgota, e verás ali três cruzes. Numa delas o “Varão
de Dores” de quem testificou o profeta Isaías: ... Verdadeiramente, Ele
tomou sobre Si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si... Foi
ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades. O castigo
que nos traz a paz estava sobre Ele e pelas Suas pisaduras fomos sarados.
Isaías 53:4 e 5.
Sua memória há de
continuar em nossos corações. Nunca o havemos de esquecer, porque Ele morreu
por nós!
Fonte: livro “Pérolas Esparsas”.
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