Texto: Flávio Azevedo
Foto: Marllon Lopes
O Grupo Nosso Sentimento foi uma das atrações da tumultuada (bastidores) festa de aniversário de Rio Bonito em 2013. |
Parece que as lições do passado não foram suficientes para mostrar ao
poder público municipal a importância de se conduzir um evento com lisura, o
mínimo de organização e com os parceiros certos. Segundo vários artistas locais,
erros primários voltaram a acontecer nos festejos que celebraram o aniversário
de 167 anos de Rio Bonito. A classe está indignada, sobretudo por conta do
compromisso assumido pela prefeita Solange Almeida (PMDB), quando ainda em campanha,
num encontro com parte dos artistas, na Casa dos Músicos, ela teria prometido
tratar a categoria com respeito, dignidade e, sobretudo, oportunizando o
trabalho de cada um.
No Facebook, um dos mais indignados é o baterista Judson Lessa, que
denuncia uma série de acontecimentos desagradáveis, que pelo seu relato
aproxima-se da humilhação. Apesar de dizer que em algumas oportunidades ele não
estava presente, Judson narra os bastidores e o sofrimento dos artistas com
riqueza de detalhes. “Espera, descaso, falta de informação e até uma ordem da
Polícia Militar de que o som deveria ser desligado”, são acontecimentos mencionados
pelo músico.
No seu texto, Judson Lessa também reclama que “não existia quem
respondesse pelo palco ou pela festa” e confirma um impasse que já existiu nos
festejos do ano passado (2012): a Tenda Mix.
– Não poderíamos tocar na tenda, já que lá era privado. Segundo o que
ouvimos, “a tenda não tinha haver com o palco”, então paramos o show, mas por
conta nossa. No show de pagode tinhas uns 30 com crachá para acesso ao palco.
Contudo, na hora da banda local não deixaram nenhum para pelo menos depois
confirmar que tocamos – critica Judson, acrescentando que a espera foi muito
longa.
O músico também reclama que além da espera, “ficamos sem um
refrigerante ou água. Resolvemos sentar e logo veio uma moça pedindo para
levantarmos, porque ali era área do camarim. O DJ Bocão intermediou a nossa
existência ali, aí a pessoa maravilhosa da “baiana” nos falou: “eu não sabia que
vocês iam tocar... Mas como assim, ninguém falou?”, questiona o músico,
afirmando que todos estavam lá. “Enfim, a partir daí que conseguimos sair do
sereno. Isso é, só no final que a banda “Filhos da Noite” tocou”.
Para o músico, “o que aconteceu, desde o sábado, foi ridículo, foi
feio, foi péssimo, mas vale lembrar que todas as bandas estavam em posição de
trabalho, nenhuma faltou ou furou”, pondera Judson que trás novidades que o
público desconhece.
– “Maverick” ficou até 5h30min da manhã esperando e não tocou... “Filhos
da Noite”, até as 1h e só tocou quatro músicas porque a Policia mandou parar...
“Quatro Estações (Estratégia) chegou para tocar, mas não informaram que eles
tinham trocado com “Filhos da Noite”... Usina Pop ficou até 4h e também não deu
para tocar – conta Judson.
O músico concluiu com um desabafo e uma informação que também não era
de domínio público, embora seja perfeitamente compreensível, sobretudo por lembrar
o período eleitoral, época de promessas para aqueles que têm sonho.
– Vocês têm na cidade, profissionais de verdade e que precisam
trabalhar! Se aqui não se tem espaço... Um beijo, um abraço e chega de
promessa, que por sinal começou na campanha, em uma reunião na Casa dos Músicos
com a prefeita Solange Almeida, que talvez tenha se esquecido de avisar a quem
deveria sobre o que ela nos prometeu nessa reunião. Normal, tantos esquecimentos,
um a mais um a menos não faz diferença, não é? – ironiza o músico.
Outro desabafo
No seu perfil no Facebook, o músico Marcos Vinícius Brito, baixista da
Banda Filhos da Noite, também deixou o seu recado. Ciente das conseqüências,
ele inicia dizendo que “pensou muito antes de escrever”, mas acrescenta que “eu
tenho que desabafar”.
– Vendo alguns comentários na minha ‘timeline’ sobre a festa em Rio
Bonito, do sucesso dos shows etc., eu fiquei pensando: que sucesso é uma festa
quando os músicos da cidade, dentre eles duas bandas que são verdadeiras
instituições, uma com 30 e outra com 25 anos de estrada, levando o nome dessa
cidade para tudo quanto é canto do Estado e fora dele... São humilhados e
desrespeitados por quem mais deveria apoiar? Não dando grana, mas abrindo espaço
para que os visitantes pudessem ver que em Rio Bonito tem músicos que não devem
nada a nenhum outro que tem por aí – dispara o baixista
Visivelmente transtornado com os contratempos, Marcus Vinícius
acrescenta que “pior que a falta de respeito e a humilhação é a omissão de quem
tem a caneta e poderia fazer algo para mudar essa história, mas pela sua
atitude, não está nem aí para os músicos dessa cidade”. E o músico não para por
aí.
– Aviso aos senhores omissos que esses músicos não vão ficar
parados, pois existem espaços em Rio Bonito e em outras cidades, nos quais eles
continuarão a levar seu trabalho, sendo
respeitados, não só como músicos, mas como homens que trabalham para mostrar o seu
talento, sem ter que ficar até às 5h esperando uma resposta, se iriam tocar ou
não, ou tendo um show interrompido pela Polícia Militar sob alegação de que no “ofício”
só constavam duas bandas no palco principal – critica o músico, que concluiu afirmando
“ter coisas obscuras que não devem serem levadas a diante, agora, mas eu e os
demais músicos dessa cidade exigimos respeito”.
Em outra postagem Marcus Vinícius diz esperar que os músicos de Rio Bonito se unam para que fatos como esse
não aconteçam mais. “Sei que é muito difícil, pois ainda existem pessoas no
nosso meio que se acomodam em situações de conforto, estão dentro do “esquema”,
não vão querer sair, que se danem os outros”, e apela: “Temos que mudar a
mentalidade”.
Muito importante colocar isto no FB, pois pra maioria da população riobonitense estes fatos são totalmente desconhecidos, aliás, nem contava da programação da festa a presença de bandas locais. Os artistas tem td razão de protestar.
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