sexta-feira, 3 de maio de 2013

Kickboxing de Rio Bonito nocauteado pela Prefeitura local


Flávio Azevedo

A vitoriosa equipe de Kickboxing durante treino no Rio Bonito Atlético Clube.
O Kickboxing, modalidade esportiva que mais leva o nome de Rio Bonito ao alto do pódio nos últimos anos, sofreu dois duros golpes da Prefeitura Municipal da cidade nos últimos meses. Indignação e tristeza são as palavras mais apropriadas para classificar o que passa pela cabeça dos praticantes desse esporte, sobretudo do atleta Ronaldo Oliveira Augusto, o líder da academia de Kickboxing. Conhecido pelo seu sorriso fácil, Ronaldo só perde o bom humor quando o assunto é o apoio que ele esperava do poder público para a modalidade.
– A decepção é grande, porque ano passado, durante o período eleitoral, as promessas que ouvimos do atual governo, à época, na oposição, é que o Esporte receberia o incentivo que não tínhamos. O problema é que embora o apoio não fosse o que nós precisávamos, nós tínhamos alguma coisa. Hoje, de cara, com a mudança de governo não tivemos apoio nenhum e não sei se terei – disparou Ronaldo.

Esporte de alto rendimento, o Kickboxing tem figurado nas manchetes da imprensa local pelas muitas conquistas, intermunicipais, estaduais, nacionais e até internacionais. Por conta desse bom desempenho, o professor Ronaldo Augusto tentou trazer para Rio Bonito, a Taça José Antonio Ferreira Machado, competição que acontece no mês de abril e serve de seletiva para o Campeonato Brasileiro da modalidade.
– No mês de janeiro, nós demos entrada na Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel) com o projeto. O evento deveria ocorrer de 19 a 21 de abril, em nossa cidade. Cerca de 500 atletas passariam o fim de semana em Rio Bonito. Logicamente que os setores de hospedagem, alimentação, entre outros, seriam muito beneficiados, porque o atleta nunca vem sozinho. Alguém sempre vem com o atleta. Ou seja, Rio Bonito receberia pelo menos mil pessoas nesse fim de semana – conta Ronaldo.

Ainda segundo o líder da academia de Kickboxing, no projeto, ele pedia que o município subvencionasse a competição com R$ 15 mil. “Na verdade, o custo de uma competição como essa é maior, mas nós enxugamos o máximo que pudemos e o restante, cerca de R$ 5 mil, nós conseguiríamos com o comércio local”, destacou Ronaldo, acrescentando que a resposta da Semel foi que “devido aos problemas herdados do governo anterior, a Secretaria não reunia condições de atender a solicitação do Kickboxing”.

A conquista

Criançada vencedora e boa de briga do Kickboxing.
A ironia é que a competição acabou sendo realizada em São Gonçalo, entre os dias 20 e 21 de abril, e os representantes da Academia de Kickboxing conquistaram 36 medalhas, sendo 24 de ouro, 10 de prata e duas de bronze. Ronaldo afirmou que o resultado foi muito bom e ressaltou que “caso a competição ocorresse em Rio Bonito, o seu grupo conquistaria muito mais medalhas”.
– Competindo em nossa cidade, o resultado seria melhor, porque poderíamos contar com todos os atletas. Fora da cidade, nem todos tem condições de custear o transporte, que nós também não conseguimos com a Prefeitura. Para ir até São Gonçalo alugamos um ônibus, que transportou 29 atletas. Aqui, nós teríamos conquistado o troféu de melhor equipe, porque muitos atletas ainda são menores e dependem dos pais, que nem sempre podem acompanhá-los – frisa o indignado Ronaldo Augusto, acrescentando que “já desisti de contar com a parceria do poder público e, hoje, eu estou planejando realizar essa competição com recursos próprios, porque muita gente quer ver os nossos atletas em competição”.

Novo “não”

Com o bom resultado na Taça José Antonio Ferreira Machado, o volume de atletas riobonitenses classificados para o Campeonato Brasileiro, que ocorrerá em Piracicaba, em São Paulo, entre os dias 30 e 31/05 e 1º e 02/06, foi grande. Ronaldo Augusto espera conseguir apoio e destaca que “em 2012, Rio Bonito foi representado por 12 atletas nessa competição. Que esse ano nós tenhamos maior representação para alcançarmos um resultado ainda melhor. Tomara que dessa vez a ajuda chegue! – frisou Ronaldo, que gracejou: “Se não conseguimos apoio da Semel, nos buscaremos apoio na Secretaria Municipal Anti Drogas, porque incentivar o Esporte é uma forma de se combater o assédio das drogas sobre os nossos jovens”.

Apesar do pensamento otimista, a ajuda não deve chegar. Depois de receber novo “não” da Semel, no último dia 29 de abril, um grupo de mães de atletas foi a Prefeitura conversar com a prefeita Solange Almeida (PMDB). Como não foram atendidas, no dia seguinte, às 5h30min elas foram á casa da prefeita. Conversaram com ela, mas a resposta foi desanimadora. Segundo Rafaela Castilho, uma das maiores medalhistas da academia, e, mãe de atleta, “foi decepcionante”.
– Dos 29 atletas classificados para o Campeonato Brasileiro, apenas 20 podem viajar. Conversamos com a prefeita e mostramos que o custo de cada um gira em torno de R$ 1 mil. Ela disse que só poderia ajudar com R$ 4 mil e mesmo assim não era garantido, porque teríamos que mandar um ofício para a Semel e esperar uma resposta. Saímos decepcionadas – contou Rafaela, destacando que “o grupo é uma família e levar apenas quatro atletas, deixando outros 16 para trás, seria perder essa unidade que nós levamos tanto tempo para construir”, ponderou Rafaela, que junto com outras mães, questiona a liberação de R$ 15 mil para a realização do Encontro Nacional de Capoeira. “Nada contra essa modalidade, que precisa ser apoiada, mas os outros esportes também representam a cidade e deveriam ser tratados com igualdade”, conclui.

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