Flávio
Azevedo
A vitoriosa equipe de Kickboxing
durante treino no Rio Bonito Atlético Clube.
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O
Kickboxing, modalidade esportiva que mais leva o nome de Rio Bonito ao alto do
pódio nos últimos anos, sofreu dois duros golpes da Prefeitura Municipal da
cidade nos últimos meses. Indignação e tristeza são as palavras mais apropriadas
para classificar o que passa pela cabeça dos praticantes desse esporte,
sobretudo do atleta Ronaldo Oliveira Augusto, o líder da academia de
Kickboxing. Conhecido pelo seu sorriso fácil, Ronaldo só perde o bom humor
quando o assunto é o apoio que ele esperava do poder público para a modalidade.
– A decepção
é grande, porque ano passado, durante o período eleitoral, as promessas que
ouvimos do atual governo, à época, na oposição, é que o Esporte receberia o
incentivo que não tínhamos. O problema é que embora o apoio não fosse o que nós
precisávamos, nós tínhamos alguma coisa. Hoje, de cara, com a mudança de
governo não tivemos apoio nenhum e não sei se terei – disparou Ronaldo.
Esporte
de alto rendimento, o Kickboxing tem figurado nas manchetes da imprensa local
pelas muitas conquistas, intermunicipais, estaduais, nacionais e até
internacionais. Por conta desse bom desempenho, o professor Ronaldo Augusto
tentou trazer para Rio Bonito, a Taça José Antonio Ferreira Machado, competição
que acontece no mês de abril e serve de seletiva para o Campeonato Brasileiro
da modalidade.
– No mês
de janeiro, nós demos entrada na Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel)
com o projeto. O evento deveria ocorrer de 19 a 21 de abril, em nossa cidade.
Cerca de 500 atletas passariam o fim de semana em Rio Bonito. Logicamente que
os setores de hospedagem, alimentação, entre outros, seriam muito beneficiados,
porque o atleta nunca vem sozinho. Alguém sempre vem com o atleta. Ou seja, Rio
Bonito receberia pelo menos mil pessoas nesse fim de semana – conta Ronaldo.
Ainda
segundo o líder da academia de Kickboxing, no projeto, ele pedia que o
município subvencionasse a competição com R$ 15 mil. “Na verdade, o custo de
uma competição como essa é maior, mas nós enxugamos o máximo que pudemos e o restante,
cerca de R$ 5 mil, nós conseguiríamos com o comércio local”, destacou Ronaldo,
acrescentando que a resposta da Semel foi que “devido aos problemas herdados do
governo anterior, a Secretaria não reunia condições de atender a solicitação do
Kickboxing”.
A conquista
Criançada vencedora e boa de briga do Kickboxing. |
–
Competindo em nossa cidade, o resultado seria melhor, porque poderíamos contar
com todos os atletas. Fora da cidade, nem todos tem condições de custear o
transporte, que nós também não conseguimos com a Prefeitura. Para ir até São
Gonçalo alugamos um ônibus, que transportou 29 atletas. Aqui, nós teríamos conquistado
o troféu de melhor equipe, porque muitos atletas ainda são menores e dependem
dos pais, que nem sempre podem acompanhá-los – frisa o indignado Ronaldo
Augusto, acrescentando que “já desisti de contar com a parceria do poder
público e, hoje, eu estou planejando realizar essa competição com recursos
próprios, porque muita gente quer ver os nossos atletas em competição”.
Novo “não”
Com o bom
resultado na Taça José Antonio Ferreira Machado, o volume de atletas
riobonitenses classificados para o Campeonato Brasileiro, que ocorrerá em
Piracicaba, em São Paulo, entre os dias 30 e 31/05 e 1º e 02/06, foi grande.
Ronaldo Augusto espera conseguir apoio e destaca que “em 2012, Rio Bonito foi
representado por 12 atletas nessa competição. Que esse ano nós tenhamos maior
representação para alcançarmos um resultado ainda melhor. Tomara que dessa vez
a ajuda chegue! – frisou Ronaldo, que gracejou: “Se não conseguimos apoio da
Semel, nos buscaremos apoio na Secretaria Municipal Anti Drogas, porque
incentivar o Esporte é uma forma de se combater o assédio das drogas sobre os
nossos jovens”.
Apesar do
pensamento otimista, a ajuda não deve chegar. Depois de receber novo “não” da
Semel, no último dia 29 de abril, um grupo de mães de atletas foi a Prefeitura conversar
com a prefeita Solange Almeida (PMDB). Como não foram atendidas, no dia
seguinte, às 5h30min elas foram á casa da prefeita. Conversaram com ela, mas a
resposta foi desanimadora. Segundo Rafaela Castilho, uma das maiores
medalhistas da academia, e, mãe de atleta, “foi decepcionante”.
– Dos 29
atletas classificados para o Campeonato Brasileiro, apenas 20 podem viajar.
Conversamos com a prefeita e mostramos que o custo de cada um gira em torno de
R$ 1 mil. Ela disse que só poderia ajudar com R$ 4 mil e mesmo assim não era
garantido, porque teríamos que mandar um ofício para a Semel e esperar uma
resposta. Saímos decepcionadas – contou Rafaela, destacando que “o grupo é uma
família e levar apenas quatro atletas, deixando outros 16 para trás, seria
perder essa unidade que nós levamos tanto tempo para construir”, ponderou
Rafaela, que junto com outras mães, questiona a liberação de R$ 15 mil para a
realização do Encontro Nacional de Capoeira. “Nada contra essa modalidade, que
precisa ser apoiada, mas os outros esportes também representam a cidade e
deveriam ser tratados com igualdade”, conclui.
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