No último domingo (21/03) um giro de 34 km pela Serra do Sambê me levou a lugares que eu ainda não conhecia. O caminho chamado de “Trilha dos Italianos” é uma referência a antiga colônia que emigrantes italianos construíram no sertão da Serra do Sambê no início do século 20. Na terra dos “italianos” um dos pontos que visitei é o lugar onde caiu o avião Marimbá, o primeiro acidente aéreo da história do município. O acidente ocorreu numa tarde chuvosa de uma sexta-feira 13 de janeiro de 1939.
Além de visitar um local chamado Batizumba, palavra que significa batismo, localizado no sertão de Lavras (seria um quilombo ou local para celebração religiosa dos africanos escravos?), também visitei a Pedra Fogo, um quebra cabeça gigante formado por inúmeras pedras de estatura descomunal. Encaixadas uma sobre a outra pela Natureza, a estrutura é deslumbrante e intrigante. Coberta pela Mata Atlântica seus mistérios, cavernas e grutas; só podem ser percebidos quando o visitante está sobre a selva de pedras.
A cabeça da vaca e o mirante da Cabeça da Vaca, apontado como pico mais alto da Serra do Sambê (e naturalmente de Rio Bonito) foi outro ponto visitado por mim. A montanha também pode ser considerada um marco divisório entre a Serra do Sambê e Braçanã. Coberto de capim melado e samambaias, o cume oferece ao visitante uma vista sensacional.
O visual do pico Cabeça da Vaca impressiona até o mateiro Pingo que esta habituado a frequentar o local. |
A aeronave era um hidroavião, modelo Junker Ju-52, de fabricação alemã. Voava de Belém/PA para o Rio de janeiro. A última escala havia acontecido em Vitória/ES. O desastre aéreo ocorreu há cerca de 50 Km do destino final. Todos morreram. Cinco tripulantes e cinco passageiros, entre eles uma criança.
Outra curiosidade desse ponto da Serra do Sambê são os sinais da existência de um engenho de farinha. Canos, pedras, escombros, tubos, a vala onde girava a roda d’água; tudo isso pode ser percebido, mas quase tudo está tomado pela floresta. Igual cenário na “Casa Branca”, trecho que recebeu esse nome por conta de uma casa de tabuas pintadas de branco (SIC) que foi construída pelos italianos. No local, hoje, apenas a baixada e alguns sinais do alicerce, uma vez que a moradia foi demolida por um suposto proprietário daquelas terras.
Na porção mais alta da montanha está o pico Cabeça da Vaca. |
Esse giro pela Serra do Sambê permitiu o registro de imagens deslumbrantes, mas mostrou também que existe uma nova versão do “sem noção” entre nós. O “sem noção” dos anos 80 e 90 envelheceu, sossegou o facho, mas tem alguns discípulos. Um dos “sem noção” versão anos 2000 está transtornado e transformando em pasto o que antecessor não destruiu. Além disso, o gado do novo “sem noção” está acabando com inúmeras nascentes ao longo da “Trilha dos Italianos”. Igual cenário pode ser percebido no acesso ao pico da Cabeça da Vaca, pelo sertão de Braçanã, ondo a montanha está sendo desmatada para virar pasto. Vamos em frente! #flavioazevedo
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