domingo, 28 de março de 2021

A paternidade da criança

Eu não sei se você era nascido nos anos 90. Eu era, já cursava o curso Técnico de Enfermagem e lembro que existia uma luta idiota entre prefeituras e governo do estado pela paternidade do Mosquito da Dengue. As prefeituras diziam que o mosquito era do governo do estado e os governos estaduais diziam que o mosquito era das prefeituras. Depois de 10 anos nessa briga infrutífera uma alma iluminada percebeu que a paternidade do mosquito não é do prefeito, não é do governador e muito menos do presidente da República. A realidade é que o mosquito nasce em nossos quintais. Isso significa que o pai do mosquito é a sociedade.

Quando se chegou a essa conclusão, por duas razões o assunto caiu no esquecimento. Primeiro que político não pode falar de comportamento, porque o povo fica ofendido quando alguém diz o óbvio e algumas verdades (isso significa ficar sem voto). E, segundo que a sociedade não está afim de abrir mão dos seus maus hábitos. Por isso ela se ofende quando alguém aponta suas mazelas.

Passados 30 anos dessa briga do Mosquito da Dengue, outra vez autoridades infantilmente se digladiam, agora, pela paternidade do Corona Vírus. É governador brigando com presidente, é presidente brigando com governador, é prefeito brigando com governador e presidente, é Judiciário se metendo onde não deve... Esqueceram que novamente a paternidade da doença não é de nenhum deles e sim da sociedade.

Fecha cidade, abre cidade, fecha comércio, abre comércio, suspende aula, volta aula, bota cerca, bota grade, bota pau no meio da rua; compra vacina, toma vacina, não tomo vacina, cloroquina, tratamento precoce, equipa CTI, compra respirador, arruma vaga, bolsominion, lulalivre, genocida, negacionista, esquerdopata... E boa parte da sociedade está andando para essa situação que preocupa unicamente uma parcela menor, mas barulhenta da sociedade que só fala alto porque conta com setores da mídia.

A realidade é que assim como o Mosquito da Dengue, a paternidade do Corona Vírus é da sociedade. É nítido que a diminuição do número de pessoas circulando e aglomeradas diminui a velocidade de contagio. Também está nítido que estabelecimentos comerciais, pela natureza da sua atividade, acabam promovendo aglomerações e a disseminação da Covid-19 e outras doenças. Todavia, apesar da pandemia e das restrições, as pessoas se aglomeram em casa por conta do aniversário de alguém, para promover uma social, botar o papo em dia, acompanhar o time do coração, aquele banho de piscina (tem feito um calor danado); e todos estão cientes dos riscos da doença, das mortes, dos entubados, dos Decretos etc.

Assim como depende de nós acabar com o Mosquito da Dengue, também depende de nós acabar com a pandemia. E não precisa fechar nada. Seja bar, igreja, feira, cinema, escola, restaurante, escritório, supermercado, oficina, consultório, posto de combustível, banco, loja, salão, academia, cachoeira etc., se cada um fizer a sua parte é possível achatar a tal curva que não achata nunca por culpa nossa.

Ficam os governantes perdendo tempo, se desgastando com questões que envolvem o comportamento das pessoas e com isso deixam de governar, simplesmente porque o brasileiro sofre da “Síndrome do Bebê”. Ou seja, o tempo todo o brasileiro precisa ser tutelado, porque se não pisa no buraco, mete o dedinho na tomada ou pisa no cocô que acabou de fazer. A verdade é que está cansativo para todos. Em casa ou batendo perna, todos estão esgotados. Esse papo de “vamos esperar mais um pouco, porque já vai passar” é uma tremenda lorota. Um ano já passou, não existe perspectiva de fim para essa situação e muita gente cansou de ficar enclausurada. Vamos em frente e vamos tentar fazer a nossa parte. #flavioazevedo

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