A deputada federal, Cristiane Brasil. |
O dinheiro usado para pagar as parcelas de uma dívida trabalhista que a futura ministra do Trabalho, Cristiane Brasil, tem com um ex-motorista; tem saído da conta bancária de uma funcionária lotada em seu gabinete na Câmara. Ela foi processada na Justiça trabalhista por dois ex-motoristas, que alegaram não ter tido a carteira assinada enquanto eram empregados dela. Uma das ações foi movida por Leonardo Eugênio de Almeida Moreira e, nesse caso, a nova ministra fez um acordo para pagar a ele R$ 14 mil, divididos em dez parcelas que começaram a ser repassadas em maio do ano passado.
O advogado do motorista, Carlos Alberto Patrício de Souza, notou que têm saído mensalmente da conta bancária de Vera Lúcia Gorgulho Chaves de Azevedo – e não de Cristiane – os R$ 1,4 mil mensais. Vera Lúcia é funcionária do gabinete de Cristiane Brasil.
– É um absurdo! O dinheiro sai da conta dessa pessoa e entra na do escritório (para ser repassado ao motorista) ao invés de sair da conta da Cristiane Brasil. Cabe à ministra esclarecer os motivos pelos quais uma assessora parlamentar efetua o pagamento, cuja devedora é a própria ministra – disse o advogado, que só pode estar ironizando, uma vez que em todo país é pratica comum, em todos os poderes, os assessores devolverem o salário ou parte dele ao político.
Esquema antigo
A dona da conta de onde sai o dinheiro para pagar a dívida trabalhista é filiada ao PTB e recebe da Câmara um salário líquido de R$ 10,8 mil. Também é mãe de Carolina Chaves, que sucedeu Cristiane na Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida na gestão Eduardo Paes. Atualmente, Carolina é diretora-geral do Arquivo Nacional, por indicação da futura ministra.
Além de Leonardo, o outro motorista que entrou com ação contra Cristiane foi Fernando Fernandes Dias. Foi nesse caso que a ministra do Trabalho foi condenada a pagar R$ 50 mil. Ele contou ter recebido uma ligação de uma assessora de Cristiane, pedindo que ele não desse entrevista e prometendo pagar o valor devido. Fernandes se disse indignado com a nomeação da antiga patroa. “Acho que ela não deveria assumir esse cargo”.
A escolha de Cristiane para o Ministério do Trabalho foi anunciada pelo ex-deputado Roberto Jefferson, pai dela e presidente do PTB. Jefferson chegou a chorar ao conversar com jornalistas, dizendo que a indicação da filha é um resgate ao nome da família, doze anos depois de eclodir o mensalão. Responsável por denunciar o escândalo e réu confesso, ele foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e passou 14 meses preso.
Fonte: G1
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