Flávio Azevedo
O ex-presidente Luiz Ignácio Lula da Silva. |
A principal pauta no noticiário dessa quarta-feira (24/01), o julgamento do ex-presidente Lula; me faz revisitar os conceitos do pensador francês, Guy Debord; que tem na obra “A Sociedade do Espetáculo”, a principal coletânea dos seus pensamentos. Filósofo, agitador social, diretor de cinema, Debord oferece um texto lúcido e demolidor sobre a sociedade moderna, onde aponta a futilidade das esferas públicas e privadas como estratégia das forças econômicas que dominam o mundo após a Segunda Guerra Mundial.
Esporte, Política, Desgraças, Infortúnios, Deformidades, Religiosidade, Acidentes, Desastres Naturais, Aberrações, Crimes e Julgamentos... Tudo é logo transformado, através da mídia, num grande “espetáculo” que forma a “Sociedade do Espetáculo”. Embora seja identificado como pensador de linha Marxista, Guy Debord enxerga esse fenômeno tanto no Ocidente Capitalista (EUA) quanto no Bloco Socialista (URSS), hoje, tratados superficialmente como “Direita” e “Esquerda”, respectivamente.
A liderança política de Lula e essa aura de “messias” que ele carrega, nada mais é do que o efeito maléfico da “Cultura do Espetáculo” numa sociedade que foi treinada a considerar importante somente o que é apresentado como espetáculo. O julgamento do ex-presidente só faltou começar com o tradicional “senhoras e senhores!”, abertura natural aos espetáculos! Lula é um cidadão normal como outro qualquer. Ele tem história de vida como outro qualquer, contribuiu com o país como tantos outros e errou, se equivocou e participou de ilícitos como tantos outros.
Mas existe uma necessidade de espetacularizar o caso, o Lula, a história desde Caetés (onde nasceu), o crime de que é acusado, as eleições 2018, o clima pró Lula e contra Lula ao entorno do Tribunal. Usando um português claro para os conceitos de Guy Debord; nós podemos dizer que isso tudo é uma grande babaquice natural aos países sem Educação e Escolaridade.
Encerro destacando que a “Sociedade do Espetáculo” só sobrevive e se firma por conta da desvalorização e do desrespeito dispensados aos profissionais de Educação, uma estratégia das classes hegemônicas para evitar que educadores exerçam o seu papel em sua plenitude, para que a sociedade siga apreciando espetáculos, personificando coisas e coisificando pessoas.
PS: não sou eleitor do Lula, nunca votei nele e se for candidato não voto nele.
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