Flávio Azevedo
Trabalhadores tomam ruas de Itaboraí/RJ por empregos e volta do Comperj |
Os 11 prefeitos dos municípios que formam o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento da Região Leste Fluminense (Conleste) vão se reunir nessa quarta-feira (14/02), com o presidente da Petrobras, Pedro Parente. O objetivo é discutir a importância da retomada dos investimentos na indústria naval e no Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), além do repasse dos royalties do petróleo para os municípios.
O encontro culmina com uma série de movimentos que as forças sindicais têm feito na Região nas últimas semanas. No último dia 31 de janeiro, por exemplo, trabalhadores do Comperj fizeram uma grande passeata pelas ruas de Itaboraí pedindo a volta das obras do empreendimento da Petrobras. O ato foi organizado pelos Sindicatos dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí, Sintramon (Montagem Industrial) e Sinticom (Construção Civil) e percorreu cerca de cinco quilômetros partindo do Trevo da Reta (entrocamento entre a BR 101 e a RJ 116 que dá acesso ao Comperj) até a Praça Mal. Floriano Peixoto, em frente à Prefeitura, no Centro de Itaboraí. A manifestação ganhou o apoio de populares ao longo do trajeto.
O movimento é uma reação ao anúncio feito pela Petrobras de que as obras na Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) seriam retomadas em 2018 e apenas com empresas estrangeiras. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e Diretor da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Edson Rocha, cobrou mais transparência do presidente do Petrobras nas negociações com a classe trabalhadora.
– O presidente da Petrobras não pode achar que somos ‘bacurais’ para nos enganar com falsas promessas. Um dia afirma que as obras serão retomadas numa data. Depois, sem qualquer respeito, vai para a grande mídia e anuncia que os investimentos só voltarão em 2018. Estão querendo esperar as eleições nacionais para tomarem alguma decisão? – comenta o líder sindical, acrescentando que milhares de trabalhadores estão passando dificuldades. “Em Niterói, temos 3.5 mil metalúrgicos demitidos pelo estaleiro Mauá, sem receber suas indenizações e amargando sérios problemas financeiros”, criticou.
Os líderes sindicais também fizeram menção a decadência que atinge violentamente o comércio de Itaboraí após o fechamento do Comperj. “O comércio local deixou de empregar milhares de famílias. Todos estão perdendo com a paralisação. Os grandes, médios e pequenos empresários estão fechando as portas. Isso faz com que a criminalidade aumente. A retomada imediata das obras é boa pra todo mundo”, afirma o presidente do Sinticom, Manoel Vaz de Lima.
Impactos do fechamento do Comperj
O Comperj chegou a empregar 30 mil trabalhadores diretos e indiretos. Atualmente, a unidade possui apenas 300 empregados. Itaboraí foi um dos municípios mais afetados pelo abandono do projeto, que é alvo de investigação na Operação Lava Jato. Atualmente, a cidade tem três mil salas comerciais vazias em prédios construídos para atender às demandas do megaprojeto. Segundo dados da Prefeitura, só com a desmobilização do complexo, em 2015, a área de construção civil perdeu 12 mil postos de trabalho com carteira assinada. Em todo comércio da cidade outros 15 mil postos de trabalho foram extintos. O impacto também foi sentido na arrecadação do município. Dos R$ 32 milhões arrecadados no auge dos investimentos, R$ 18 milhões advinham do Comperj. Atualmente, esse número se aproxima de R$ 8 milhões.
Fonte: Brasil de Fato
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