Flávio Azevedo
O secretário de Saúde, Matheus Neto; fala observado pelo vereador, Edilon de Souza Ferreira, o Dilon de Boa Esperança. |
Alguns questionamentos seguem sem ser respondidos na mudança de governo que aconteceu em Rio Bonito. Diante de tanto desmando encontrado, nós ainda não recebemos notícias de que o atual governo esteja agindo energicamente para buscar respostas, punir infratores e mostrar a população que quem saiu não deve voltar nunca mais. Servidores com salário de dezembro e 13º atrasados, pagamentos da ordem de R$ 13 milhões a fornecedores (dinheiro que poderia pagar os servidores), veículos oficiais sucateados e depenados; são alguns dos problemas encontrados pela atual gestão.
No último dia 16 de fevereiro, após a primeira sessão Legislativa, os vereadores receberam a visita dos secretários municipais de Administração e Saúde, João Luis Balbino e Matheus Neto, respectivamente. As poucas e precisas perguntas feitas pelos parlamentares ao titular da pasta de Administração deixaram muito nítido que o Decreto de Calamidade Financeira, um dos primeiros Atos Oficiais da gestão Mandiocão, não passou de uma malfadada estratégia política. O que se percebe é que a ideia da atual gestão é colocar uma lente de aumento sobre os efeitos nefastos da gestão anterior, atitude dispensável, uma vez que em cada ponto do município é possível comprovar o poder de destruição de quem saiu.
A sabatina feita com o secretário de Saúde, Matheus Neto; tornou ainda mais claro o quanto a gestão anterior foi nociva para o município. Todavia, não dar clareza aos fatos anunciados e não buscar soluções para os problemas, além de tornar o atual governo conivente com os desmandos e absurdos, confirma uma suspeita que pouca gente tem coragem de dizer: os grupos políticos se alternam no poder, porque existe um revezamento planejado. Por isso, vários ilícitos são acobertados sob o tapete do cinismo e da certeza de impunidade.
Medicamentos sumiram
Aos vereadores, o secretário Matheus Neto contou uma história que precisa ser acompanhada de perto. Aliás, quem deixou o governo já deveria ter vindo a público prestar esclarecimentos. Segundo o secretário, uma carga grande medicamentos desapareceu do almoxarifado da Prefeitura.
– No dia 26/12/2016 foi recebida no almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde, uma quantidade grande medicamentos, mas para minha profunda tristeza quando nós chegamos lá no dia 01/01/2017 faltava muita coisa! Um processo administrativo de investigação já foi iniciado e boa parte dos recursos usados para pagar esses medicamentos era de convênios. Para onde foram esses medicamentos? Eu não posso fazer acusações, mas uma coisa eu posso afirmar: eles foram comprados dia 26/12, pagos dia 29/12 e não estavam lá no dia 01/01/2017 – disse Matheus.
Tomou a palavra do secretário, o vereador Humberto Belgues (PSL), que disse ser essa situação “caso de polícia”. O vereador destacou que “se você comprou dia 26, pagou dia 29 e dia 1º ao abrir a porta, a mercadoria não está lá, a polícia tem que ser acionada, vai investigar e os autores precisam pegar cadeia!”. O secretário agradeceu a fala do vereador e destacou que “algumas pessoas precisam estar preocupadas, porque se as notas foram atestadas, alguém recebeu esse material e se não recebeu deveria ter recebido”, pondera Matheus, reiterando que se a aquisição desses medicamentos foi feita com recursos federais, o que aconteceu é crime federal e a investigação também será realizada pela Polícia Federal.
Reação
Reação
O presidente da Câmara, vereador Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis (PMDB), reagiu a declaração de que “os vereadores não fiscalizaram as ações do poder Legislativo” e acrescentou que na Legislatura anterior a Câmara contava com cinco vereadores que integravam a oposição. A vereadora Marlene Carvalho (PPS) e Claudinho do Bumbum Lanches (PR), que foram reeleitos; os vereadores, Aissar Elias (PMN) e Carlos Luiz Júnior, o Jubinha (PT do B); e atual vice-prefeita, Rita de Cássia. “E por que não fiscalizaram? Ou seja, não é uma questão ser ou não base governista”, disparou Reis, que pediu ao secretário o envio desses documentos para que a Câmara Municipal apure o que aconteceu.
Afirmando não estar interessado em defender nenhum parlamentar, Matheus Neto frisou que “tudo aconteceu no apagar das luzes, no fim do governo e acaba sendo compreensível o caso ter passado despercebido pelos vereadores”. O secretário disse que gostaria de saber como foi possível gastar tantos medicamentos e insumos em uma semana. Ele acrescentou que “é ainda mais complicado, porque a prefeita decretou ponto facultativo na última semana do ano, ou seja, as unidades estavam fechadas e a única unidade em funcionamento era da UPA”. Ainda segundo Matheus, é preciso agir. “O que fizeram foi feito com o povo de Rio Bonito e nós que vivemos aqui não podemos deixar por isso mesmo”.
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