Flávio Azevedo
Segundo um servidor público municipal de Rio Bonito, que cerca de 15 anos atua como zelador em determinada escola da rede municipal, no início do ano ele recebeu um telefonema da empolgada nova gestora escolar o convocando para pintar a unidade. Ele entendeu o entusiasmo da gestora, mas disse que não poderia colaborar, porque além de trabalhar em outro município, ele têm outros compromissos profissionais durante o dia. A gestora disse “você tem que vir”. Ele insistiu que “não seria possível”.
Para surpresa do zelador, dias depois ele foi devolvido a Secretaria Municipal de Educação. O zelador questionou a justificativa da devolução, uma vez que sempre cumpriu o seu horário, está lotado na referida unidade há cerca de 15 anos, além de ser funcionário efetivo do quadro da Prefeitura. A resposta foi que não havia um motivo para a devolução, simplesmente ele foi devolvido.
O servidor entendeu que a devolução aconteceu pela impossibilidade de fazer parte do mutirão. O zelador questiona se essa seria realmente a forma de lidar com um servidor que está lotado há tanto tempo na unidade e se essa é realmente a maneira de lidar com um colega de trabalho. O caso foi denunciado ao núcleo local do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), está documentado e, segundo ele, será encaminhado ao Ministério Público.
– Eu já vi perseguição por causa de política. O cara não apoiou o candidato eleito, fez campanha para o derrotado, mas ser perseguido pelo gestor escolar, porque não foi possível participar de atividades que estão sendo realizadas fora do meu horário de trabalho é um absurdo e posso entender como assédio moral – comenta o servidor, acrescentando que ele tem ouvido outras histórias nesse sentido com outros colegas.
O que fica nítido é que estamos diante de um típico caso que eu identifico como “Síndrome do Capitão do Mato”, uma das doenças mais sérias que existe na máquina pública. Por que “Capitão do Mato”? Bem, todos sabem que o “Capitão do Mato” era o elemento responsável por capturar negros fujões no período que havia escravidão no Brasil. O que algumas pessoas não sabem é que “Capitão do Mato” não era um português loiro de olhos azuis, mas sim um negro de confiança do senhor de engenho. Uma vez investido de “Capitão do Mato”, esse negro tinha a função de castigar os seus iguais e ele fazia isso com prazer e em nome de manter alguma regalia que lhe era dada pelo senhor de engenho.
O que se percebe é que entra governo e sai governo e os “Capitães do Mato” se multiplicam, porque escravos querem manter regalias e porque o senhor de engenho se aproveita da ganância do ser humano. A pergunta que faço é como certas pessoas não tem vergonha de agir dessa maneira, uma vez que meses atrás estavam participando de movimento grevista, cobrando “valorização profissional” e exigindo “respeito aos profissionais de Educação”. Se existe algo que dá medo na natureza criada por Deus é o tal do ser humano.
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