domingo, 5 de fevereiro de 2017

“Alá lá ô” completa 76 anos entre as marchinhas mais tocadas do Carnaval

Flávio Azevedo
A Marchinha “Alá lá ô” explodiu no Carnaval de 1941, mas a sua origem foi um ano antes e surge na cabeça de lendas do Carnaval Carioca como Haroldo Lobo, Antônio Nássara e David Nasser. Outros nomes de peso da música popular do Carnaval e da MPB como, Pixinguinha e Carlos Galhardo, também integram o time que trouxe ao público “Alá lá ô”, marchinha que se tornou um hino nos festejos de Momo em qualquer tempo. 

O compositor, Haroldo Lobo.
Segundo a nossa pesquisa, em 1940 a marchinha de sucesso entre os foliões da Gávea era “Caravana” com a seguinte letra: "Chegou, chegou a nossa caravana / viemos do deserto / sem pão e sem banana pra comer / o sol estava de amargar / queimava a nossa cara / fazia a gente suar".

Meses depois, já pensando no Carnaval de 1941, Haroldo Lobo programava o seu repertório. Para incrementar a canção, ele pediu que Antônio Nássara fizesse um novo trecho para a música daquele ano. Surgiram então os versos: "Viemos do Egito / e muitas vezes nós tivemos que rezar / Alá, Alá, Alá, meu bom Alá / mande água pra Ioiô / mande água pra Iaiá / Alá, meu bom Alá".

O compositor, Antônio Nássara.
Cerca de 40 anos depois, em 1983, o próprio Nássara, em depoimento sobre o assunto, contou que quando Haroldo se empolgou a palavra "Alá" repetida diversas vezes e na hora criou o refrão "Alá-lá-ô, ô-ô-ô ô-ô-ô / mas que calor, ô-ô-ô ô-ô-ô". Pixinguinha foi convidado para fazer os arranjos e assim nasceu a marchinha nos moldes como é cantada, hoje. Originalmente foi gravada na RCA Victor, no fim de 1940, já visando o Carnaval de 1941. A primeira voz a cantar “Alá lá ô” foi a de Carlos Galhardo.

Ainda no depoimento, que foi concedido ao Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, Nássara ressalta a atuação de Pixinguinha, como arranjador, na gravação inicial.
– Era a última sessão de gravação para o carnaval de 41. Se não fosse gravado naquela sessão, só sairia no ano seguinte. Então, corri à casa de Pixinguinha, na rua do Chichorro, no Catumbi. Era um sábado de verão e o maestro, cheio de serviço, estava trabalhando sem camisa, encharcado de suor. Mesmo assim, ele teve a boa vontade de dar prioridade à minha música, começando a fazer imediatamente o arranjo, que ficou uma beleza, com uns três ou quatro enxertos de sua autoria – contou Nássara.

Texto da Série "Carnaval de Antigamente", por Flávio Azevedo.

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