Texto: Flávio
Azevedo
Foto: O Globo
O veículo ficou totalmente destruído |
Seis
pessoas morreram, entre elas duas crianças, numa colisão entre um carro e um
caminhão na RJ 124 (ViaLagos). O acidente aconteceu por volta das 19h dessa
sexta-feira (11/01), no km 37,5 (altura de Araruama) da rodovia. As vítimas
estavam no Kia Cerato, Placa KYK 6754, do Rio de Janeiro, que ficou
completamente destruído. Os veículos seguiam em direções opostas e foram parar
no acostamento. As vítimas pertenciam a mesma família e iam para a casa de
parentes em Iguaba. Chovia no momento do acidente.
Segundo o
ajudante de caminhão, Luiz Fernando dos Santos, um dos três ocupantes do caminhão,
que seguia para Nova Iguaçu/RJ, o motorista do Cerato perdeu a direção, rodopiou, atravessou
a pista e invadiu o sentido Rio de Janeiro da rodovia. No carro viajavam o casal,
Nelza Oliveira Araújo e José Alves Araújo; suas filhas, a advogada Márcia
Araújo e a engenheira Ana Claudia Araújo, e duas netas, Ana Júlia e Lara, de 4
e 8 anos, respectivamente.
De acordo com o
delegado Jorge Maranhão, da 118ª DP (Araruama), a perícia, que deve apresentar
os seus resultados na próxima segunda-feira (14/01), poderá confirmar se o
acidente foi causado pela presença de óleo na pista. Em entrevista a O Globo, o
delegado reclamou a falta da mureta central, dispositivo que poderia evitar
colisões dessa natureza.
– A estrada
não tem muro de proteção e esse tipo de acidente é frequente. Deveria ter uma
divisória ali. Os carros passam em alta velocidade, inclusive em algumas
curvas. Estamos tentando agilizar a perícia – afirmou o delegado, acrescentando
que os acidentes são recorrentes na ViaLagos.
Concessionária se defende
Em nota, a
concessionária CCR ViaLagos informa que vai iniciar uma obra para a instalação
de dispositivo de segurança de separação das pistas nos 53 quilômetros da
rodovia que ainda não possuem a divisória. “Além da implantação da divisória
entre as pistas, os acostamentos serão pavimentados, e o sistema de sinalização
será adaptado ao novo projeto”, diz a nota. As obras começarão no trecho de
Araruama/São Pedro da Aldeia (do quilômetro 30 ao 57).
Nos dias de
maior tráfego, a CCR ViaLagos terá um esquema especial, de modo a não
comprometer a fluidez do trânsito na rodovia. “O projeto encontra-se na
Agetransp (Agência Reguladora) e no DER (Poder Concedente) para aprovação. Tão
logo seja aprovado, a concessionária CCR ViaLagos iniciará a obra, que têm
previsão de término em maio de 2014”, finaliza a nota.
Repercussão
Nos sites
que noticiaram o acidente a indignação toma conta dos internautas. A falta da
mureta central, dispositivo reclamado há muito tempo pelos usuários da via; a tarifa,
considerada a mais alta do Brasil; e a morosidade das autoridades em exigir as
mudanças reclamadas por quem trafega na ViaLagos, predominam nos comentários.
“Autoridades aqui quem vos fala é um usuário da ViaLagos, favor obrigar a concessionária a colocar a mureta, mureta, mureta, mureta, mureta, mureta, mureta, mureta, uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuurgente”, escreveu Marcelo Rodrigues, que acrescentou, “a concessionária ViaLagos deve ter algum privilégio com as autoridades. Além de ser uma das tarifas mais caras do Brasil, não coloca a mureta de proteção entre os sentidos opostos. Basta um carro sair da linha que atinge o outro de frente, transformando esta via num banho de sangue. A Região dos Lagos é uma das mais visitadas do Brasil recebendo perto de um milhão de turistas no verão”.
Já Carlos
Roberto de Almeida Leal escreveu: “com todo o respeito às vítimas, dá para
se ver que, pelo estado do automóvel, o seu condutor aparentemente estava
dirigindo em altíssima velocidade. E, assim, vidas inocentes vão sendo ceifadas
prematuramente e os que ficam, nesta vida, sofrem as dores de perdas
irreparáveis. Não é só o estado lastimável de determinadas estradas que geram
acidentes. Até quando as pessoas se conscientizarão de que é o veículo que é
comandado por elas e não o contrário? Enquanto isso, a estatística só aumenta”.
"Falta seriedade e coragem"
"Falta seriedade e coragem"
Na reunião do
Conselho Comunitário de Segurança de novembro (2012), eu falei sobre o acidente
no Castelo (Km 17), que teve saldo de 6 mortes e 7 feridos (02/11/2012). Na
oportunidade eu perguntei: “quem seriam as próximas vítimas?”. E nós já temos
essas vítimas. No dia 29/12, três pessoas de uma mesma família morreram na Via
Lagos. Sobrou apenas a pequena Pietra Bispo, de 5 anos. Ela ficou dois dias
internada, sozinha, na UPA de Araruama, até que familiares souberam onde ela
estava através de uma matéria exibida pelo Fantástico. Nessa sexta-feira
(11/01), mais uma família desapareceu na Rodovia.
Voltando ao
Conselho de Segurança do dia 5 de novembro, eu me recordo de ter visto caras de
espanto em alguns (com o tom das minhas palavras) e afeições de discordância em
outros. Quando eu falei em manifestações e mobilização contra tudo isso, eu fui
classificado como “romântico” por gente importante que estava presente na
reunião.
Eu me pergunto:
“será que essas famílias dilaceradas discordariam da minha fala... Será que
essas famílias me classificariam como ‘romântico’?”. Eu tenho a nítida
impressão que os familiares das vítimas da ViaLagos (desse e de centenas de
outros acidentes) não pensam ser inoportuna uma manifestação que tenha como
objetivo chamar atenção das autoridades para esse problema que se arrasta há 16
anos.
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