Flávio
Azevedo
A Rosa é a flor mais presente nos Contos de Fada, seja como figura de fundo ou como elemento essencial à história. |
Conta-se
que num reino muito distante, na Idade Média, um príncipe decidiu se casar. Mas
ele queria uma mulher que fosse sincera e honesta. O que fazer? Como encontrar
essa mulher? Ele teve uma ideia. Distribuiu sementes de roseira entre todas as
moças do reino e determinou: “aquela que trouxer a roseira mais bela, e, bem
cuidada, em prazo determinado, essa será a minha noiva”!
Passado o tal período, uma fila enorme se formava ao
longo do castelo. Uma, uma, as moças iam passando com roseiras belíssimas e magníficas
rosas diante do príncipe. Entre elas, muito sem graça estava a humilde filha de
um lenhador. Bela jovem, muito pobre, mas de bom coração e conhecida pela sua honestidade.
Entretanto, ao plantar e cultivar a semente, ela percebeu, com desespero, que a
semente não produziu uma roseira, mas um arbusto desconhecido.
Ela cultivou aquele arbusto, embalou a planta, e com ele
na mão se submeteu a presença do príncipe. Ao ver aquela moça com um arbusto sem
graça entre tantas roseiras, o nobre perguntou: “moça, porque você está nessa
fila com um arbusto, se eu mandei trazer uma roseira?”. Encabulada, mas sem
perder a sua honradez, ela esclareceu que aquela tinha sido a planta que nasceu
da semente que ele havia lhe dado.
Alguns riram da humilde filha do lenhador. O príncipe,
porém, se manteve sério e olhando para a jovem. Depois de refletir por alguns segundos,
ele disse: “Já escolhi a minha noiva”. E apontando para a jovem do arbusto
continuou: “essa será a minha futura esposa!”. A comoção foi geral e,
logicamente, a célebre pergunta, “por que, se essa moça sequer lhe trouxe uma
rosa conforme combinado?”, não pode deixar de ser feita.
Com tranquilidade, o príncipe esclareceu que não deu
semente de roseiras a ninguém. A nenhuma jovem. “Todas as moças levaram semente
de qualquer coisa, mas entre todas as jovens do meu reino, somente essa foi
honesta o suficiente para trazer a semente que eu havia lhe dado”, assegurou.
As outras, entre elas as filhas dos ministros e altos oficiais da corte, todas
elas compraram as roseiras na tentativa de enganar o príncipe!
Creio
não ser preciso escrever mais nada, mas gostaria de deixar aqui aquela célebre
declaração de Rui Barbosa!
“De tanto ver
triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a
injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem
chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser
honesto”.
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