domingo, 3 de fevereiro de 2013

Renan Calheiros volta a comandar o Senado Federal


Flávio Azevedo

O parlamento brasileiro, seja o Senado, o Congresso, ou as Casas Legislativas estaduais ou municipais,  continuam de costas para o povo e caminhando na contra-mão do que se entende por moralidade e ética.
A prova de que o Brasil está anos luz de distância de ser um país sério ocorreu em Brasília, Na última sexta-feira (01/02), quando o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que não deveria sequer ocupar esse cargo, foi eleito presidente do Senado com 56 votos dos seus colegas (ou comparsas). Indicado pelo PMDB e alvo de denúncia da Procuradoria Geral da República, Renan assume a presidência pela terceira vez. Ele presidiu a Casa pela primeira vez em fevereiro de 2005 e foi reconduzido ao cargo em fevereiro de 2007, quando deixou a função sob denúncias de que usou dinheiro de lobista para pagar pensão de uma filha fora do casamento.

Absolvido pelo plenário – composto por colegas ou comparsas, nunca se sabe – Calheiros continuou como senador e era, até agora, líder da bancada do PMDB no Senado. Em razão dos mesmos fatos de 2007, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, denunciou o Renan ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos. Se o Supremo aceitar a denúncia, Renan Calheiros será réu e responderá a processo criminal.

A denúncia enfraqueceu a candidatura do peemedebista, que perdeu apoio do PSDB e até do PSB, partido aliado do governo federal, mas ele continuou favorito ao cargo, porque contou com votos do PT, da maioria dos partidos da base aliada e dos peemedebistas, com exceção dos "independentes", que não costumam seguir orientação partidária.

O peemedebista disputou o posto com Pedro Taques (PDT-MT), que teve apoio de partidos da oposição e de senadores "independentes", Taques teve 18 votos. Dois senadores votaram em branco e dois senadores votaram nulo. Renan vai substituir José Sarney (PMDB-AP) – quem seria pior? – e torna-se o terceiro na linha de sucessão para presidente da República, atrás apenas do vice-presidente da República e do presidente da Câmara dos Deputados. Renan vai comandar um orçamento de mais de R$ 3,5 bilhões e mais de 6,4 mil funcionários.

Concluo com a brilhante colocação do músico riobonitense Matheus Prevot. Ele escreveu no perfil do seu Facebook: “E o Calheiros, hein? Você está revoltado, é? Ta na rua protestando? Nem Eu... Acho que a gente merece!”.

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