Flávio
Azevedo
A prova de
que o Brasil está anos luz de distância de ser um país sério ocorreu em
Brasília, Na última sexta-feira (01/02), quando o senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), que não deveria sequer ocupar esse cargo, foi eleito presidente do
Senado com 56 votos dos seus colegas (ou comparsas). Indicado pelo PMDB e alvo
de denúncia da Procuradoria Geral da República, Renan assume a presidência pela
terceira vez. Ele presidiu a Casa pela primeira vez em fevereiro de 2005 e foi reconduzido
ao cargo em fevereiro de 2007, quando deixou a função sob denúncias de que usou
dinheiro de lobista para pagar pensão de uma filha fora do casamento.
Absolvido
pelo plenário – composto por colegas ou comparsas, nunca se sabe – Calheiros continuou
como senador e era, até agora, líder da bancada do PMDB no Senado. Em razão dos
mesmos fatos de 2007, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
denunciou o Renan ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada pelos crimes
de peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos. Se o Supremo
aceitar a denúncia, Renan Calheiros será réu e responderá a processo criminal.
A denúncia
enfraqueceu a candidatura do peemedebista, que perdeu apoio do PSDB e até do
PSB, partido aliado do governo federal, mas ele continuou favorito ao cargo, porque
contou com votos do PT, da maioria dos partidos da base aliada e dos
peemedebistas, com exceção dos "independentes", que não costumam
seguir orientação partidária.
O
peemedebista disputou o posto com Pedro Taques (PDT-MT), que teve apoio de
partidos da oposição e de senadores "independentes", Taques teve 18
votos. Dois senadores votaram em branco e dois senadores votaram nulo. Renan
vai substituir José Sarney (PMDB-AP) – quem seria pior? – e torna-se o terceiro
na linha de sucessão para presidente da República, atrás apenas do
vice-presidente da República e do presidente da Câmara dos Deputados. Renan vai
comandar um orçamento de mais de R$ 3,5 bilhões e mais de 6,4 mil funcionários.
Concluo com
a brilhante colocação do músico riobonitense Matheus Prevot. Ele escreveu no perfil do seu Facebook: “E o Calheiros, hein? Você está revoltado, é? Ta na rua protestando?
Nem Eu... Acho que a gente merece!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário