Flávio Azevedo
Os problemas de saúde de Bento XVI são reais assim como também é real os problemas de saúde que atingem a religião (católica e evangélica) em todo mundo. |
Depois de
anunciar a sua renuncia a um dos postos mais importantes do mundo, o Papa Bento
XVI afirmou nesta quarta-feira (13/02), durante a Missa de Quarta de Cinzas,
que a Igreja "está desfigurada" pelas "divisões em seu corpo
eclesiástico". O pontífice rezou a aguardada Missa de Cinzas sob grande
expectativa, dois dias após o anúncio de que vai renunciar ao pontificado no
próximo dia 28 de fevereiro. “A qualidade e a verdade da relação com Deus é o
que certifica a autenticidade de todos os sinais religiosos", disse o
pontífice no sermão.
O Papa
também denunciou a "hipocrisia religiosa, o comportamento dos que querem
aparentar, as atitudes que buscam os aplausos e a aprovação". Mais cedo,
em sua primeira fala em público desde que anunciou sua renúncia, ele disse que
tomou a decisão de abandonar o pontificado "em plena liberdade, pelo bem
da Igreja". O pontífice alemão, de 85 anos, reiterou que está consciente
da gravidade da decisão, mas também que está consciente da diminuição de suas
forças espirituais e físicas. O surpreendente discurso da renúncia, a primeira
de um papa em séculos, foi feito entre ás 8h30 e 8h40 do horário brasileiro,
segundo o Vaticano. A Santa Sé anunciou que o papado, exercido pelo teólogo
alemão desde 2005, vai ficar vago até que o sucessor seja escolhido,
Bento XVI,
ou Joseph Ratzinger, foi eleito para suceder João Paulo II, um dos pontífices
mais populares da história. Ele foi escolhido em 19 de abril de 2005, quando
tinha 78 anos, 20 anos mais idoso do que seu predecessor quando foi eleito. O caminho
de Bento XVI foi marcado por algumas crises, com várias denúncias de abuso
sexual de crianças e adolescentes; o acobertamento dessas situações por parte
do clero católico em vários países (isso abalou a igreja); por um discurso
que desagradou os mulçumanos; e também por um escândalo envolvendo o
vazamento de documentos privados (o acusado foi o seu mordomo), que revelaram os
bastidores da luta interna pelo poder na Santa Sé.
Os
escândalos de pedofilia o levaram, em várias ocasiões, a expressar um pedido de
perdão público às vítimas e parentes e a reconhecer, durante sua viagem a
Portugal, em maio de 2010, que a maior
perseguição que a Igreja sofria não vinha de seus "inimigos externos"
e sim de seus "próprios pecados". Na ocasião, ele prometeu que os
culpados responderiam "ante Deus e a justiça ordinária" pelos crimes.
Bento XVI tomou medidas que confirmaram o seu perfil conservador, como
autorizar a missa em latim, em setembro de 2007.
Nas
questões morais, ele se manteve inflexível. Em nome da defesa da vida, Bento
XVI manteve a condenação do aborto, da manipulação genética, da eutanásia e do
casamento gay. Segundo ele, o
cristianismo só é crível se for exigente. Bento XVI prefere uma Igreja minoritária e convencida a uma
grande comunidade de fé vaga.
Em todo
mundo é acentuada a queda de popularidade da Igreja Católica e o decréscimo de
fiéis, sobretudo no Brasil, um dos maiores países católicos do mundo. Em julho,
no Encontro Mundial da Juventude, o Papa estaria no Brasil e não se sabe se o
novo pontífice vai manter as agendas de Bento XVI. Diante desse cenário, não resta
dúvida que não é só a velhice, a Saúde debilitada e o cansaço natural da idade
que provoca a renuncia de Bento XVI.
O Papa Bento XVI durante a solenidade onde ele anunciou oficialmente a sua renúncia . |
É lógico
que o Vaticano fará questão de noticiar que “está tudo bem”, mas não está. Em
entrevista ao jornal Hoje dessa quarta-feira (13/02), o Cardeal Dom Raymundo
Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, comentou que “a igreja precisa
acompanhar a modernidade e o caminhar do mundo, porque ela (a Igreja) está no
mundo”. A declaração deixa claro que o novo Papa terá como missão o reencontro
com a Igreja; com os jovens; e com temas complexos propostos pela modernidade. Estamos
falando de assuntos como o homossexualismo, o aborto, entre outros.
O
secularismo e o relativismo, sempre presentes em toda denominação religiosa e
sempre combatida com rigor, sobretudo pela Igreja Católica (postura que
desagrada muitos setores da Igreja) é outro tema que deverá ter especial
atenção do novo sumo pontífice. Vamos aguardar o que se sucederá a partir de
hoje, qual a será a postura da Igreja a partir da renúncia de Bento XVI e que
medidas mediatas e imediatas serão anunciadas pela Igreja Católica nas próximas
semanas.
Sobre os
novos caminhos que querem dar as igrejas, sejam elas católicas ou evangélicas, certamente
é salutar uma profunda reflexão em dois trechos bíblicos, porque os pseudos reformadores
de igreja estão esquecendo detalhes importantes que estão relacionados a um
processo que começa com o arrependimento, passa pelo perdão, atinge a conversão
e culmina na santificação. Sobre os trechos que recomendamos para reflexão, o primeiro
está escrito na primeira carta de S. Paulo a igreja de Corinto. Diz assim: “...
Se alguém está em Cristo, nova criatura
é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo” (1º Coríntios 5.17).
O segundo
trecho está no evangelho de João, mais precisamente no capitulo 8, versos 1 a
11, onde uma mulher adúltera, que segundo a tradição deveria ser apedrejada, é
colocada diante de Jesus para que Ele a sentenciasse. “Aquele que não tiver
pecado atire a primeira pedra”, disse o mestre. Como não havia santo entre os
seus acusadores, eles colocaram a viola no saco e saíram disfarçadamente. Jesus
disse a mulher: “eu também não te condeno, vai
e não peques mais”. Só para lembrar, a mulher veio como estava (impura),
foi perdoada e recebeu a orientação que muitos parecem esquecer “... Vai e não peques mais”.
“Onde estão os teus acusadores? Vai e não peques mais”. |
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