quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Bento XVI renuncia o cargo de Papa e deixa explícitas as divisões internas da Igreja Católica


Flávio Azevedo

Os problemas de saúde de Bento XVI são reais assim como também é real os problemas de saúde que atingem a religião  (católica e evangélica) em todo mundo.
Depois de anunciar a sua renuncia a um dos postos mais importantes do mundo, o Papa Bento XVI afirmou nesta quarta-feira (13/02), durante a Missa de Quarta de Cinzas, que a Igreja "está desfigurada" pelas "divisões em seu corpo eclesiástico". O pontífice rezou a aguardada Missa de Cinzas sob grande expectativa, dois dias após o anúncio de que vai renunciar ao pontificado no próximo dia 28 de fevereiro. “A qualidade e a verdade da relação com Deus é o que certifica a autenticidade de todos os sinais religiosos", disse o pontífice no sermão.

O Papa também denunciou a "hipocrisia religiosa, o comportamento dos que querem aparentar, as atitudes que buscam os aplausos e a aprovação". Mais cedo, em sua primeira fala em público desde que anunciou sua renúncia, ele disse que tomou a decisão de abandonar o pontificado "em plena liberdade, pelo bem da Igreja". O pontífice alemão, de 85 anos, reiterou que está consciente da gravidade da decisão, mas também que está consciente da diminuição de suas forças espirituais e físicas. O surpreendente discurso da renúncia, a primeira de um papa em séculos, foi feito entre ás 8h30 e 8h40 do horário brasileiro, segundo o Vaticano. A Santa Sé anunciou que o papado, exercido pelo teólogo alemão desde 2005, vai ficar vago até que o sucessor seja escolhido,

Bento XVI, ou Joseph Ratzinger, foi eleito para suceder João Paulo II, um dos pontífices mais populares da história. Ele foi escolhido em 19 de abril de 2005, quando tinha 78 anos, 20 anos mais idoso do que seu predecessor quando foi eleito. O caminho de Bento XVI foi marcado por algumas crises, com várias denúncias de abuso sexual de crianças e adolescentes; o acobertamento dessas situações por parte do clero católico em vários países (isso abalou a igreja); por um discurso que desagradou os mulçumanos; e também por um escândalo envolvendo o vazamento de documentos privados (o acusado foi o seu mordomo), que revelaram os bastidores da luta interna pelo poder na Santa Sé.

Os escândalos de pedofilia o levaram, em várias ocasiões, a expressar um pedido de perdão público às vítimas e parentes e a reconhecer, durante sua viagem a Portugal, em maio de 2010, que a maior perseguição que a Igreja sofria não vinha de seus "inimigos externos" e sim de seus "próprios pecados". Na ocasião, ele prometeu que os culpados responderiam "ante Deus e a justiça ordinária" pelos crimes. Bento XVI tomou medidas que confirmaram o seu perfil conservador, como autorizar a missa em latim, em setembro de 2007.

Nas questões morais, ele se manteve inflexível. Em nome da defesa da vida, Bento XVI manteve a condenação do aborto, da manipulação genética, da eutanásia e do casamento gay. Segundo ele, o cristianismo só é crível se for exigente. Bento XVI prefere uma Igreja minoritária e convencida a uma grande comunidade de fé vaga.

Em todo mundo é acentuada a queda de popularidade da Igreja Católica e o decréscimo de fiéis, sobretudo no Brasil, um dos maiores países católicos do mundo. Em julho, no Encontro Mundial da Juventude, o Papa estaria no Brasil e não se sabe se o novo pontífice vai manter as agendas de Bento XVI. Diante desse cenário, não resta dúvida que não é só a velhice, a Saúde debilitada e o cansaço natural da idade que provoca a renuncia de Bento XVI.

O Papa Bento XVI durante a solenidade onde ele anunciou oficialmente a sua renúncia .
É lógico que o Vaticano fará questão de noticiar que “está tudo bem”, mas não está. Em entrevista ao jornal Hoje dessa quarta-feira (13/02), o Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, comentou que “a igreja precisa acompanhar a modernidade e o caminhar do mundo, porque ela (a Igreja) está no mundo”. A declaração deixa claro que o novo Papa terá como missão o reencontro com a Igreja; com os jovens; e com temas complexos propostos pela modernidade. Estamos falando de assuntos como o homossexualismo, o aborto, entre outros.

O secularismo e o relativismo, sempre presentes em toda denominação religiosa e sempre combatida com rigor, sobretudo pela Igreja Católica (postura que desagrada muitos setores da Igreja) é outro tema que deverá ter especial atenção do novo sumo pontífice. Vamos aguardar o que se sucederá a partir de hoje, qual a será a postura da Igreja a partir da renúncia de Bento XVI e que medidas mediatas e imediatas serão anunciadas pela Igreja Católica nas próximas semanas.

Sobre os novos caminhos que querem dar as igrejas, sejam elas católicas ou evangélicas, certamente é salutar uma profunda reflexão em dois trechos bíblicos, porque os pseudos reformadores de igreja estão esquecendo detalhes importantes que estão relacionados a um processo que começa com o arrependimento, passa pelo perdão, atinge a conversão e culmina na santificação. Sobre os trechos que recomendamos para reflexão, o primeiro está escrito na primeira carta de S. Paulo a igreja de Corinto. Diz assim: “... Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo” (1º Coríntios 5.17).

O segundo trecho está no evangelho de João, mais precisamente no capitulo 8, versos 1 a 11, onde uma mulher adúltera, que segundo a tradição deveria ser apedrejada, é colocada diante de Jesus para que Ele a sentenciasse. “Aquele que não tiver pecado atire a primeira pedra”, disse o mestre. Como não havia santo entre os seus acusadores, eles colocaram a viola no saco e saíram disfarçadamente. Jesus disse a mulher: “eu também não te condeno, vai e não peques mais”. Só para lembrar, a mulher veio como estava (impura), foi perdoada e recebeu a orientação que muitos parecem esquecer “... Vai e não peques mais”.
 “Onde estão os teus acusadores? Vai e não peques mais”.

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