domingo, 17 de fevereiro de 2013

Parabéns e obrigado Roberto Baggio!


Flávio Azevedo

Roberto Baggio, em campo, defendendo a seleção italiana de futebol.
Completa 46 anos nesse dia 18 de fevereiro, o inesquecível jogador de futebol italiano, Roberto Baggio. Tenham certeza que o termo inesquecível não é pelos seus belos olhos, nem pela pinta de galã do ex-jogador. Ele é inesquecível por conta do pênalti que não converteu na final da Copa do Mundo de 1994, quando o Brasil se sagrou tetra campeão mundial. Naquele dia 17/07/1994, aos 27 anos e no auge da carreira (havia sido eleito o melhor jogador do mundo no ano anterior pela FIFA), Baggio entrou para a galeria dos vilões, no futebol italiano; e para a galeria dos heróis inusitados do futebol brasileiro.

Considerado um dos maiores jogadores de todos os tempos do futebol italiano, desbancando, para alguns, o lendário Giuseppe Meazza, Roberto Baggio, que nasceu na cidade de Caldogno, em 18 de fevereiro de 1967, chegou a Copa de 1994 ostentando a banca de melhor jogador do planeta. Aliás, como Giuseppe Meazza, Roberto Baggio faz parte de um seleto grupo de atletas que tiveram a oportunidade de vestir a camisa dos três maiores clubes italianos: Juventus, Milan e Internazionale.

Na Copa do Mundo de 1994, disputada nos Estados Unidos, a “Squadra Azzurra” classificou-se no susto, mas acertou o passo nas fases eliminatórias e muito por conta do talento de Roberto Baggio, que liderou a Itália nas fases finais. Ele marcou os dois gols da vitória (2x1) de virada sobre a Nigéria nas oitavas-de-final; e marcou novamente ao final da partida, nas quartas de final, no jogo contra a Espanha (vitória por 2x1).

Ele voltaria a marcar duas vezes na semifinal, em novo 2x1, dessa vez contra uma das sensações daquele mundial, a Bulgária de Hristo Stoichkov, que fez dupla inesquecível com o baixinho Romário no Barcelona no início dos anos 90. Segundo a imprensa italiana, Roberto Baggio saiu lesionado dessa partida (contra a Bulgária) e no jogo final, contra o Brasil, jogou no sacrifício e foi uma figura apagada em campo. Depois de um teimoso 0x0, pela primeira vez a final da Copa encaminhou-se para a disputa de pênaltis.

A bola passou sobre o gol de Taffarel , segundo o próprio Baggio, por "interferência de  Ayrton Senna".
O meia seria o último italiano a chutar e já havia visto os companheiros Baresi (outro lendário atleta italiano) e Massaro desperdiçarem as suas partidas. O grande diferencial da Itália até aquele momento, porém (era o vice-artilheiro da competição), acabou chutando a bola sobre o gol de Taffarel.

Em 2006, em entrevista à revista Placar, o italiano disse que Ayrton Senna foi o amuleto do Brasil naquele mundial: “Só erra um pênalti quem tem coragem de batê-lo. Naquele dia, decidi bater e errei. Ponto final. Faz parte do jogo. Aquilo me marcou por muitos anos e ainda sonho com isso. Apagar aquele pesadelo da mente foi difícil. Se pudesse cancelar aquela imagem da minha vida, cancelaria. Mas a vida ensina muitas coisas e entendi que, quando um homem se deixa vencer pela derrota, está renunciando à vida. Aquele momento foi importante para mim. O ano de 1994 foi o ano em que o Ayrton Senna morreu. Eu jamais havia errado um pênalti daquele jeito, para o alto. E a bola partiu para o céu... Acho que foi um presente para o Ayrton”.

O ex-jogador voltou a citar o piloto brasileiro em nova entrevista, dessa vez em 2010: “Nunca havia cobrado um pênalti por cima do gol. Acho que foi o Senna que puxou aquela bola para o alto. Acredito que foi ele que fez o Brasil vencer. (...) É uma ferida que nunca vai se fechar. Sempre sonhei disputar uma final de Copa do Mundo e o rival dos meus sonhos era o Brasil. Quando tive a oportunidade, desperdicei aquele pênalti. (...) Na hora, quis cavar um buraco para me esconder. Depois, pensei que, como o Brasil tem muito mais habitantes que a Itália, eu fiz mais gente feliz com aquela cobrança”.

Considerações

Atualmente, Roberto Baggio vive na sua cidade natal longe da badalação do mundo do futebol.
O jogador Roberto Baggio foi um dos maiores meio campistas que eu vi defender a seleção de futebol da Itália. Ele faz parte de uma geração de atletas vencedores e inesquecíveis como Walter Zenga (goleiro), Franco Baresi (líbero), Giuseppe Bergomi (defensor), Luiggi De Agostini (defensor), Paolo Maldini (defensor), Andrea Carnevale (atacante), Roberto Donadoni (atacante), Aldo Serena (atacante), Gianluca Vialli (atacante), entre outros. Vários deles não conseguiram ser campeões mundiais numa Copa do Mundo.

Como aconteceu com o brasileiro Zico, um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro e mundial, Baggio também não conseguiu coroar a carreira com uma Copa do Mundo. Curiosamente, em 1982, jogando em uma das melhores seleções brasileiras da história, Zico e seus 10 companheiros foram eliminados exatamente pela Itália, que embora tenha sido campeã do mundo (contra a Alemanha), dispunha de um elenco inferior ao do Brasil que contava com Valdir Peres, Leandro, Oscar, Edinho e Júnior; Falcão, Toninho Cerezo, Sócrates e Zico; Serginho Chulapa e Éder Aleixo. Completavam a equipe que era dirigida por Telê Santana, os jogadores Luisinho, Paulo Sérgio, Carlos, Edevaldo, Edinho, Juninho, Pedrinho, Batista, Paulo Isidoro, Dirceu, Renato e Roberto Dinamite.

OBS: o centro-avante Careca, promissor jogador que ainda muito jovem foi campeão brasileiro pelo Guarani de Campinas (1978), só não fez parte desse grupo de 1982, talvez como titular, por conta de uma contusão que o afastou dos gramados naquele período.

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