Flávio Azevedo
Roberto Baggio, em campo, defendendo a seleção italiana de futebol. |
Completa 46 anos
nesse dia 18 de fevereiro, o inesquecível jogador de futebol italiano, Roberto
Baggio. Tenham certeza que o termo inesquecível não é pelos seus belos olhos,
nem pela pinta de galã do ex-jogador. Ele é inesquecível por conta do pênalti
que não converteu na final da Copa do Mundo de 1994, quando o Brasil se sagrou
tetra campeão mundial. Naquele dia 17/07/1994, aos 27 anos e no auge da
carreira (havia sido eleito o melhor jogador do mundo no ano anterior pela FIFA),
Baggio entrou para a galeria dos vilões, no futebol italiano; e para a galeria
dos heróis inusitados do futebol brasileiro.
Considerado um dos
maiores jogadores de todos os tempos do futebol italiano, desbancando, para
alguns, o lendário Giuseppe Meazza, Roberto Baggio, que nasceu na cidade de Caldogno,
em 18 de fevereiro de 1967, chegou a Copa de 1994 ostentando a banca de melhor
jogador do planeta. Aliás,
como Giuseppe Meazza, Roberto Baggio faz parte de um seleto grupo de
atletas que tiveram a oportunidade de vestir a camisa dos três maiores clubes
italianos: Juventus, Milan e Internazionale.
Na Copa do Mundo de 1994,
disputada nos Estados Unidos, a “Squadra
Azzurra” classificou-se no susto,
mas acertou o passo nas fases eliminatórias e muito por conta do talento de Roberto
Baggio, que liderou a Itália nas fases finais. Ele marcou os dois gols
da vitória (2x1) de virada sobre a Nigéria nas
oitavas-de-final; e marcou novamente ao final da partida, nas quartas de
final, no jogo contra a Espanha (vitória
por 2x1).
Ele voltaria a marcar duas
vezes na semifinal, em novo 2x1, dessa vez contra uma das sensações daquele mundial, a Bulgária de Hristo Stoichkov, que fez
dupla inesquecível com o baixinho Romário no Barcelona no início dos anos 90.
Segundo a imprensa italiana, Roberto Baggio saiu lesionado dessa partida (contra
a Bulgária) e no jogo final, contra o Brasil, jogou no sacrifício e foi uma
figura apagada em campo. Depois de um teimoso 0x0, pela primeira vez a final da
Copa encaminhou-se para a disputa de pênaltis.
A bola passou sobre o gol de Taffarel , segundo o próprio Baggio, por "interferência de Ayrton Senna". |
O meia seria o último
italiano a chutar e já havia visto os companheiros Baresi (outro lendário
atleta italiano) e Massaro desperdiçarem as suas partidas. O grande diferencial
da Itália até aquele momento, porém (era o vice-artilheiro da competição), acabou
chutando a bola sobre o gol de Taffarel.
Em 2006, em entrevista à
revista Placar, o italiano disse que Ayrton
Senna foi o amuleto do Brasil naquele mundial: “Só erra um pênalti quem tem coragem de batê-lo. Naquele dia, decidi
bater e errei. Ponto final. Faz parte do jogo. Aquilo me marcou por muitos anos
e ainda sonho com isso. Apagar aquele pesadelo da mente foi difícil. Se pudesse
cancelar aquela imagem da minha vida, cancelaria. Mas a vida ensina muitas
coisas e entendi que, quando um homem se deixa vencer pela derrota, está
renunciando à vida. Aquele momento foi importante para mim. O ano de 1994 foi o ano em que o Ayrton Senna morreu. Eu jamais
havia errado um pênalti daquele jeito, para o alto. E a bola partiu para o
céu... Acho que foi um presente para o Ayrton”.
O ex-jogador voltou a citar
o piloto brasileiro em nova entrevista, dessa vez em 2010: “Nunca havia
cobrado um pênalti por cima do gol. Acho que foi o Senna que puxou aquela bola
para o alto. Acredito que foi ele que fez o Brasil vencer. (...) É uma ferida
que nunca vai se fechar. Sempre sonhei disputar uma final de Copa do Mundo e o
rival dos meus sonhos era o Brasil. Quando tive a oportunidade, desperdicei
aquele pênalti. (...) Na hora, quis cavar um buraco para me esconder. Depois,
pensei que, como o Brasil tem muito mais habitantes que a Itália, eu fiz mais
gente feliz com aquela cobrança”.
Considerações
Atualmente, Roberto Baggio vive na sua cidade natal longe da badalação do mundo do futebol. |
O jogador
Roberto Baggio foi um dos maiores meio campistas que eu vi defender a seleção de
futebol da Itália. Ele faz parte de uma geração de atletas vencedores e inesquecíveis
como Walter Zenga (goleiro), Franco Baresi (líbero), Giuseppe Bergomi (defensor),
Luiggi De Agostini (defensor), Paolo Maldini (defensor), Andrea Carnevale (atacante),
Roberto Donadoni (atacante), Aldo Serena (atacante), Gianluca Vialli (atacante),
entre outros. Vários deles não conseguiram ser campeões mundiais numa Copa do
Mundo.
Como aconteceu
com o brasileiro Zico, um dos maiores jogadores da história do futebol
brasileiro e mundial, Baggio também não conseguiu coroar a carreira com uma
Copa do Mundo. Curiosamente, em 1982, jogando em uma das melhores seleções
brasileiras da história, Zico e seus 10 companheiros foram eliminados exatamente
pela Itália, que embora tenha sido campeã do mundo (contra a Alemanha), dispunha
de um elenco inferior ao do Brasil que contava com Valdir Peres,
Leandro, Oscar, Edinho e Júnior; Falcão, Toninho Cerezo, Sócrates e Zico; Serginho
Chulapa e Éder Aleixo. Completavam a equipe que era dirigida por Telê Santana, os
jogadores Luisinho, Paulo Sérgio, Carlos, Edevaldo, Edinho, Juninho, Pedrinho, Batista,
Paulo Isidoro, Dirceu, Renato e Roberto Dinamite.
OBS: o centro-avante Careca, promissor jogador que ainda muito
jovem foi campeão brasileiro pelo Guarani de Campinas (1978), só não fez parte
desse grupo de 1982, talvez como titular, por conta de uma contusão que o
afastou dos gramados naquele período.
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