quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Chuva forte provoca alagamentos e estragos em Rio Bonito

Por Lívia Louzada

Apenas 50 minutos, mas o suficiente para fazer estragos na cidade. A forte chuva que caiu em Rio Bonito no final da tarde da última segunda-feira (13), que veio precedida de fortes ventos, surpreendeu a todos, inclusive aos profissionais da área. A previsão do volume de chuva da Defesa Civil para a cidade, não chegava perto dos 125 mm de água que acabaram alagando vários bairros. As localidades de Cambucás (Rato Molhado), Duas Barras, Praça B. Lopes (Buraco da Coruja), Loteamento Schueller, Green Valley, Praça Cruzeiro e Boqueirão, foram apenas algumas onde a Defesa Civil do município registrou pontos de alagamento.

Além dos alagamentos, o órgão registrou pontos de deslizamentos próximos a Rua Pedro Colares, queda de muros no bairro Monteiro Lobato (BNH), por exemplo, além de buracos abertos no meio da rua nos bairros Bela Vista, Boqueirão e Praça Cruzeiro, e da queda de uma ponte no Buraco da Coruja, onde dez pessoas chegaram a ficar ilhadas por algumas horas. Em alguns bairros da cidade chegou a faltar água e luz por várias horas.

Nas localidades rurais, a água também deixou estragos. Em Tomascar, Rio Seco, Serra Redonda e na Prainha, manilhas foram arrancadas. Em Catimbau, três pontes foram danificadas. Já nas localidades de Pinga-Pinga (onde uma casa foi atingida por um deslizamento de terra) e Mata, duas pontes foram destruídas. Ainda na Mata, um trecho da estrada foi interditada por causa de um enorme buraco que se abriu.

Prejuízos também no Centro da cidade

Além de residências e lojas, alguns prédios de órgãos públicos da cidade também foram afetados pelas fortes chuvas. A agência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), localizado na Avenida Manuel Duarte, no Centro, ficou fechada na terça-feira (14). Na porta, havia um papel com dizeres explicando o motivo do fechamento do órgão – “Agência Alagada”.

De acordo com o chefe da Defesa Civil de Rio Bonito, major Márcio Garcia, o local da cidade mais afetado foi a localidade de Cambucás. “Só conseguimos entrar na comunidade com um barco, as ruas pareciam um rio. O nível do Rio Caceribu (rio que corta a localidade) subiu tanto, que a água batia na cintura”, revelou o major.

A reportagem da FOLHA esteve em Cambucás no dia seguinte ao alagamento e ouviu o morador Israel de Jesus. Ele contou que teve alguns móveis e utensílios de sua casa, danificados pela água da chuva. Já outra moradora da comunidade, Marilena Corrêa, disse que não só ela, mas muitos moradores tiveram prejuízos na segunda-feira.
“Minha sogra, por exemplo, não aguentou, e acabou de se mudar. Ela morava na beira do rio, e toda vez que chovia forte, a casa dela era inundada. Dessa vez ela perdeu bastante coisa em casa”, contou Marilena.

Segundo o comandante, quem trafegava pela BR-101, em alguns trechos que cortam a cidade, também foram prejudicado pela forte chuva. Próximo ao bairro Boqueirão e ao Centro Administrativo da Prefeitura, na Praça Cruzeiro, foi registrado um congestionamento de cerca de 12km, por conta do volume de água que se concentrou na pista. “Em alguns pontos, os motoristas largaram seus carros por causa de deslizamentos que estavam acontecendo perto da pista, próximo ao Hospital Colônia de Rio Bonito, por exemplo”, disse Garcia.

No dia seguinte, em alguns pontos da cidade, era possível ver funcionários da Secretaria de Obras, tentando tirar a lama que ficou depois que a água foi embora. Na Bela Vista, a Rua São Francisco de Paula foi um exemplo disse. A moradora da casa de número 30, professora Deise Freitas, disse que no dia 13, não conseguiu sair para dar aula à noite, pois a rua estava inundada.

“Aqui na rua, a água vinha até o joelho. Hoje (dia 14), os vizinhos ficaram a manhã toda lavando a casa e tentando tirar a lama. Além da água e da lama, depois que seca tudo, o problema continua, pois fica muita poeira na rua”, disse Deise.
Ela conta ainda que o alagamento da rua não é estranho, já que o rio que passa atrás, não é dragado há alguns meses, e por esse motivo, quando chove forte, a rua inunda.

“Antes a Prefeitura fazia a dragagem do rio, e a rua não enchia, como não fizeram esse ano, eu sabia que ia acontecer o que aconteceu. Mas esse ano só inundou essa parte da rua (a Rua São Francisco de Paula é cortada pela Avenida Manuel Duarte), pois o outro pedaço, não enche desde que a Prefeitura colocou manilhas para escoar a água. O problema é que toda a água que ia para lá, agora cai aqui na rua através de uma ‘boca de lobo’”, revelou a professora.

Providências

Segundo o major Garcia, foi encaminhada para a Defesa Civil do Estado, a Notificação Preliminar de Desastre (NOPRED). O documento é a primeira declaração de alerta que a cidade pode emitir em casos como o que aconteceu em Rio Bonito. Além disso, a Avaliação de Danos (Avadan), outra documentação que classifica os estragos causados pela chuva, foi preparada pelo órgão.

Lembranças de 2008

Com a chuva de segunda-feira, muitos riobonitenses relembraram os estragos causados por alguns dias de chuva, no final em 2008, quando duas pessoas morreram e muitas ficaram desabrigadas. De acordo com o major, há uma diferença entre o que aconteceu na data, e o que pôde ser visto no dia 13, embora a Defesa Civil ainda esteja em alerta.

“A chuva de segunda-feira durou pouco e foi em grande quantidade. Os desastres de 2008 foram diferentes. Foi uma chuva fraca por alguns dias, e depois muito forte, o que causou deslizamentos pela cidade. Mas ainda assim é preciso que as pessoas tentem evitar maiores problemas. Um alerta é para os moradores das áreas de risco. Eles precisam se conscientizem a sair de casa e procurar um local seguro, quando começar a chover forte”, diz o major.

Dragagem do rio Bonito evitou problema maior

A dragagem do Rio Bonito, realizada em 2009 através de uma parceria do município com o Governo do Estado, impediu que a força das águas que caíram sobre a cidade na última segunda-feira resultasse em problemas maiores. O alargamento e a limpeza do leito do rio, serviços que não eram realizados há vários anos, facilitaram o escoamento das águas que antes atingiam as ruas do Centro da cidade. As obras na ponte ferroviária ao final da Rua Dom José Pereira Alves, assim como o alargamento do trecho de entroncamento dos rios Bonito e Sambê, obra realizada pela Prefeitura de Rio Bonito, também ajudaram no escoamento das águas.

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