Por Flávio Azevedo
“Congraçamento”... Essa talvez seja a palavra que mais se aproxime de uma expressão mais comum: “espírito natalino”. O significado de “congraçar” é restabelecer a boa harmonia entre desavindos; fazer as pazes; pôr-se bem no conceito de alguém; e por último, simpatizar. Todas essas ações parecem estar mais afloradas no dia 25 de dezembro – e nos dias que antecedem a data –, quando se celebra o feriado mais importante do calendário religioso: o Natal.
Há 2010 anos a humanidade relembra a data do nascimento de Jesus Cristo com rituais que com o passar dos anos transformaram o Natal no que, hoje, conhecemos: luzes, pisca-piscas, pinheiro ou árvore de Natal, troca de presentes, celebrações religiosas, reuniões familiares e o grande símbolo da ocasião: Papai Noel. Além desses significados místicos e culturais, a data é também um fenômeno comercial.
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e acordo com analistas econômicos, por conta das compras de Natal, a expectativa é que os brasileiros movimentem, somente em dezembro, R$ 98 bilhões, que representa a maior cifra já registrada nesta data. Em comparação com o ano de 2009, os lucros podem ser ampliados em R$ 5,2 bilhões, o que fará este fim de ano ser um dos melhores para a indústria e o comércio varejista, que para atender a demanda ampliou em até 60% as encomendas de insumos para abastecer a indústria e as redes varejistas do país.
A história
A data do nascimento de Jesus não é mencionada no Novo Testamento. Algumas correntes, inclusive, defendem a ideia de que Jesus não tenha nascido em dezembro. De acordo com o relato bíblico, os primeiros a serem informados do nascimento de Jesus foram alguns pastores que estavam no campo com as suas ovelhas. Em dezembro, porém, a palestina enfrenta um rigoroso inverno e os campos estão cobertos de neve, o que faz com que os pastores deixem os animais abrigados em seus abrigos.
Como o relato bíblico afirma que os pastores estavam no campo, acredita-se que aquela ocasião não seria o inverno, o que põe dúvidas sobre o nascimento de Jesus ter ocorrido em dezembro. De acordo com historiadores, a escolha da data foi feita por volta do século III e ocorreu em função de um feriado da Roma Antiga que celebrava o solstício de inverno, o que caracteriza o dia 25 de dezembro como uma celebração pagã.
No princípio do cristianismo, o Natal não era o feriado religioso mais popular. Porém, o sincretismo religioso entre o cristianismo judaico e as práticas religiosas romanas, por volta do século V, fez com que o Natal se tornasse o principal feriado religioso. Por causas dessas situações o feriado enfrentou resistências ao longo da história religiosa. No século XVII, por exemplo, o protestantismo tentou desviar o foco natalino e em algumas regiões ficou proibida a comemoração.
Tempos modernos
O hábito de enfeitar árvores no Natal começou no Ocidente no século XV, com maçãs. A troca de presentes também data desta época. O envio de cartões ocorreu mais tarde, na Inglaterra, no século XIX. Já o Papai Noel como nós conhecemos hoje tem início em uma história antiga que ganhou novas e novas versões. Mitos e verdades se misturam na história de um bispo que se tornou santo.
O Papai Noel de roupa vermelha, sacola nas costas e barba branca, é, na verdade, uma modificação moderna da figura do “bom velhinho” original. Inspirador do Papai Noel, São Nicolau era um homem simples, dedicado à religião, que nasceu no ano 280 DC, na cidade de Patara, na Turquia. Mitos e verdades se misturam na história desse bispo que se tornou santo. Ele teria distribuído a herança entre os pobres, o que o tornou conhecido na região.
São Nicolau também teria ajudado a família de um nobre que entrou em falência. Seus credores queriam, além dos seus bens, as suas três filhas. Sabendo que elas sofreriam agressões e escravidão, ele entrou em desespero, pois não tinha dinheiro. Ao saber do dilema do nobre, Nicolau jogou sacos de ouro no quintal do nobre para ele e as suas filhas. Descoberto, o bispo fez o nobre jurar que não revelaria seu nome até sua morte. Surge aí a tradição de distribuir presentes anônimos.
As histórias de Nicolau se espalharam e muitas lendas foram criadas com o seu nome, por exemplo, a tradicional distribuição de presentes. Em 988 DC, Vladimir, o Grande, príncipe da Rússia, se converteu ao cristianismo e viajou a Constantinopla para ser batizado. Ele ficou tão impressionado com as histórias de São Nicolau que nomeou o santo padroeiro de toda a Rússia.
O Presépio
Presépio é o lugar onde se recolhe o gado (curral ou estábulo), lugar onde segundo a bíblia Jesus nasceu. Surge aí, a representação artística do nascimento do recém-nascido Jesus, junto de Maria e José, animais, pastores, anjos, Reis Magos, entre outros. O presépio surgiu no século XVI e teria sido criado na casa da duquesa de Amalfi, Constanza Piccolomini, em 1567.
Os Três Reis Magos
Historiadores afirmam que não há evidências históricas da existência dos Três Reis Magos. Eles são mencionados apenas em um dos quatro evangelhos, o livro de Mateus, que não especifica o número de reis, mas presume-se que eram mais de um porque a citação está no plural. Diversos estudiosos vêem os “Reis Magos” como personagens criados por Mateus para simbolizar o reconhecimento de Jesus por todos os povos. A estratégia teria dado certo e permaneceu até os dias de hoje.
A Árvore de Natal
A Árvore de Natal é um pinheiro enfeitado e iluminado e tem raízes mais longínquas do que o próprio Natal. Os romanos enfeitavam árvores em honra de Saturno, deus da agricultura, no fim do mês de novembro e início de dezembro, época que, hoje, nós montamos a Árvore de Natal.
Os egípcios traziam galhos verdes de palmeiras para dentro de suas casas no dia mais curto do ano (que é em Dezembro), como símbolo de triunfo da vida sobre a morte. Nas culturas célticas, os druidas tinham o costume de decorar velhos carvalhos com maçãs douradas para festividades também celebradas nesta época do ano.
Segundo a tradição, no século VII, São Bonifácio, pregava e usava o perfil triangular dos pinheiros com símbolo da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).
Outras referências
Dizem que foi o reformista Lutero que após um passeio pela floresta, no Inverno, numa noite de céu limpo e de estrelas brilhantes trouxe a imagem de uma família sob a forma de Árvore de Natal, com uma estrela brilhante no topo e decorada com velas. Para ele, o céu devia ter estado assim no dia do nascimento do Menino Jesus.
O costume enraizou-se principalmente na Alemanha, onde Lutero esteve escondido por alguns anos. As famílias, ricas e pobres, decoravam as suas árvores com frutos, doces e flores de papel.
A Grã-Bretanha importou da Alemanha, a tradição da Árvore de Natal, mas a tradição só se consolidou quando a revista “Illustrated London News” publicou uma imagem da Rainha Vitória com a família real junto de uma Árvore de Natal, em 1846. A tradição chegou aos Estados Unidos durante a guerra da independência, através de soldados alemães. Porém, ela só se consolidou em 1923, quando a Casa Branca foi enfeitada com uma árvore de Natal.
Músicas Natalinas
A Igreja Católica sempre deu muita importância à música. As melodias natalinas surgiram devido aos esforços da Igreja Católica de retirar da cultura as músicas e danças pagãs. As primeiras músicas de Natal surgiram no século IV e ainda hoje são cantadas. No século XIX, surgiram muitas melodias de Natal de origem pagã.
Cada país tem as suas próprias canções, uma das mais populares é a canção inglesa “White Christmas” escrita por Irving Berlin em 1942, mas não é a única. Existem ainda o exemplo de “Silent Night, Holly Nigth” composta na Áustria por Franz Grubet no século XIX, “Jingle Bells”, entre outras.
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