domingo, 25 de agosto de 2019

Ativismo virtual e ativismo real determinam a estagnação de uma sociedade

Flávio Azevedo
A Serra do Sambê é constantemente atacada por incendiários, mas os ativistas virtuais estão preocupados com a Amazônia.
A postura provinciana de quem mora nas cidades de menor porte (entre elas Rio Bonito), a preocupação e o ativismo que dominam muita gente, curiosamente são destinados a temas que estão distantes, o que evidencia tratar-se apenas de modismo. Isso sempre foi perceptível, mas com a ascensão das mídias sociais tornou-se evidente essa postura esquizofrênica, característica de cidades interioranas.

Chega ser irritante o aborrecimento de inúmeras pessoas diante das queimadas e desmatamento na Amazônia, espaço distante de nós alguns mil quilômetros; em detrimento do que nada dizem e fazem em relação aos incêndios que constantemente destroem parte da nossa Serra do Sambê. Não posso deixar de citar os perceptíveis desmatamentos em nossas áreas verdes e espaços de preservação – situação que põe em risco os nossos mananciais hídricos – mas preferimos destinar o nosso ativismo em prol da Amazônia.

A irritação com a criminalidade na Capital e nas cidades de maior porte está presente em todas as rodas de conversa, mas nenhuma indignação há quando vemos nossos meninos e meninas que cresceram entre nós se engajando na criminalidade e no tráfico. Aí é silêncio e quem ousar comentar é “caluniador e fofoqueiro”.

Não é possível que prefeitos picaretas há décadas se revezem no comando do nosso município com administrações temerárias, recheadas de atos inconfessáveis; e nós hipocritamente seguimos xingando Cabral, Lula, Dilma, Bolsonaro, Cunha, Witzel, Fernando Henrique, Garotinho, Sarney... Não seria mais fácil apertar os picaretas de perto para mudarmos a realidade do ambiente que vivemos?

Minha gente chega ser surreal o sujeito enviar fotos, vídeos e textões para o jornalista publicar, mas o remetente não posta nada na mídia dele. Não faz sequer um comentário! Por vezes não tem coragem de curtir o conteúdo que ele enviou. Pelo contrário, nas rodas de amigos, o sujeito ajuda a criticar a reportagem que foi montada com conteúdo que ele enviou ao profissional de imprensa.

Infelizmente textos dessa natureza são enxergados como arrogância e petulância de quem escreve e raramente é analisado como um chamado a mudança de atitude (é mais confortável agir assim). Me pergunto se algum dia nós iremos evoluir ou seguiremos consumindo mais caro nos grandes centros para tirar onda com os amigos que aquela mercadoria ou produto veio de um estabelecimento chique.

No meu entendimento a repetição de políticos ultrapassados comandando Rio Bonito está diretamente ligada a esse espírito provinciano, mas isso já é outra análise. Depois de 10 anos escrevendo sobre as análises que faço do nosso comportamento, eu penso que ainda faltam 20 anos falando, marretando e escrevendo para começarmos a mudar de atitude, mas vamos em frente!

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