sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

“Onde está a mãe dessa criança?”

Flávio Azevedo
Nessa quinta-feira (29/12), a notícia de um homem de 56 anos se relacionando com menores, segundo o registro feito na 119ª DP (Rio Bonito), uma menina de 11 e outra de 13 anos, indignou a população de Rio Bonito. No momento que a polícia chegou, Marcos Feliciano Costa Gonçalves estava nu com a menina de 11 anos. O homem foi preso em flagrante sob a acusação de estupro. Os comentários que seguiram a minha reportagem chamaram a minha atenção, sobretudo um questionamento: “onde está a mãe dessa criança?”.

Não é minha pretensão fazer nenhum tipo de julgamento sobre essa mãe, porque as mães da atualidade precisam matar um leão por dia para garantir o sustento de suas famílias. Todavia, entre os comentários alguém também questionou: “cadê o pai dessa criança?”. Eu também não vou responsabilizar esse pai, porque eles também estão matando um leão por dia para garantir a subsistência da família.

Entretanto, na condição de pai de uma menina de 10 anos, uma criança muito viva e mais nova um ano que uma das protagonistas dessa história recheada de contornos inimagináveis, eu fiquei me perguntando: “onde está a minha filha?”. Assim, para iniciar as nossas reflexões sobre o assunto eu te pergunto: “você sabe onde estão os seus filhos?”, “você sabe o que eles estão fazendo agora?”. A minha resposta para minha própria pergunta me deixou gelado. Eu não sabia onde a minha filha estava. E você, sabe onde estão os seus filhos?

O questionamento “onde está a mãe dessa menina?” me pareceu muito simplório diante da complexidade da outra pergunta: “onde está a minha filha?”. A correria do dia-a-dia, a luta pela sobrevivência, a busca pelo pão de cada dia – e um pouco de irresponsabilidade também – tudo isso tem contribuído para que nós não saibamos onde estão os nossos filhos. A verdade é que nós esquecemos que um dia nós fomos crianças. Nós perdemos de vista a nossa rebeldia de ontem, o nosso espírito aventureiro de outrora, a paixão que tínhamos pela transgressão e acreditamos serem os nossos filhos diferentes... E geralmente não são.

Penso que um homem de 56 anos, que mantêm relações sexuais com meninas de 11 e 13 anos; não está com as suas razões dentro da normalidade. Por outro lado, eu não esqueci o último escândalo sexual envolvendo menores em Rio Bonito. Aconteceu, salvo engano, em 2009. No banheiro de um posto de combustível, às margens da BR – 101, alguém filmou meninas mantendo relações sexuais com alguns rapazes. Numa época em que ainda não tínhamos o WhatsApp, as imagens eram compartilhadas pelo Bluetooth dos celulares, à época uma novidade da telefonia móvel.

E com o objetivo de reproduzir uma reportagem sobre o assunto, eu procurei o comandante da 3ª CIA da Polícia Militar de Rio Bonito, o capitão Elder Assis Vieira. Visivelmente desconfortável com o que iria me contar, o comandante revelou que perante a autoridade policial, as meninas responderam que faziam ponto no referido local, disseram que tudo que aconteceu no vídeo ocorreu com o consentimento delas; e fizeram uma alerta: “como esse primeiro vídeo já está visto, nós já fizemos outro, agora, com novidades”, narrou o comandante da PM, contando que diante desse testemunho pouco poderia ser feito.

Não estou dizendo que o caso dessa semana seja igual ao de 2009, mas revisitar esse fato de sete anos atrás serve para entendermos que a percepção que temos dos nossos filhos pode estar equivocada. Ele pode não ser tão santo quanto parece ou pode não ser tão arteiro como aparenta. O olho vivo de papai e a atenção de mamãe sempre são importantes para que as crianças não sejam aliciadas, seduzidas e/ou violadas em sua inocência. Mas os desconfiômetros das famílias seguem desligados e os alertas oferecidos, às vezes, pelas próprias crianças passam despercebidos.

Concluo com um conselho do sábio Salomão, que no livro de Cantares (8.8-9) escreveu: “Temos uma irmãzinha que ainda não tem seios; que faremos com ela, quando dela se falar? Se ela for um muro, edificaremos sobre ela um palácio de prata; e, se ela for uma porta, cercá-la-emos com tábuas de cedro”. Isso quer dizer que a família precisa estar atenta ao comportamento das crianças. No caso das meninas em especial, Salomão afirma ser preciso observar os gestos “da novinha” quanto a sua sexualidade. 

É nítido que há meninas mais dadas que outras. É nítido que algumas meninas têm a sexualidade e a sensualidade mais a flor da pele que outras. Não precisa ser tecnólogo ou especialista no assunto, para entender que o despertar da libido não tem idade e pode aparecer precocemente ou tardiamente. Num mundo onde os estímulos, inclusive, ao sexo, estão expostos em toda parte, é preciso ficar atento. 

Salomão recomenda que se a menina for um “muro”, ou seja, nunca se abre, que sobre ela seja edificado um palácio de prata. Todavia, se a menina for uma “porta”, o caminho por onde todos passam, a orientação é cerca-la com “tábuas de cedro”, uma das madeiras mais valiosas dos tempos bíblicos. Façamos então os primeiros testes, olhe com imparcialidade para a sua filha e responda: ela é um muro ou uma porta? Concluo destacando que é muito melhor quando os pais percebem que a filha é uma “porta”, porque caso eles não enxerguem essa característica, alguém estranho terá essa percepção e poderá se aproveitar desse comportamento.

Um comentário:

  1. Texto abençoador. Não é de hoje que muitos caminham na contra mão dos ensinamentos aos filhos. Sejam meninos ou meninas.
    Alerta a moda dá atualidade na criação dos filhos sem Deus. Sem fomentar valores.
    Deus abençoe a família.

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