A ex-cabelereira Adriana Ferreira de Almeida, que ficou conhecida como a "Viúva da Mega-Sena", foi condenada a 20 anos de prisão na noite desta quinta-feira (15/12). O julgamento teve duração de três dias no fórum de Rio Bonito. Dezesseis testemunhas foram ouvidas, sendo oito de acusação e oito de defesa. O interrogatório dela durou mais de cinco horas. Adriana é acusada de mandar matar o companheiro, o ex-lavrador Renné Senna. O crime ocorreu em janeiro 07/01/2007, dois anos depois de a vítima ter ganhado R$ 52 milhões na Mega-Sena. O advogado de Adriana diz que vai tentar anular o julgamento.
– Fiquei surpreso. Entendo que não havia provas. Vou impetrar recurso e pretendo anular o julgamento, com base nessa falta de provas, além de várias falhas na investigação e até documentos adulterados. Também vou recorrer para que ela possa aguardar esses recursos em liberdade – disse o advogado de Adriana.
Renné foi morto com quatro tiros em um bar de Rio Bonito. Os dois assassinos foram descobertos e condenados a dezoito anos de prisão. A promotoria defendeu a tese de que os assassinos foram pagos por Adriana. Ela teria planejado o assassinato depois que o companheiro descobriu que ela tinha um amante e ameaçou tirá-la do testamento.
Absolvida em 2011
Adriana Ferreira já tinha sido julgada em 2011, foi absolvida, mas o Ministério Público recorreu e o Tribunal de Justiça anulou o julgamento por entender que a decisão do júri foi contrária às provas apresentadas. Cinco anos depois, Adriana Ferreira foi considerada culpada pela maioria dos jurados e condenada a 20 anos de cadeia pela morte do ex-companheiro, Renné Senna. A decisão pode, inclusive, influenciar também outro processo, só que na área cível, disputado entre os parentes de Renné Senna e Adriana, para ver que tem direito à herança milionária deixada pelo ex-lavrador.
O julgamento
Começou na terça-feira (13), mas a batalha ficou mais acirrada nesta quinta, último dia do julgamento. Pela acusação, a promotora de Justiça Priscila Xavier tentava comprovar a participação dela no assassinato. Já o advogado de defesa, Jackson Rodrigues, afirmava que o MP não apresentou provas do envolvimento dela. Em depoimento, prestado nesta quinta, ela disse que gostava do companheiro, mas admitiu que mantinha uma relação extraconjugal desde meses antes da morte de Renné. Adriana disse ainda que não sabia que estava no testamento com direito a metade de tudo que ele deixasse. Falou ainda sobre uma cobertura em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio, comprada por ela, e alegou que era um presente do marido.
Depois de Adriana foi a vez da promotora, Priscila Xavier; falar pela acusação. Ela tentou desconstruir a versão de Adriana, começando pelo apartamento. Segundo a Promotoria, Renné não sabia da compra e ficou furioso quando foi comunicado pelo gerente da conta bancária conjunta entre o casal. A promotora também refez a cronologia dos últimos dias que antecederam o crime. Disse, por exemplo, que Adriana teria trocado telefonemas com Anderson Souza, que foi condenado a 18 anos pela morte de Renné. O sigilo telefônico de Adriana foi quebrado durante o processo. Segundo a acusação, Adriana teria mandado matar Renné após ficar sabendo que ele pretendia retirá-la do testamento.
No segundo dia de julgamento, um gerente de banco que administrava uma conta conjunta entre Adriana e Renné Senna disse que os dois faziam retiradas, mas Adriana era quem mais movimentava, retirando cerca de R$ 10 mil por mês. Em um determinado momento, disse o gerente, Renné decidiu cancelar a conta. O advogado de Adriana também falou com a reportagem. Ele lembrou do primeiro julgamento em que Adriana foi absolvida e que foi cancelado após um pedido do Ministério Público.
– Ela já foi submetida a um julgamento e a sociedade de Rio Bonito a absolveu. O MP conseguiu um novo julgamento e eu pensei que traria algo significativo, mas não tem nada de novo e não convence sobre a participação da minha cliente no crime – declarou o advogado, Jackson Rodrigues.
O crime
Na manhã do dia 7 de janeiro de 2007, Renné estava em um bar, sem seguranças, próximo à sua fazenda, quando dois homens encapuzados chegaram numa moto e o carona atirou em Renné, que morreu na hora. As balas acertaram a nuca, a têmpora esquerda, o olho esquerdo e o queixo do milionário. A viúva Adriana foi acusada pela filha e pela irmã da vítima, Renata de Almeida e Jocimar da Rocha, respectivamente, de ser a mandante da execução.
Ex-lavrador, René Senna, ficou milionário em 2005, ao ganhar R$ 52 milhões no prêmio da Mega-Sena. Diabético, ele tinha perdido as duas pernas por causa de complicações da doença e morava em Rio Bonito. Em 2006, começou a namorar a cabeleireira, 25 anos mais nova que ele. Ela abandonou o emprego e foi morar com ele na fazenda avaliada em R$ 9 milhões.
No dia do enterro começaram as primeiras suspeitas da família do ex-lavrador contra a viúva, que tinha passado o Réveillon com um suposto amante em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos.
Fonte: G1
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