Flávio Azevedo
Alan Ruschel se emocionou várias vezes durante a entrevista em disse a ganância derrubou o avião da Chapecoense |
A esperada entrevista coletiva do lateral, Alan Ruschel, jogador da Chapecoense, um dos sobreviventes do desastre aéreo que vitimou 71 pessoas, entre tripulação, jogadores, dirigentes e jornalistas; aconteceu na manhã desse sábado (17/12). Algumas declarações do atleta, por exemplo, o valor que devemos dar as coisas simples da vida merece uma reflexão. A palavra que mais chamou a minha atenção, porém, foi “ganância”, termo usado por ele para classificar as razões para a queda do avião.
As investigações sobre o acidente indicam que a aeronave não foi abastecida. Especialistas afirmam que o avião era inadequado, porque para três horas de voo é preciso uma aeronave que tenha capacidade de voar cinco horas. O voo da Chapecoense chegaria ao destino sem problemas, mas não poderia enfrentar contratempos e foi o que aconteceu. Qualquer veículo sem combustível para de funcionar e se esse veículo é um avião, além de parar ele cai.
Segundo reportagens sobre o assunto, o abastecimento custaria cerca de US$ 17 mil aos cofres da Lamia. Para economizar, a escala que deveria ser feita em Cobija, no norte da Bolívia; ou em Bogotá, Capital da Colômbia; foi abortada do plano de voo. A desculpa para a irresponsabilidade fatal é o atraso de 50min no voo que partiu do Brasil até Santa Cruz de la Sierra. Uma conversa fiada para justificar uma decisão que só pode ser mensurada pela palavra “ganância”, muito bem empregada por Alan Ruschel, que não se estendeu sobre esse tema, porque deve estar sendo orientado a não dar declarações sobre o assunto.
O termo “ganância” não é muito utilizado, mas está na moda e diariamente vemos os seus efeitos no noticiário político. Cada um dos presos, citados, investigados e envolvidos nas investigações da Operação Lava Jato, por exemplo, só estão lá porque são gananciosos. Alunos de escolas públicas sem merenda; hospitais e postos de Saúde sem médicos, exames e remédios; insegurança; ruas escuras; desmatamento; tráfico de qualquer natureza; superfaturamento de obras públicas; a carestia que atinge as tarifas de toda ordem; tudo isso tem como causa o mesmo sentimento que causou o “desastre da Chape”: ganância.
Em uma das suas reflexões, o professor e filósofo, Mário Sérgio Cortella; fala da ganância e acalma o coração de quem é ambicioso. Para ele a “ambição” é um sentimento bom, porque motiva, faz a pessoa buscar os seus objetivos, mas essa luta é feita com honestidade, trabalho e perseverança. A “ganância”, porém, não é assim. O ganancioso também busca alcançar objetivos, só que ele pisa nos outros, não mede as consequências dos seus atos, age de forma irresponsável e faz mal a outras pessoas para se dar bem. “Seja ambicioso, mas nunca seja ganancioso”, diz Cortella.
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