Entre as sociedades do planeta, talvez a mais hipócrita seja a brasileira. Por aqui, a lógica da “causa e efeito” domina as discussões e o esforço é sempre atacar os “efeitos” e nunca as “causas”. A descriminalização do aborto – a pauta do momento – está no mesmo patamar das discussões de “redução da idade penal”, do que fazer para acabar com a “corrupção política”, da “liberação das drogas”; e nunca se consegue chegar a lugar algum, porque os intermináveis debates visam os “efeitos” e não as “causas”. Parece aquele doente que está com dores de cabeça e segue tomando Aspirina, quando deveria investigar as razões da sua dor de cabeça. Mas a Aspirina é melhor, porque ela menos traumática e não exige mudança de hábitos.
Pensando nessa lógica da “causa e efeito” vale destacar que o desejo de abortar é fruto de uma GRAVIDEZ INDESEJADA, o que cabe a pergunta: porque alguém rejeita uma gravidez? É nesse momento que a conversa ganha um caminho que ninguém quer percorrer, porque terá que falar das “causas” e não dos “efeitos”. A gravidez é um dos resultados do sexo irresponsável e do mau uso do pênis e da vagina, que também pode ter como “efeito’ ser contaminado com uma doença sexualmente transmissível. A gravidez é sem dúvidas o "efeito" mais salutar de uma “foda mal dada”, porque a pessoa poderia contrair uma Aids, por exemplo.
Os amores de carnaval, a transa irresponsável, as trepadas fortuitas, tudo isso regado a muita bebida alcóolica e drogas em geral resulta na gravidez indesejada. A menina se descobre grávida de um sujeito que ela nunca viu na vida (isso quando ela consegue se lembrar do cara!). O jovem percebe que a mãe do seu filho é alguém que ele não conhece. Quando a sobriedade chega, ambos percebem que “de cara limpa” nunca teriam mantido uma relação sexual. O problema é que a mente anestesiada por substâncias que impedem a reflexão e estimulam a irresponsabilidade, não permitiu a análise do que estavam fazendo.
No meu entendimento, o aborto é um dos “efeitos” de várias causas que precisam ser pensadas e atacadas pela sociedade, mas a hipocrisia fala mais alto, porque queremos apenas tomar Aspirina, uma vez que ninguém deseja abrir mão das causas que provocam uma gravidez indesejada. Eu, sinceramente, fico estupefato quando vejo congressistas e ministros da suprema corte perdendo tempo e energia debatendo “efeitos”, quando deveriam provocar diálogos e reflexões sobre as “causas” que giram ao entorno do tema aborto.
As mídias sociais, ferramenta importante, sobretudo quando se deseja mensurar o nível de Educação da sociedade, mostra que o debate raso e focado nos “efeitos” é uma marca do brasileiro ao discutir temas relevantes. É curioso e triste perceber que temas tão importantes ganham ares de FlaxFlu. No Brasil, as questões polêmicas, por uma série de razões, que vão da falta de instrução ao oportunismo, acabam se tornando papos de porta de botequim. Não me interessa se você é contrário ou favorável ao aborto, o que me interessa é refletir sobre as "causas desse e outros temas de igual relevância.
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