Flávio Azevedo
O evangelho de Mateus é o único do relato bíblico que narra reis magos visitando o recém-nascido Jesus. Acredita-se em “reis”, porque o texto bíblico trata os visitantes no plural. Todavia, não se pode afirmar se eram exatamente três. Pode ser que fossem mais. Entretanto, como os ilustres visitantes trouxeram três presentes, ouro, incenso e mirra, convencionou-se que era um trio. Apesar do pouco que se fala sobre isso, os presentes têm significados importantes e trazem mensagens que merecem a nossa reflexão. Acreditando ou não, a humanidade é um dos atores dessa história que é protagonizada pelo bem (mocinho) e pelo mal (vilão).
O ouro significa que Jesus É Rei, já o incenso representa que Ele é Deus. Ao ser queimado, a fumaça do incenso sobe em direção ao céu, como sobem ao céu as nossas orações que somente são atendidas quando feitas em nome de Jesus. O último presente não é menos importante. A mirra é uma especiaria usada para fazer perfumes, unguentos e tem também potencial curativo. A mirra aponta para um Jesus Reis, para um Jesus Deus; e para um Jesus Homem, que na sua passagem pela terra enfrentaria dores e sofrimentos.
No Natal, ocasião que se celebra, segundo a tradição cristã, o nascimento de Jesus, a troca de presentes, a ceia, as bebidas, as viagens, as festas, acabam ofuscando a razão da conceição de Jesus. Embora a sua morte seja mais celebrada na Semana Santa, nunca é demais lembrar que Jesus nasceu com uma missão: morrer. A sua crucifixão, inclusive, já havia sido anunciada por profetas do Velho Testamento, com destaque para Isaías, chamado de “Profeta Messiânico”.
O termo “congraçamento” talvez seja a palavra que mais se aproxime de uma expressão mais comum desse período: “espírito natalino”. O significado de “congraçar” é restabelecer a boa harmonia entre desavindos; fazer as pazes; pôr-se bem no conceito de alguém; e por último, simpatizar. Para quem não sabe, a humanidade estava em desavença com Deus, por conta da desobediência no Jardim do Éden, quando o primeiro casal, Adão e Eva, comeram o fruto proibido. Com a desobediência, a relação entre criatura e Criador ficou estremecida e a punição era morte.
É nesse cenário que entra Jesus, que se ofereceu para morrer no lugar dos condenados. O presente mais valioso que se tem notícia na história da humanidade é a morte de Jesus, porque através do seu sacrifício Ele abriu um caminho que permite a humanidade retornar a glória perdida por ocasião da desobediência de Adão e Eva. A morte de Jesus é a porta de entrada do Paraíso de onde os primeiros moradores da terra foram expulsos. A morte de Jesus contribuiu para que existisse “congraçamento” entre Deus e a humanidade.
Perder Jesus de vista, porém, não é culpa da modernidade. A internet, o secularismo e o relativismo não são as principais razões para não prestarmos atenção em Jesus, o maior presente da história humana. Podemos chegar a essa conclusão, porque os cristãos de Filipos – uma cidade importante do Império Romano – não tinha Facebook, WhatsApp e Instagram, mas sofriam do mesmo mal. Uma das portas de entrada da Europa para quem chegava da Ásia, Filipos foi construída no topo de uma colina, no leste da Macedônia, a 13 km do mar Egeu e próximo ao rio Gangites.
A frivolidade e acomodação dos cristãos de Filipos preocupou São Paulo e os filipenses levaram um puxão de orelha. No capitulo dois, versos seis a nove, da carta aos cristãos de Filipos, Paulo escreveu: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”.
Nesse Natal, a minha oração e súplica é para que nós tenhamos o mesmo sentimento que havia em Jesus, que mesmo sendo Deus, tomou forma de servo. Que a tecnologia e a vida corrida da modernidade não sejam desculpas para perdermos Jesus de vista, hoje, e sempre! Amém!
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