Flávio
Azevedo
A engenheira sanitarista e ambientalista Aline Matulja durante a sua apresentação. |
Integrantes
da Prefeitura Municipal de Rio Bonito (PMRB), junto com representantes da
sociedade civil organizada, conheceram no último dia 12 de julho, durante um seminário,
o diagnóstico do saneamento básico do município. O evento foi realizado no
Espaço Ciccarelli, no Centro. Segundo os estudos, há muito investimento a ser
feito no setor. O diagnóstico vai nortear a construção do Plano Municipal de
Saneamento Básico (PMSB), que será coordenado pela Secretaria Municipal de Meio
Ambiente. Os Planos fazem parte do Pacto pelo Saneamento, elaborado pela
Secretaria Estadual do Ambiente (SEA).
O Estado do
Rio de Janeiro objetiva dotar os municípios de instrumentos que permitam a
implantação de ações duradouras e eficientes para a universalização do acesso
aos serviços de saneamento básico, conforme determinação da Lei Nacional de
Saneamento Básico. Inúmeras ações deverão ser executadas com rapidez, porque
dependerá dessas realizações o envio de verbas federais para o município.
– Os
governos precisam entender que saneamento deve ser classificado como serviço e
não como obra. Essa compreensão representa um grande avanço. Todavia, a
sociedade também precisa ser mais consciente, deve entender que o desperdício
de água é extremamente prejudicial, mas são questões que passam por uma mudança
de comportamento, porque esse tipo de postura é cultural do brasileiro, que
ainda não se preocupa com a questão ambiental – ponderou Raul Pinho, diretor da
MPB Saneamento, empresa responsável pelo diagnóstico.
A ineficiência
da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) e da própria PMRB na prestação
desse serviço (saneamento básico) foram os principais destaques do diagnóstico.
Segundo os pesquisadores da MPB Saneamento, a PMRB é o principal responsável por
esse cenário, “porque dela deveriam vir as cobranças e intervenções necessárias”.
– Embora
algumas ações não estejam, realmente, na alçada da PMRB, é responsabilidade dela
cobrar a quem de direito. Por exemplo, se a CEDAE não está prestando serviços
como previsto em contrato, o município precisa exigir que o serviço seja
prestado de maneira eficiente – disse a engenheira sanitarista e ambiental Aline
Matuja, durante a sua apresentação.
O Diagnóstico
O secretário municipal de Meio Ambiente, Newton Almeida da boas vindas ao presentes. |
Nas análises
feitas pelos técnicos da MPB Saneamento, algumas conclusões são velhas conhecidas
do riobonitense, mas são visualizações classificadas como “intriga da oposição”
aos governos municipais, sobretudo por envolver a CEDAE, empresa estatal que conta
com a proteção política local, sob o pífio argumento de que “não vale à pena comprar
briga com o governo do Estado”, que promete um ‘aguaceiro’ de benefícios que são
enviados em dosagem ‘conta gotas’.
Segundo o
diagnóstico, Rio Bonito possui 55.551 habitantes, sendo que 73% deles estão no 1º
distrito (40.961); 16% no 2º Distrito (8.537); e 11% no 3º Distrito (6.053). A
CEDAE informou aos pesquisadores que 9.611 ligações são cadastradas; e 9.594 seriam
clandestinas, um total de 16.090 ligações, que representa água chegando para 45
mil habitantes. O índice de inadimplência, porém, seria de 28,5%, cerca de 2.739
instalações. A CEDAE também informou que a vazão total do abastecimento de água
de Rio Bonito está em cerca de 179L/s.
O diagnóstico
aponta também outra coisa que a população já percebe há anos: as faltas d’água são
frequentes no Centro e bairros periféricos; e seis localidades (Sambê, Colina
da Primavera, Catimbau, Rio Seco, Mata e Tomascar) não têm abastecimento de
água potável o que faz os moradores dessas localidades usarem água de baixa
qualidade. Ainda segundo o diagnóstico, os bairros de Lavras, tem abastecimento
isolado em parte da localidade; a Mangueira, conta com sistema de abastecimento
em implantação; e Rio dos Índios, tem uma rede não oficial que não é cadastrada.
Analisado o
sistema de abastecimento de água de Rio Bonito, os técnicos da MPB Saneamento chegaram
a 11 conclusões:
Os engenheiros da MPB Saneamento apresentaram um diagnóstico que para boa parte dos riobonitenses não é novidade e são questões que não se resolve por falta de vontade política. |
*Os sistemas
são pulverizados de infraestrutura e operação, o que faz ele ser deficiente e
sem outorga;
*A estiagem
baixa vasão de água em Basílio e Boa Esperança;
*A simples
desinfecção da água oferecida não atende as recomendações do Ministério da Saúde
(2.914/11), fato que ocorre em Boa Esperança;
*A vasão
total atende a cerca de 70% da demanda;
*Não há
controle de perdas (físicas e comerciais);
*28% de
inadimplência + ausência de cobrança = operação financeiramente insustentável,
o que dificulta investimentos;
*O contrato
em concessão com a CEDAE, assinado em 2011 por um período de 20 anos, demanda
revisão com base em metas do Plano Municipal de Saneamento Básico;
*O
município precisa designar ente regulador para atender a lei 11.445/2007, que
pode ser a AGENERSA Regional;
*Em curto
prazo a água potável precisa ser levada a 30% do déficit atual, atendendo as
metas de universalização do abastecimento de água potável;
*Levar água
potável a população que, hoje, conta somente com simples cloração (Boa
Esperança). O objetivo é atender a MS 2.914/2011;
*Melhorar o
sistema para que todos os bairros sejam abastecidos diariamente.
Quanto ao índice
de crescimento de habitantes de Rio Bonito, segundo o diagnóstico, se em 2013,
segundo o IBGE, o volume de moradores é de 57.851, sendo 44.341 na Zona urbana
e 13.510 na Zona Rural; em 20 anos (2032), o município contará com 79.442
moradores, sendo 69.982 na área urbana e 9.459 no interior. Um dos técnicos da
MPB explica que “por conta dos investimentos que estão sendo feitos na região, por
exemplo, o Comperj, a tendência é que a população rural migre para a área
urbana, o que aumentará ainda mais o índice populacional da cidade”.
Nota: Sobre o tratamento do esgoto e a separação de águas,
pluviais e fluviais; aspectos que inexistem em Rio Bonito, investimentos nessa
direção, segundo os técnicos da MPB e do governo estadual, são urgentes e deveriam
ter sido iniciados “ontem”.
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