Flávio Azevedo
Depois de um longo recesso, as reuniões ordinárias na Câmara Municipal de Rio Bonito foram retomadas em clima de tensão. Ontem (28/02), os vereadores estavam indignados porque o poder Executivo mandou o repasse do Legislativo com menos R$ 150 mil. O repasse gira em torno de R$ 300 mil. Diante da falta de dinheiro, os parlamentares estariam acalentando a ideia de afastar o prefeito.
Eu fico apavorado com a burrice dos nossos vereadores. Mais uma vez pensando em arrumar intriga por conta de dinheiro. Gente, isso soa muito mal diante da opinião pública. A população acha que os parlamentares deveriam trabalhar gratuitamente e quando eles perdem algum ($$$$$$), todos concordam, independente de ser legal ou não.
Na Câmara, ontem, foi comentada a questão da Escola da Caixa D’Água que estaria funcionando precariamente depois de levar cinco anos para terminar; foi abordada a falta de investimentos no setor de Meio Ambiente, para uma melhor preteção da Serra do Sambê; a desatençã a esses assuntos também pode levar ao afastamento do prefeito... Entretanto, os nobres edis só pensam nessa possibilidade quando se fala em dinheiro.
De acordo com o presidente da Câmara, vereador Marcus Botelho (PR), o Departamento Jurídico da Casa já está estudando o que pode ser feito. "Diante dessa situação, está faltando recursos para nós saldarmos os nossos compromissos. Nós corremos o risco de ter que fechar a Câmara”. A situação do parlamento diante da opinião pública é tão complicada, que um gaiato que assistia a reunião comentou: “fecha logo, vocês não servem para nada mesmo!”.
Lembrete
Em 2007, o Tribunal de Conta do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ) rejeitou as contas do prefeito José Luiz Antunes, referente ao ano de 2006, por entender que os investimentos em Educação do município ficaram abaixo do mínimo exigido (25%). Apesar das explicações e Justificativas do chefe do Executivo, a Câmara de Vereadores, acertadamente, acompanhou a indicação do TCE e também rejeitou as contas do prefeito.
O problema é que eles esqueceram que a rejeição de contas é o passo que antecede o pedido de afastamento do prefeito. Sendo assim, decidiram afastá-lo. Mas eis que surge uma ‘mente iluminada’ afirmando que o prefeito deveria ser cassado nas urnas e não pela Câmara. Resultado? O prefeito lançou o bordão “deixa o homem trabalhar”, classificou os seus opositores de “bola murcha”, posou de perseguido político (se vitimizou diante da opinião pública), foi reeleito e o Parlamento Municipal, que já era muito queimado diante do povo, se queimou de vez.
Penso que estamos diante do mesmo cenário. Um pedido de afastamento do prefeito hoje (ano eleitoral) vai levá-lo de volta aos braços do povo. Só quem tem a ganhar é o seu candidato a Prefeitura e os seus candidatos a vereador que não tenham mandato, que entram naquela história de renovação. “Deixa o homem trabalhar!”.
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