Flávio Azevedo - Reflexões
Diante de tanta indignação por conta da absolvição de Adriana Almeida (viúva da Mega-Sena), na madrugada deste sábado (3/12) no Fórum de Rio Bonito, algumas reflexões são importantes:
1º) Como eu disse no início do meu texto anterior (quando eu noticío a absolvição dela), a sociedade condenou Adriana no momento que a morte de Renné Sena foi anunciada. E, sinceramente, não é bem assim que a banda toca (pelo menos não no mundo moderno e democrático). A Justiça não é passional como nós seres humanos;
2º) Vale lembrar que Adriana foi julgada por um JÚRI POPULAR formado por vizinhos nossos (poderia ser eu ou você sentados ali). A Justiça apenas referendou a decisão do Júri, que não decidiu pelo que ouviram e leram nos jornais. Eles tomaram a decisão de acordo com as provas, depoimentos de testemunhas e envolvidos no crime; e também de acordo com a desenvoltura da acusação e da defesa;
3º) E, por último e não menos importante, eu não vejo a Justiça corrompida nesse caso. Tanto não está que o Ministério Público já teria entrado com recurso contra a sentença.
4º) Esqueci de citar uma impressão que tive. Boa parte da “condenação popular” de Adriana está baseada em conceitos machistas e discriminatórios. Mas não é exatamente isso que me incomoda. O que eu acho estranho é ver tantas mulheres reproduzindo valores nitidamente machistas e carregados de preconceitos.
Quando o jornalista Pimenta Neves assassinou, a também jornalista, Sandra Gomide em agosto de 2000 (a diferença de idade entre eles também era grande), não me lembro de ter visto tanta comoção. Porém, naquele caso, o crime foi cometido pelo homem.
Eu fico me perguntando: “e se no caso da Mega-Sena, tivesse acontecido o contrário? Diante da traição, cego de ciúmes, Renné deu (ou mandou dar) uns tiros em Adriana. Qual seria a nossa reação? Achar normal? Entender que "ele tem lá as suas razões"?
Concluindo, diante de coisas que eu ouço, vejo e leio nos noticiários e nas redes sociais, fica muito nítido que a sociedade brasileira ainda tem muito que avançar para chegar ao estágio que todos nós almejamos.
Digo isso, em referência as nossas instituições (a falta de provas foi determinante e quem teria que oferecer essas provas é a polícia investigativa (Polícia Civil/Divisão de Homicídios), mas esses policiais têm condições de trabalho?), e diretamente em relação a nossa sociedade...
Gente, nós temos uma sede de sangue... De vingança... E, geralmente, nós não pensamos com a razão. Permitimos que a passionalidade tome conta de nossas decisões, valores e atitudes.
Penso que nós precisamos ter muito cuidado ao julgar os outros! O que é a Lei para nós? E se nós fossemos acusados injustamente de alguma coisa? Penso que os meus irmãos riobonitenses gostariam de fazer com a viúva da Mega-Sena, o que é comum nos filmes de bang-bang: pegar uma corda e enforcar no galho de uma árvore, o suposto culpado de um crime. Mesmo que essa culpa seja imputada através do “EU ACHO”!
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