Flávio Azevedo
O clima de Natal não está presente apenas nas ruas de Rio Bonito. Parece que os políticos, de oposição e situação, também foram sensibilizados pelo espírito do bom velhinho. Embora seja comum a troca de farpas, sobretudo entre Legislativo e Executivo, em alguns pontos a rivalidade desaparece. O problema é que isso acontece geralmente sob o manjado e batido argumento de que “estamos pensando apenas no interesse da municipalidade”.
Os vereadores de Rio Bonito aprovaram ontem (quinta-feira), por unanimidade, permissão para que a Prefeitura Municipal celebre concessão com a Companhia de Águas e Esgotos (CEDAE) por prazo de 20 anos. Faltaram a essa sessão tão importante e emblemática, os vereadores, Carlos Cordeiro Neto (PR) e Aliézio Mendonça (PP), que seriam contrários a mensagem. Esse seria o motivo das ausências.
Já há alguns dias estamos vendo alguns membros da oposição fazendo barulho por conta de um suposto R$ 1 milhão que está sendo investido pela Prefeitura nos festejos natalinos na cidade. Ontem, porém, (logo nesse tema), governistas e posição, de mãos dadas, permitiram que a Prefeitura Municipal, caso queira, entregue ao estado, o bem mais precioso do nosso território: “A nossa água”. Apesar da emendas e palavras modificativas ao texto, a mensagem está aprovada pelos parlamentares.
Aos políticos de Rio Bonito, os nossos parabéns! Ouvi vereadores como Saulo Borges (PTB), Humberto Belgues (PSDB) e Fernando Soares (PMN), que eram contrários a mensagem, dizendo que por terem recebido telefonemas da ex-prefeita Solange Almeida (PMDB) e do deputado Paulo Melo (PMDB), decidiram ser favoráveis a mensagem. Já o presidente da Casa, o vereador Marcus Botelho (PR), disse estar aliviado com a votação, deixando muito nítido que estava sendo pressionado.
O interessante é que os políticos de “grife”, não telefonam para os vereadores e/ou para o prefeito, para saber por que as casas dos desabrigados que foram vítimas dos temporais de 2008 e 2009, ainda não foram entregues. Eles também não buscam saber o que aconteceu na Câmara Municipal, que no primeiro trimestre de 2011, esteve sob o comando de quatro presidentes. Também não estão interessados em buscar informações sobre o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração do funcionalismo municipal, que ainda não teria sido enviado ao parlamento para ser apreciado pelos edis. Já sobre o Estatuto do Servidor Municipal, que continua indefinido... Eles não se interessam.
Seria salutar que os políticos de “grife” buscassem saber o motivo pelo qual o Condomínio Industrial não recebeu os investimentos que julgamos ser necessários para atrair empresas e gerar empregos para os riobonitenses. No caso do deputado Paulo Melo, por exemplo, ele poderia tentar saber o porque da lentidão das obras da Via Verde, que liga o Green Valley ao 3º Distrito (Basílio). Ele também poderia utilizar a sua influência como presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para saber por que motivo um ato classificado pelo Ministério Público como improbidade administrativa, ocorrido em 2002, só agora recebeu a sentença da Justiça, em primeira instância...
Também seria interessante buscar informações junto ao poder público municipal, sobre porque a prometida Central de Monitoramento, que contribuiria com a Segurança dos riobonitenses, ainda não está funcionando. O Meio Ambiente, que tem na sua pasta, um lixão horroroso (aquele da localidade de Mato Frio), também poderia ser objeto de telefonemas para o prefeito e vereadores. Mas isso não acontece. Aliás, a Agricultura e o Turismo, setores importantes para a economia da cidade, segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, são pastas fictícias e carentes de ações. E nada de telefonema!
O setor Cultural do município, o Trânsito, o Ordenamento Urbano, a Saúde, temas tão importantes para que o riobonitense tenha mais qualidade de vida, carecem de investimentos e atenção, mas não temos notícias de que o prefeito e os vereadores tenham sido cobrados por políticos importantes, a olharem com mais carinho sobre esses setores. Enfim, será que os políticos do alto escalão estão sabendo a luta que as famílias riobonitenses estão travando contra as drogas, que estão assediando os meninos e meninas da nossa cidade, cada vez mais cedo? Eles estão preocupados com isso?
Ninguém acha estranho que esse assunto tenha sido debatido apenas uma meia dúzia? Não seria mais prudente realizar algumas audiências públicas com moradores do Centro, do 2º Distrito (Boa Esperança e adjacências), do 3º Distrito (Basílio e entorno)... Não seria interessante convidar as entidades representativas de classe para conversar sobre o tema? Por que os políticos de grife não telefonaram para pedir que Prefeitura e Câmara de Vereadores realizassem as audiências públicas?
Tudo isso prova que em Rio Bonito, a oposição, assim como em todo Brasil, é estrábica... Sem propósito... Sem discurso... E, comumente legisla em causa própria, talvez pensando até, em interesses individuais e pessoais. Sepultaram a ideologia e enterraram o bom senso. Em nome de que? A nossa água pode ser dada a CEDAE a troco de que? Vale à pena? Pois é... Vai ser caro... E muito caro...
Fazemos essa crítica baseados na emblemática, irônica e venenosa colocação do vereador Carlos André Barreto de Pina, o Maninho (PPS), para o vereador Humberto Belgues (PSDB), no fim da sessão de ontem. Ele disse: “vereador, eu estava aqui ouvindo as discussões plenárias e fiquei em duvida se estava ouvindo Ruth ou Raquel (personagens da novela Mulheres de Areia)? Acho que o senhor está se perdendo na Câmara. O senhor tem vaga garantida na TV Globo”, concluiu Maninho, mostrando que de Tonho da Lua (outro personagem da referida novela), ele não tem nada.
Uma equipe de funcionários da Cedae e o coordenador da sede local, Miguel Ângelo Rinaldi, acompanharam a sessão e ficaram satisfeitos com a votação favorável. Se os funcionários da empresa estavam presentes acompanhando os trabalhos, o mesmo não aconteceu com a população. Aliás, fica muito nítido que a ausência do povo nas reuniões plenárias da Câmara de Vereadores é determinante para que inúmeras decisões sejam tomadas a revelia dos munícipes. Ou seja, nós somos coniventes!
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Boa tarde!
ResponderExcluirEmbora tenha prometido que iria comparecer, não pude ir. Mas assim que for implementada a aprovação, tenho certeza que será muito mal recepcionada pela população local. pois sei que meus concidadãos tem o serviço a disposição. E a única solução possível seria se a companhia oferecesse um serviço paralelo. Em que ela implementasse a própria rede. Sem usufruir da existente.
Fica a critério da imprensa divulgar o que está sendo debatido.