Flávio Azevedo - Reflexões
Diante de casos como a absolvição da viúva da Mega-Sena é comum encontrarmos muita crítica a Justiça brasileira. Eu, que sou um eterno crítico, sobretudo da morosidade da Justiça, nessa questão do “Crime da Mega-Sena”, e diante de outros casos de cunho criminal penso um pouco diferente.
Acredito que a Justiça nem sempre funciona, pelo simples fato da polícia investigativa estar mal aparelhada. No caso do “Crime da Mega-Sena”, o serviço de investigação é quem deveria oferecer as provas para que o Ministério Público pudesse convencer os jurados de que a viúva era culpada.
Porém, a Polícia Civil – não por culpa dela – não tem aquele laboratório da série CSI para fazer as suas investigações. E porque não tem? Porque o governo (que é eleito com o nosso voto), não compra os equipamentos. E porque ele não compra? Porque não existe interesse. E por que não existe interesse? Por que não convém a eles (políticos). E por que não convém a eles? Para que o povo (quem vota) continue refém desses crápulas. E por que o povo vota nesses crápulas? Por que lhes convém. E por que convém ao povo manter esses sacanas no poder? Por que são orientados pela lógica do farinha pouca meu pirão primeiro...
Bom... Acho que já está bom até aqui.
O interessante é que basta esticamos um pouco a nossa conversa para chegarmos a questão do voto. Isso deixa claro que a impunidade está diretamente ligada as nossas escolhas.
Por outro lado...
... Diante de tanta indignação com a absolvição da viúva, será que não passa pela cabeça de ninguém que a filha do milionário, Renata Senna, também teria interesse na morte? Os demais familiares, os irmãos de Renné Sena, no caso; também não teriam interesse semelhante? Em termos de probabilidade baseadas no “eu acho” (como todos estão fazendo), a culpa não deveria ser dividida por igual entre os supostos suspeitos?
Entretanto, o fato de Adriana ser muito mais nova que Renné; e carregar a história de que teria sido garota de programa não se sabe onde, fez com que a sociedade – geralmente orientada pelo bom e velho falso moralismo – culpasse a viúva pelo crime e esquecesse as outras possibilidades.
Os membros do Júri, sete ao todo, podem até ter chegado ao Fórum, no último dia 28 de novembro, quando começou o julgamento de Adriana Almeida, loucos para condená-la. Ao perceber, porém, o terreno que estavam pisando, e a fragilidade das provas... Penso que eles se preocuparam em não fazer mais uma injustiça, que seria condenar alguém sem provas suficientes.
sábado, 3 de dezembro de 2011
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