Flávio Azevedo - Reflexões
Encontro no Facebook, uma foto muito bonita de Boa Esperança, 2º Distrito de Rio Bonito (foto 1)! A imagem foi capturada por Ana Carla Alves e mostra que o projeto Natal Bonito, uma excelente iniciativa da Prefeitura Municipal, também alcançou a localidade. Que os símbolos do Natal sejam canal de bênçãos para os nossos amigos de Boa Esperança e adjacências. Que eles tenham de fato um Ano Novo cheio de paz, alegria, Saúde, prosperidade e, sobretudo, OPORTUNIDADES!
Diante de alguns comentários e inquietações externadas por quem reside nesse pitoresco e aprazível, local, eu decidi fazer algumas reflexões sobre o 2º Distrito, onde eu também tenho raízes. Para quem não sabe, a minha saudosa avó, Isaura Araújo Braga, filha de Anísio Monteiro, era natural de Boa Esperança, o que me faz ter muito carinho pela localidade, onde ainda tenho muitos parentes.
Devo iniciar a minha reflexão sobre o 2º Distrito dizendo que esse trecho da nossa cidade é intrigante. Curiosamente, esse é o local apontado pelos analistas políticos como aquele que define as eleições municipais. Entretanto, é comum vermos os menos favorecidos (a maior parte) acompanhar o voto dos mais abastados. Por quê? Para quem não conhece, o local carece de investimentos que realmente ofereçam dignidade aos seus moradores. Por lá, as únicas alternativas de fonte de renda são os empregos (geralmente subempregos) oferecidos nas lanchonetes, cerâmicas e, antigamente, nos pavilhões de laranja (hoje, praticamente extintos).
Nessa praça que vemos na foto, do outro lado, na pista de decida da RJ – 124 (Via Lagos), a histórica casa, onde a princesa Isabel teria se hospedado, está escorada porque pode desabar a qualquer momento (foto 2). Se fosse revitalizada, o local poderia ser mais uma fonte de renda por conta dos muitos turistas que passam por lá em direção a Região dos Lagos ou vindo dela. Mas existe política de Turismo em Rio Bonito?
Junte-se a isso, o Complexo Agrícola Anísio Antunes Figueiredo Filho. Localizado na Prainha, o local poderia ser socorro importante para os lavradores e pequenos produtores rurais. Através de cooperativas e mecanismos dessa natureza, eles poderiam expor, nesse local, o que é produzido em suas propriedades (verduras, legumes, frutas, hortaliças, galinhas, ovos etc.). O alvo também seriam os turistas que passam por ali em busca da Região dos Lagos. Mas a pasta da Agricultura, como acontece com o Turismo, é risível e quase fictícia!
Dura realidade
Nos últimos anos, as obras de pavimentação, drenagem e saneamento foram muitas, sobretudo no Parque Andréa, que também ganhou o Ginásio Poliesportivo Satiro Narciso de Oliveira. Em Nova Cidade, outra localidade crítica do ponto de vista social, o município iniciou a construção de um ginásio, que será bem-vindo e elevará a auto-estima das pessoas. Todavia, embora sejam necessários, sozinhos esses investimentos não interferem no juízo de valor das pessoas, o que só é alcançado com Educação de qualidade; acesso a direitos básicos e emprego.
Nas localidades mais periféricas do 2º Distrito, o consumo de drogas lícitas e ilícitas se alastra de maneira incontrolável. A falta de opções de lazer e oportunidades de trabalho transforma o lugar em terra fértil para as drogas. A ociosidade e os episódios de violência são corriqueiros. Os muitos casos de gravidez na adolescência é outro fenômeno que sinaliza a existência de um desequilíbrio social acentuado que nunca foi atacado na sua essência!
Terra de excelentes jogadores de futebol – alguns conseguiram romper as barreiras da dificuldade e desigualdade para brilhar no futebol internacional –, a localidade seria o ponto ideal para abrigar um Centro de Treinamento profissional para transformar promissores jovens em profissionais da bola e/ou cidadãos. Mas quando eles são procurados, o que é oferecido é a oportunidade de fraudar a data de nascimento (gato) para alguém sem escrúpulos ganhar dinheiro fácil. Gente que se aproveita da desgraça alheia! Enquanto isso, Esperança e Castelo, tradicionais clubes do 2º Distrito, estão à míngua e entregues a própria sorte!
Enfim, se as famílias abastadas da localidade têm condições de recorrer ao Centro de Rio Bonito e outras cidades (Niterói e Rio de Janeiro) para suprir suas necessidades (o que teoricamente os fazem não demonstrar a devida preocupação com a miséria que existe ao lado); as famílias menos favorecidas, em sua maioria, não têm a iniciativa de mudar essa realidade. Ninguém pensa em ficar, lutar e mudar. A ideia é o “vou embora daqui”.
Certamente, isso acontece porque a expectativa de mudança de vida, sobretudo entre os mais humildes é imediatista. A esses não foi avisado e/ou ensinado que o evoluir economicamente só acontece em longo prazo. O imediatismo faz com que a maior parte dos adolescentes pobres ingresse nas fileiras do tráfico de drogas, onde o dinheiro aparece rápido, mas o vício consome o almejado lucro e transforma o sujeito num eterno refém da ilegalidade... Num soldado da marginalidade!
Diante disso, podemos ter uma “Esperança Boa” para o 2º Distrito? É claro que sim, mas precisamos nos mobilizar e movimentar para isso!
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
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